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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

SARNEY RECICLA BURACOS DE EDIVALDO.

Ao receber a edição do jornal O Estado do Maranhão do dia 23 de novembro de 2014, deparo-me com a coluna do Sarney, lá o artigo, em matéria de capa “Sua Excelência, o buraco”. Inicialmente pensei tratar-se de um equívoco, o mesmo texto já fora publicado no mesmo matutino em 02 de junho de 2013. Nas páginas internas do jornal – nem no dia seguinte –, nenhuma informação que se tratou de uma republicação “a pedido”, ou que senador esquecera de mandar a matéria e resolveram por republicar ou que o senador resolveu, mesmo, reciclar o assunto dos buracos da capital e fazer uma comparação como as \"autobahn\" alemãs. 

Aqui, registre-se, não se questiona o direito ou faculdade, tanto do autor quando do jornal em republicar um texto. Qualquer texto. Entretanto, não fica bem, nem para um nem para o outro que façam isso sem dá ciência ao leitor. Se o jornal ou o autor, por qualquer conveniência, resolve republicar um texto, devem, humildemente, por questão de respeito aos leitores e assinantes do jornal, registrarem que estão fazendo isso. Uma notinha de roda-pé não custa tanto. O que fica feio é tanto um quanto outro reciclar um texto e o apresentar como se fosse novo. Ao agirem assim, acabam por inovar em mais um quesito: o plágio de si mesmo.. 

Lembro que por ocasião do artigo do senador em 02 de junho de 2013, escrevi um texto explicando que o buraco era mais embaixo.  O título do texto é justamente este: “O buraco é mais embaixo” e encontra-se à disposição de quem quiser consultar.

 

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Essa a primeira consideração sobre o assunto.

Quanto a segunda parte, sobre os buracos propriamente ditos, como registrados naquela outra oportunidade, o senador como cidadão brasileiro – em que pese ser domiciliado no Amapá – tem todo o direito de criticar.  Talvez até tenha mais razão agora quando a atual gestão municipal encontra-se prestes a completar dois anos de mandato do que naquela época em que o gestor mal completara seis meses. 

Assim como naquela oportunidade, registro que a cidade está maltratada. Esse desamor pela cidade não vem de hoje. São Luís foi crescendo sem qualquer planejamento, sem que o poder público tivesse demonstrado capacidade resolver os problemas que afligem a população. A ocupação desordenada da cidade alastrou-se por todos os bairros, invadindo, inclusive os espaços públicos. 

Se o prefeito atual tem sua parcela de culpa – e tem –, o governo do estado, dirigido pela filha do senador Sarney, também não é esse poço de inocência. Grande parte das obras públicas prometidas para a capital estão pela metade e não serão entregues no tempo que falta para o encerramento do mandato.  Duas delas, sequer passaram do plano das intenções, a Transmetropolitana e uma nova ponte sobre o Rio Anil. Outras duas, a Via Expressa e IV Centenário, se entregues, estarão longe de resolver ou ao menos minorar nosso grave problema de mobilidade urbana. Uma outra, a duplicação da Avenida dos Holandeses no Araçagy, em que pese cada quilometro custar 10 milhões, o que falta de pista de rolamento sobra em postes, para a alegria do feliz fornecedor.

Sobre os buracos do Maranhão, além dos que existem em sentido figurado: o buraco da educação, da saúde, do desenvolvimento, do IDH, existem os buracos reais, das rodovias estaduais. Não passa um dia sem que ouçamos nos programas de rádios, denúncias sobre as péssimas condições das rodovias estaduais. Uma das principais rodovias da baixada maranhense, a MA 014, no trecho Vitória do Mearim - Pinheiro, está em reforma desde sempre. Trata-se uma reforma tão mal feita que mais parece o manto da Penélope, aquele que era feito durante o dia e desmanchado durante a noite, conforme nos narra os clássicos gregos. As outras não têm melhor sorte, os buracos não são exceções, antes fosse.

No intento de conquistar uma vitória nas urnas, no último pleito, o governo prometeu  interligar as sedes de todos os municípios por rodovias asfaltadas. Não fizeram e não farão todas. E as que fizeram – falei sobre isso inúmeras vezes – não passaram de obras amadoras, obras sem base, que não resistiram mais que dois invernos. Algumas, não tenho dúvidas, precisão de reparos já no primeiro. 

A constatação sobre os buracos nas vias da cidade feita pelo senador Sarney, em comparação as vias alemãs ou de qualquer outro país, me faz pensar no quanto é desperdiçado recursos públicos no nosso estado.

Na verdade, a justa cobrança do senador, pode ser aplicada, até com mais justiça ao governo de sua filha. As estradas do Maranhão, muitas das quais feitas por ela, ficam devendo, em muito, até as estradas do Piauí. Não são poucas as pessoas do leste do estado que tendo que se deslocar entre dois municípios maranhenses, prefiram fazer o percurso usando as rodovias piauienses. estando as nossas vias há anos-luz das “autobahn\" alemãs se servem das “autopi”, não podem mesmo é usarem, a menos que suportem o sacrifício,  as vias estaduais.

Abdon Marinho é advogado.