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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

SOBRE OBRAS E PALHAÇOS. 

Eu devia está contente pois o governo recuperou o trecho da MA 204 (entre o Valparaiso e o Rio Paciência), por onde passo todos os dias. Durante a reforma da via cansei de dizer que a obra estava sendo mal executada, como ninguém ligou, tiveram que refazer a obra, quase que simultaneamente a retirada da placa que informava sua realização. É isso mesmo, a obra foi refeita antes da inauguração. 

Igualmente emblemático é o caso da MA 014, que liga Pinheiro a Vitória do Mearim. Há dois anos passei por lá e estava em reforma. Essa semana soube que a reforma ainda prosseguia. Acontece  que antes de terminarem a obra já está precisando ser reformada por isso que a obra não acaba. Até parece o manto de Penélope. 

Esses são apenas  exemplos de como as obras estão sendo feitas no nosso estado. Trata-se do maior desperdício de recursos públicos de todos os tempos. Obras sendo feitas apenas  para a inauguração. Isso quando não faz vezes de inauguração as próprias ordens de serviço. Cansei de dizer, que o governo estava inaugurando \"ordens de serviço\". Outro dia um cidadão me alcançou para dizer que diversas obras que deveriam ser iniciadas, conforme o prometido, em abril, até hoje só colocaram a placa, obra mesmo ninguém viu. Citava como exemplo umas obras no bairro do COHATRAC/COHABIANO, município de São José de Ribamar. Até mostrou algumas fotos. 

Na época alertava que o governo não teria condições de executar todas as obras que estava anunciando pois faltaria mão de obra e insumos. Sem contar a própria falta de corpo técnico para fazer o acompanhamento destas obras. 

O resultado é a série de obras iniciadas que não serão concluídas até o fim do ano e que passarão a responsabilidade pela execução e pagamento para o próximo governante, ou seja, ficarão paralisadas, sendo consumidas pelo tempo até que o novo governo tome pé da situação. Outras, não iniciadas permanecerão assim até que o novo governo defina suas prioridades.

O primeiro problema, como causa e efeito é a falta de planejamento. Como o estado se tornou um feudo, as coisas vão sendo feitas ao talante do governante. Não há planejamento prévio e sem isso não há execução decente. 

Estivéssemos num estado onde as coisas não acontecessem ao acaso, se saberia tudo que o estado faria pelos próximos, dez, quinze ou vinte anos. Assim que deveria ser. Se planejar em dez para executar em um. Aqui não se perde tempo planejando é como consequência, não temos obras de qualidade ou com custos compatíveis. Na maioria das vezes as obras se iniciam sem projetos de engenharia detalhados, se sabendo tudo que vai se fazer e o custo de cada coisa. Passando pelas obras de duplicação da Estrada da Raposa, no Araçagy, fico com a impressão que cada dia mudam um pouco o traçado, dão curvas, etc. Neste caso específico talvez seja só impressão. Nos outros não.

O vício da falta ou de planejamento mal feito, contaminou o governo federal. Acho que todo mundo viu e ninguém se deu conta da gravidade das palavras do diretor do DENIT no Maranhão. A matéria era sobre a duplicação da BR 135, trecho entre Estreito dos Mosquitos e Bacabeira. Pois bem, o cidadão – que não lembro o nome e não faço questão –, disse, sem qualquer constrangimento, que a obra teria uma elevação de custos (vão pagar mais). Mas isso não é pior, apesar desta elevação de custos os serviços vão diminuir. Aproveitou para informar que o elevado que seria feito para o acesso a região do Munin e Lençóis, não mais existirá. Esse elevado é importantíssimo para obra pois permitirá que o tráfego na BR sentido capital/interior não seja afetado com o tráfego de veículos com destino ao Munin/Lençóis. 

Pois é, apesar de não mais existir o elevado as obras sofrerão um acréscimo. O que é isso? Falta de planejamento, falta de fiscalização, falta de vergonha. E ninguém diz nada. Não vi ainda nenhuma das autoridades do estado protestar contra a supressão do elevado do projeto. Até parece que não dimensionam os problemas que sua falta ocasionará. O fluxo de veículos é cada vez maior e vai se rivalizar contra o outro grande volume de tráfego da via principal.

Como é que vão suprimir um elevado e a obra ainda sofrerá um aumento? E vai ficando o dito pelo não dito como se os recursos dos contribuinte fosse capim ou florescesse  em árvores. 

Aliás, a supressão do elevado é mais uma a comprovar que a balela da refinaria ficou mesmo para o futuro distante, muito distante… Se se pensassem nela, se estivessem nos planos, jamais se dispensaria o elevado de acesso. 

O desacerto do governo federal com relação a duplicação é, como se diz, \"café pequeno\" se comparado a lambança do governo com relação a própria refinaria premium do Maranhão. Nunca tantas autoridades da República se uniram para enganar um povo quanto na história da refinaria que já consumiu quase dois bilhões e não tem data de conclusão certa ou mesmo se será concluída. A única coisa  certa é que o dinheiro sumiu no ralo.

O que aconteceu ali? Simples, era mais uma obra sem projeto, sem estudo prévio consistente. Num dia os donos do poder se reuniram e resolveram \"dá uma força\" para as campanhas de presidente e do governo e montaram o circo com direito a inauguração de pedra fundamental, discurso megalomaníaco  e tudo mais.  Neste circo, o palhaço foi o povo maranhense, todo o povo que acreditou num futuro melhor e não desconfiou que estava em curso um estelionato eleitoral. 

Voltando a nossa sofrida realidade de obras mal executadas – que se desmancham antes de pronta –, além da falta de planejamento está a falta de fiscalização. Não é crível que se os técnicos estejam fiscalizando a execução das obras elas se desmanchem antes de inauguradas. 

As notícias dão conta de outra coisa, que os técnicos do DER sumiram das obras ninguém mais faz o acompanhamento geoténico e geométrico ou seja não tem mais topógrafos ou técnicos em laboratórios por parte do contratante. O corpo técnico se tornou fiscal de obras prontas.

Será que esperam que o empreiteiros façam isso?

O resultado é o que vemos: Obras que não suportam dois invernos, as vezes nenhum. Obras que não acabam nunca como a MA 014 e tantas outras, e obras que se desmancham antes de inauguradas. Ao contribuinte, esse tolo que não se cansa de pagar impostos, sobra um título. O título de palhaço oficial do Brasil.

 

Abdon Marinho é advogado.