AbdonMarinho - Mais tentativas e novas esperanças: A 'ELA' não é fácil
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Mais ten­ta­ti­vas e novas esper­anças: A “ELA» não é fácil

Mais ten­ta­ti­vas e novas esper­anças: A “ELA» não é fácil

Por Chico Leitoa.

Ao lidar­mos com a lit­er­atura da escle­rose lat­eral amiotró­fica ( ELA ) doença degen­er­a­tiva que afeta as célu­las do neurônio motor, da qual dona Beta é acometida, tomamos a decisão de desafi­ar­mos a situ­ação asso­ciando Ciên­cia e religião, sendo que por tudo que bus­camos, a con­clusão é única: esta­mos nas mãos de Deus. Como ele mesmo disse: faz por ti que ti aju­darei, fomos à luta. E esta­mos desafiando as estatís­ti­cas pois elas apon­tam que os por­ta­dores de ELA ( uma a cada 100 mil pes­soas no mundo ) em geral mor­rem num tempo de dois a cinco anos. Os raros casos que resistem, vão para o imo­bil­ismo, traque­oto­mia, colosto­mia etc. e pas­sam a movi­men­tar ape­nas com os olhos… dependên­cia total !

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Pois bem, 10 anos e meio depois da primeira man­i­fes­tação da doença, Beta ainda con­segue deg­lu­tir mesmo com alguns engas­gos, se loco­mover, mesmo com difi­cul­dades, peque­nas dis­tân­cias, com ajuda do andador, já tendo que usar apar­elho que ajuda na res­pi­ração na hora de dormir, com ajuda de Deus esta­mos enfrentando o grande desafio.

De 0510 a 08/​10, cump­ri­mos mais uma etapa dessa grande batalha. Domingo 0610 pela quarta vez fomos à missa da cura, na Igreja de Pai Santo em Santo Amaro, com Padre Eugênio Maria. 0710 as 13 h uma avali­ação com testes de respirome­tria com a espe­cial­ista em fisioter­apia de doenças do neurônio motor, Dra Celiana.

De 14:30 as 16 h, uma min­u­ciosa con­sulta com Dr Pedroso. No final, ape­nas uma pre­ocu­pação, a neces­si­dade do uso mais intenso do bipap e uma med­icação especí­fica para for­t­ale­cer os mús­cu­los do pul­mão. Mas no geral, a doença não evoluiu, ou evoluiu muito lenta­mente, o que já é um milagre.

Além da mara­tona de médi­cos, fisioter­apeu­tas, fonoaudiól­o­gos, nutri­cionistas e vez por outra, espe­cial­is­tas, dona Beta, há um mês, dois dias na sem­ana, prat­ica hidroginás­tica com leves exer­cí­cios, o que com certeza trarão efeitos positivos.

No campo da ciên­cia, pou­cas novi­dades, ape­nas a esper­ança nos avanços do oligonu­cleotídeo, já com efeitos pos­i­tivos nos por­ta­dores de ELA, que tiveram origem genética, ( menos de 5 % dos casos ) infe­liz­mente não é o caso de Beta.

Nossa con­sulta coin­cidiu com o momento em que rodava fre­neti­ca­mente na inter­net, um vídeo sobre um suposto trata­mento da doença, a par­tir da indução de pro­teí­nas através de choque térmico.

Claro que é algo que faz nascer uma esper­ança, porém, sobre o assunto, a Asso­ci­ação Brasileira dos por­ta­dores de ELA, ABRELA, emi­tiu a seguinte nota:

Não exis­tem dados disponíveis na lit­er­atura vigente, com­pro­vando que tal abor­dagem possa, reverter ou mesmo aten­uar os danos provo­ca­dos pela ELA».

Dr Marco Orsini ressalta que a fisiopa­tolo­gia das doenças citadas no vídeo ( ELA, alzheimer e parkin­son ) é com­ple­ta­mente difer­ente. Sendo assim, como seria pos­sível o mesmo trata­mento abar­car todas as doenças degen­er­a­ti­vas ? Não podemos tirar a esper­ança dos pacientes, mas não podemos dar infor­mações pre­cip­i­tadas que pos­sam prej­u­dicar os trata­men­tos atuais.

Em relação ao vídeo apre­sen­tado, esclare­ce­mos que toda pesquisa em ELA, é bem vinda. Real­mente o estudo da indução de pro­teína por choque tér­mico tem aberto novas per­spec­ti­vas de entendi­mento e de trata­mento. Entre­tanto, até o momento, o que foi apre­sen­tado não preenche os req­ui­si­tos mín­i­mos para que o pro­ced­i­mento seja con­sid­er­ado terapêutico.

Quanto à mel­ho­ria relatada na paciente com transtorno de movi­mento, qual era seu diag­nós­tico ? Emb­ora, com vídeo curto, o transtorno de movi­mento mais parece está rela­cionado a com­pro­me­ti­mento fun­cional, e não orgânico.

Dr Acary de Sousa Bulle de Oliveira, alerta para o fato de que pre­cisamos anal­isar as infor­mações com parcimô­nia, sem prom­e­ter algo baseado em inter­ro­gações, mas tam­bém sem reti­rar esperanças.

Neste mesmo sen­tido, em pesquisa pub­li­cada recen­te­mente, os autores ( Lyon e Mil­liban, 2019 ) con­cluem que é necessário com­preen­der mel­hor os mecan­is­mos intra e extra celu­lares envolvi­dos nesta Téc­nica, antes que esse trata­mento possa ser usado com efi­ciên­cia em um ambi­ente clínico. ABrELA — Asso­ci­ação Brasileira de Escle­rose Lat­eral Amiotró­fica. ( da qual somos sócios)

Claro que fomos e esta­mos ten­ta­dos a fazer essa ten­ta­tiva. Porém, esta­mos cautelosos, pois nos­sos médi­cos que fazem parte de um grupo seleto de estu­diosos do assunto, assim recomen­dam e aler­tam para even­tu­ais consequências.

De dezem­bro de 2019 a janeiro de 2020, dona Beta esteve por duas ocasiões, 20 dias inter­nada no hos­pi­tal da Unimed, por prob­le­mas renais, decor­rentes de infecção urinária, que exigiu o implante de um duplo jota ( espé­cie de cateter ), que aux­il­iou na recu­per­ação do rim. Na primeira ocasião, foram oito dias de inter­nação, de retorno, Pas­samos da noite de Natal e ano novo no hos­pi­tal, de 2512 a 0601. Cuidado redo­brado, Deusa, min­has irmãs Célia e Orcelia, min­has Sobrinhas/​Filhas e minha cun­hada Cristina se revezam nas noites durante a sem­ana aux­il­iando dona Beta e nós con­tin­u­amos otimistas.

Vamos con­tin­uar enfrentando, cuidando de dona Beta com todo o car­inho e pedindo sem­pre ao Espírito Santo, que nos con­ceda o cam­inho da cura. E vamos con­seguir ape­sar da ELA não ser fácil.

OBSER­VAÇÃO:

Atu­al­izada em janeiro de 2020

Em março de 2023, já serão 14 anos dos primeiros sin­tomas e pelas mãos de Deus con­tin­u­amos desafiando a ELA. Dona Beta é de uma per­se­ver­ança impres­sio­n­ante e con­tin­u­amos tendo esper­ança de que com o avanço da ciên­cia e com as Bençãos vin­das do Céu., pos­samos ter sua saúde pelo menos melhorada.

Chico Leitoa é engen­heiro civil.

P.S. D. Beta e Chico Leitoa em dois momen­tos: no ano 2002, na minha casa, e mais recente em 2022.