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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

MISSÃO: ENXUGAR GELO.
Afirmo, sem medo de errar, que se ensaiassem não representariam tão bem. O roteiro nos últimos tempos é o seguinte: a equipe de TV, o jornal ou mesmo um blogue, denuncia um problema de responsabilidade do estado ou do município existente há dias, às vezes meses, ouvem as autoridades competentes e a resposta é a mesma que serve para tudo, que já sabiam do problema é que mesmo será solucionado na próxima semana, nos próximos dias, nas próximas horas. Dito isso, denunciantes e denunciados se dão por satisfeitos até uma nova denúncia é um novo esclarecimento, que é o mesmo apenas trocando a situação.
A primeira pergunta que vem a mente é por que não resolveram antes? Só resolvem os problemas da cidade, da administração, após os mesmos viraram manchete de jornal?
Por esses dias vi uma situação que logo em seguida virou notícia. Fui à UFMA e constatei que as pistas do Anel Viário na Areinha apresentavam diversos buracos e que a película asfáltica cedera em vários pontos. À noite, foi batata, lá estava o assunto como manchete do jornal da TV Mirante e a Secretaria de Obras respondendo à imprensa, não à patuleia, que resolverão o problema nos próximos dias.
No caso, não temos sequer que indagar o por quê de não tê-lo solucionado antes e apenas depois de denunciado para o inteiro. Devemos indagar é a razão de uma obra que mal foi inaugurada ( se é que foi) já apresentar pontos com o asfalto estourado e com diversas crateras. Não faz sentido que isso ocorra, o asfalto é novo, a intervenção nas vias, acredito, nem foi totalmente concluída, ainda assim, terão que, novamente, interromper o tráfego, perturbar o sossego dos cidadãos para corrigir uma obra pública que foi mal feita, cujo dinheiro investido virou lama.
O alcaide não pode querer que a população lhe mande flores diante de uma situação dessas.
O cidadão ficou até o fim de maio trabalhando só para pagar impostos para ver seu imposto ir nas chuvas do primeiro inverno e ser incomodado infinitas vezes pelos reparos consertos exigidos pela obra. Isso não é correto, não é justo com os cidadãos. Ainda mais quando sabemos que teremos que pagar mais de uma vez pelo serviço e que os responsáveis, secretários, empreiteiros, fiscais, e tantos mais mais quantos forem os culpados, sequer sejam chamados à atenção, levem um puxão de orelha, sofram uma descompostura pública ou sejam demitidos. Será que o prefeito pergunta ao secretário a razão da obra que acabou de fazer seja manchete nos jornais?
Embora pareça normal –já vimos isso à exaustão –, obras públicas não são feitas para serem reparadas a cada mês, a cada inverno, a cada ano, são – ao menos deveriam ser – feitas para durarem vinte, trinta anos ou mais. Chega às raias do absurdo que obras públicas sejam reformadas antes de serem inauguradas, como parece ser o caso da obra do Anel Viário, como é o caso da duplicação da Avenida dos Holandeses, como é o caso da Via Expressa, IV Centenário, e tantas outras sob a responsabilidade do município ou do governo estadual.
Outro dia um amigo me contou – acho que também saiu na televisão – o suplício que é para os pacientes, cidadãos comuns ou servidores, chegarem à Unidade de Saúde do São Bernardo, tantos são os buracos que existem nas duas vias de acesso. Disse que o paciente corre risco de morrer com os solavancos ou de não chegar a tempo caso exija uma intervenção rápida. Esse amigo, como cidadão comum, que não necessita dos serviços daquela unidade, se sente revoltado com o tratamento que o poder público dispensa aos pacientes. Mas revoltante, segundo ele, porque fizeram um trabalho nas vias, tão mal feito, que já foi embora nas chuvas, ressurgindo os velhos e novos buracos, inclusive na porta da unidade obrigando, pacientes e servidores a entrarem por um buraco que foi feito no muro.
Vamos combinar que não tem cabimento que isso ocorra na capital do estado. Nem em lugar nenhum.
Lembro que outro dia um jornal local divulgou matéria mostrando diversas crateras no centro da cidade, Centro Histórico, inclusive, o patrimônio da humanidade. Como noutros casos estavam lá há semanas, quiçá meses. Sobre um, na rua da Mangueira, perguntei a um amigo – que passou na via e o verificou in loco, como engenheiro –, se o problema era de difícil solução. Respondeu-me que era serviço que levaria, no máximo, três horas para ser concluído, o tempo de chegar com um caminhão de areia, consertar o cano, tapar o buraco com areia e repor os paralelepípedos. Não tem sentido que um serviço que não levaria três horas para ser feito, leve semanas, meses e só seja feito após a imprensa "dá em cima".
Nenhuma administração pode ter êxito se os encarregados de resolver os problemas só agem se instigados ou, pior, se só tomam conhecimento dos assuntos de suas responsabilidades pela imprensa.
Vez por outra vejo, nos meios de comunicação, o alcaide da capital visitando uma ou outra obra, se não for tarde (acho que já perdeu muito tempo), recomendo que se mire no exemplo de outros prefeitos que tiveram sucesso em suas gestões, um bom exemplo foi o ex-prefeito de Teresina, Wall Ferraz, dirigiu aquela capital por três oportunidades, quando faleceu a população formou filas quilométricas para ver seu esquife.
A influência de sua gestão fez-se sentir até em Timon, no lado de cá do Rio Parnaíba.
Um antigo auxiliar contou-me, que ele, como prefeito, pouco parava no gabinete, passava os dias percorrendo a cidade, visitando os órgãos, acompanhando o trabalho nas secretarias. Usando um bloquinho de notas, ia anotando tudo de errado ou malfeitos que encontrava. Nas reuniões com os secretários, passava ao responsável o que tinha visto e dava-lhe um prazo para a solução do caso. Vencido o prazo cobrava.
O gestor precisa conhecer a cidade, viver os problemas dos cidadãos. Não adianta aparecer nos locais que está fazendo algo e ignorar as demais aflições do povo. Tem que saber o que se passa em cada secretaria, chegar sem ser anunciado, sem séquito de aduladores, para ver como as coisas funcionam no dia a dia; visitar, sem aviso, escolas, postos de saúdes, feiras, mercados, obras. Visitar as ruas dos bairros, andar na periferia. Verificar se os prestadores de serviço estão, de fato, fazendo um bom trabalho ou se estão comendo o nosso dinheiro, aquele que o gestor prometeu cuidar com zelo.
Se os olhos muitas vezes nos enganam, mais enganado está o que se deixa guiar apenas pelo que ouve.
O prefeito tem que conhecer a realidade da cidade com seus próprios olhos e não se deixar enganar pelos ouvidos, com as desculpas esfarrapadas de auxiliares descomprometidos, incompetentes e muitas vezes corruptos, que se mantém nos cargos graças ao talento para bajular e vender facilidades.
Abdon Marinho é advogado.