AbdonMarinho - SARNEY RECICLA BURACOS DE EDIVALDO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

SAR­NEY RECI­CLA BURA­COS DE EDIVALDO.

SARNEY RECI­CLA BURA­COS DE EDIVALDO.

Ao rece­ber a edição do jor­nal O Estado do Maran­hão do dia 23 de novem­bro de 2014, deparo-​me com a col­una do Sar­ney, lá o artigo, em matéria de capa “Sua Excelên­cia, o buraco”. Ini­cial­mente pen­sei tratar-​se de um equívoco, o mesmo texto já fora pub­li­cado no mesmo matutino em 02 de junho de 2013. Nas pági­nas inter­nas do jor­nal – nem no dia seguinte –, nen­huma infor­mação que se tra­tou de uma repub­li­cação “a pedido”, ou que senador esque­cera de man­dar a matéria e resolveram por repub­licar ou que o senador resolveu, mesmo, reci­clar o assunto dos bura­cos da cap­i­tal e fazer uma com­para­ção como as \«auto­bahn\» alemãs.

Aqui, registre-​se, não se ques­tiona o dire­ito ou fac­ul­dade, tanto do autor quando do jor­nal em repub­licar um texto. Qual­quer texto. Entre­tanto, não fica bem, nem para um nem para o outro que façam isso sem dá ciên­cia ao leitor. Se o jor­nal ou o autor, por qual­quer con­veniên­cia, resolve repub­licar um texto, devem, humilde­mente, por questão de respeito aos leitores e assi­nantes do jor­nal, reg­is­trarem que estão fazendo isso. Uma not­inha de roda-​pé não custa tanto. O que fica feio é tanto um quanto outro reci­clar um texto e o apre­sen­tar como se fosse novo. Ao agirem assim, acabam por ino­var em mais um que­sito: o plá­gio de si mesmo..

Lem­bro que por ocasião do artigo do senador em 02 de junho de 2013, escrevi um texto expli­cando que o buraco era mais embaixo. O título do texto é jus­ta­mente este: “O buraco é mais embaixo” e encontra-​se à dis­posição de quem quiser consultar.

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Essa a primeira con­sid­er­ação sobre o assunto.

Quanto a segunda parte, sobre os bura­cos pro­pri­a­mente ditos, como reg­istra­dos naquela outra opor­tu­nidade, o senador como cidadão brasileiro – em que pese ser domi­cil­i­ado no Amapá – tem todo o dire­ito de criticar. Talvez até tenha mais razão agora quando a atual gestão munic­i­pal encontra-​se prestes a com­ple­tar dois anos de mandato do que naquela época em que o gestor mal com­ple­tara seis meses.

Assim como naquela opor­tu­nidade, reg­istro que a cidade está mal­tratada. Esse desamor pela cidade não vem de hoje. São Luís foi crescendo sem qual­quer plane­ja­mento, sem que o poder público tivesse demon­strado capaci­dade resolver os prob­le­mas que afligem a pop­u­lação. A ocu­pação des­or­de­nada da cidade alastrou-​se por todos os bair­ros, invadindo, inclu­sive os espaços públicos.

Se o prefeito atual tem sua parcela de culpa – e tem –, o gov­erno do estado, dirigido pela filha do senador Sar­ney, tam­bém não é esse poço de inocên­cia. Grande parte das obras públi­cas prometi­das para a cap­i­tal estão pela metade e não serão entregues no tempo que falta para o encer­ra­mento do mandato. Duas delas, sequer pas­saram do plano das intenções, a Trans­met­ro­pol­i­tana e uma nova ponte sobre o Rio Anil. Out­ras duas, a Via Expressa e IV Cen­tenário, se entregues, estarão longe de resolver ou ao menos mino­rar nosso grave prob­lema de mobil­i­dade urbana. Uma outra, a dupli­cação da Avenida dos Holan­deses no Araçagy, em que pese cada quilometro cus­tar 10 mil­hões, o que falta de pista de rola­mento sobra em postes, para a ale­gria do feliz fornecedor.

Sobre os bura­cos do Maran­hão, além dos que exis­tem em sen­tido fig­u­rado: o buraco da edu­cação, da saúde, do desen­volvi­mento, do IDH, exis­tem os bura­cos reais, das rodovias estad­u­ais. Não passa um dia sem que ouçamos nos pro­gra­mas de rádios, denún­cias sobre as pés­si­mas condições das rodovias estad­u­ais. Uma das prin­ci­pais rodovias da baix­ada maran­hense, a MA 014, no tre­cho Vitória do Mearim — Pin­heiro, está em reforma desde sem­pre. Trata-​se uma reforma tão mal feita que mais parece o manto da Pené­lope, aquele que era feito durante o dia e des­man­chado durante a noite, con­forme nos narra os clás­si­cos gre­gos. As out­ras não têm mel­hor sorte, os bura­cos não são exceções, antes fosse.

No intento de con­quis­tar uma vitória nas urnas, no último pleito, o gov­erno prom­e­teu interli­gar as sedes de todos os municí­pios por rodovias asfal­tadas. Não fiz­eram e não farão todas. E as que fiz­eram – falei sobre isso inúmeras vezes – não pas­saram de obras amado­ras, obras sem base, que não resi­s­ti­ram mais que dois inver­nos. Algu­mas, não tenho dúvi­das, pré­cisão de reparos já no primeiro.

A con­statação sobre os bura­cos nas vias da cidade feita pelo senador Sar­ney, em com­para­ção as vias alemãs ou de qual­quer outro país, me faz pen­sar no quanto é des­perdiçado recur­sos públi­cos no nosso estado.

Na ver­dade, a justa cobrança do senador, pode ser apli­cada, até com mais justiça ao gov­erno de sua filha. As estradas do Maran­hão, muitas das quais feitas por ela, ficam devendo, em muito, até as estradas do Piauí. Não são pou­cas as pes­soas do leste do estado que tendo que se deslo­car entre dois municí­pios maran­henses, pre­fi­ram fazer o per­curso usando as rodovias piauienses. estando as nos­sas vias há anos-​luz das “auto­bahn\» alemãs se servem das “autopi”, não podem mesmo é usarem, a menos que suportem o sac­ri­fí­cio, as vias estaduais.

Abdon Mar­inho é advogado.