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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho


SALVEMOS DEUS DO INFERNO ELEITORAL.

Por Abdon C. Marinho.

— Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me uma moeda de tributo. Trouxeram-lhe um denário. 

Ele perguntou: — De quem é esta efígie e inscrição?

Responderam: — De César. 

Então lhes disse Jesus: — Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. 

A frase acima, que, com alguma variação consta de três evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) – aqui usamos o de Mateus –, e narra a tentativa de fariseus em tentar apanhar Jesus Cristo em alguma “falta” ou impor-lhe a pecha de insurgentes. 

Narra o evangelho: “Então os fariseus se retiraram e consultaram como apanhariam a Jesus em alguma palavra. Enviaram os seus discípulos, juntamente com os herodianos, a perguntar: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e não se te dá de ninguém, porque não te deixas levar de respeitos humanos; dize-nos, pois, qual é o teu parecer; é lícito ou não pagar o tributo a César?”.

Mas Cristo percebendo a malícia os admoestou, chamando-os de hipócritas e perguntando porque o experimentavam. 

Em um outro episódio, de todos conhecido, e narrado nos quatro evangelhos canônicos do Novo Testamento, Jesus viaja a Jerusalém para a Páscoa e lá chegando encontra o Templo tomado por cambistas e vendilhões. 

Neste episódio, o único que se tem notícia de Cristo usando a força física, Ele os expulsa, acusando-os de tornar o local sagrado em uma cova de ladrões através de suas atividades comerciais. 

No Evangelho de João, Jesus se refere ao Templo como “casa de meu Pai”. 

Neste feriado dedicado a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, enquanto revia tais narrativas bíblicas, pus-me a pensar em quantos falsos cristãos nos cercam e tentam perverter os ensinamentos de Cristo Jesus para tentar colher dividendos políticos eleitorais. 

Políticos que, pela manhã estão na igreja católica, a tarde no templo evangélico e à noite nos terreiros de alguma religião de matriz africana.

Não nos iludamos, estes não possuem qualquer fé ou respeito pela fé alheia, apenas tentam, usando a fé dos outros tirar proveito mesquinho. 

São os vendilhões do templo, que no princípio, o próprio Cristo, expulsou da Casa do Pai. 

Novamente, não nos iludamos, estes não são os piores, muito embora anti-Cristo, piores do que eles são aqueles que de dentro do Templo negociam a fé dos seus irmãos e liderados. Para estes não haverá qualquer salvação.

Ora, foi o próprio Jesus Cristo que separou a igreja da política. 

Ao dizer: “a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, o Deus-vivo deixava claro que os assuntos mundanos (a política) não deveriam caminhar juntos aos assuntos da fé. 

O que é de César é de César – o dinheiro, o poder, a política –,  o que é de Deus é de Deus – a fé, a salvação da alma. 

Imaginem que Jesus Cristo, no único episódio que nos narra a Bíblia em que apelou a violência física, foi para expulsar os vendilhões do templo. Daí percebemos a sua enorme contrariedade com a utilização da “Casa do seu Pai” para outros assuntos que não fossem os assuntos de Deus. 

E o que assistimos hoje? Falsos cristãos entregando “as chaves dos templos” aos anti-Cristo; os púlpitos das igrejas transformados em palanques eleitorais; os fiéis e obreiros das igrejas convertidos em cabos eleitorais, em busca de votos como os coletores de impostos de César invadiam as casas das pessoas em busca dos seus denários. 

Não vejo os “bons cristãos” irem às casas levar a Palavra ou cuidar dos assuntos de Deus. Estão indo, sim, buscar os denários (votos), cuidando dos assuntos de César (dos políticos).

Que salvação terá aquele que se prevalece da sua autoridade religiosa para perverter de tal maneira os ensinamentos de Cristo? 

Que salvação terão aqueles que “venderam” os templos e os rebanhos de Deus como os cordeiros para o sacrifício?

Li ou vi em algum lugar que aos fiéis tem sido negado acesso aos templos por estes vestirem roupas em cores atribuídas a esta ou aquela facção política. 

Mas Cristo fez tal distinção entre os fiéis? Certamente que não. Na Casa do seu Pai sempre teve lugar e acolhimento para todos os que buscaram a salvação. 

Imaginem Cristo negando a cura ou a salvação a alguém por que este vestia um manto vermelho, azul ou amarelo. 

Não faz sentido. Não faz nenhum sentido. 

Então como podem se dizerem cristãos se negam acesso aos templos aos fiéis pelas cores de seus trajes? Se utilizam os fiéis não para aumentarem o rebanho do Senhor ou salvar-lhes as almas, mas para funcionarem como coletores de César?

Como podem usar fiéis como coletores de impostos de César? Como podem usar os templos em negociatas de corrupção? Como podem vender a Palavra e dizerem que falam em nome de Deus? 

Se desafiam a fé e os ensinamentos de Cristo, como podem dizer que falam em seu nome?

Na verdade são falsos profetas, ignorantes dos ensinamentos de Cristo e seguidores de falsos Messias dos quais nos alertou a própria Bíblia. 

Os verdadeiros cristãos precisam ficar atentos aos que dizem falar em nome de Deus e aqueles que efetivamente seguem o professam os ensinamentos de Cristo Jesus. 

Aos verdadeiros cristãos não é dado o direito de omissão diante de tamanhas blasfêmias.

E foi o próprio Jesus que nos alertou: — Pois muitos são chamados, mas poucos escolhidos.

No Dia todos serão chamados a prestarem contas dos seus atos.

Essa a certeza que nos orienta a nossa fé.

Até lá, salvemos Deus do inferno eleitoral. 

Abdon C. Marinho é advogado.