AbdonMarinho - SOBRE OBRAS E PALHAÇOS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

SOBRE OBRAS E PALHAÇOS.

SOBRE OBRAS E PALHAÇOS.

Eu devia está con­tente pois o gov­erno recu­perou o tre­cho da MA 204 (entre o Val­paraiso e o Rio Paciên­cia), por onde passo todos os dias. Durante a reforma da via can­sei de dizer que a obra estava sendo mal exe­cu­tada, como ninguém ligou, tiveram que refazer a obra, quase que simul­tane­a­mente a reti­rada da placa que infor­mava sua real­iza­ção. É isso mesmo, a obra foi refeita antes da inauguração.

Igual­mente emblemático é o caso da MA 014, que liga Pin­heiro a Vitória do Mearim. Há dois anos pas­sei por lá e estava em reforma. Essa sem­ana soube que a reforma ainda prosseguia. Acon­tece que antes de ter­minarem a obra já está pre­cisando ser refor­mada por isso que a obra não acaba. Até parece o manto de Penélope.

Esses são ape­nas exem­p­los de como as obras estão sendo feitas no nosso estado. Trata-​se do maior des­perdí­cio de recur­sos públi­cos de todos os tem­pos. Obras sendo feitas ape­nas para a inau­gu­ração. Isso quando não faz vezes de inau­gu­ração as próprias ordens de serviço. Can­sei de dizer, que o gov­erno estava inau­gu­rando \«ordens de serviço\». Outro dia um cidadão me alcançou para dizer que diver­sas obras que dev­e­riam ser ini­ci­adas, con­forme o prometido, em abril, até hoje só colo­caram a placa, obra mesmo ninguém viu. Citava como exem­plo umas obras no bairro do COHATRAC/​COHABIANO, municí­pio de São José de Riba­mar. Até mostrou algu­mas fotos.

Na época aler­tava que o gov­erno não teria condições de exe­cu­tar todas as obras que estava anun­ciando pois fal­taria mão de obra e insumos. Sem con­tar a própria falta de corpo téc­nico para fazer o acom­pan­hamento destas obras.

O resul­tado é a série de obras ini­ci­adas que não serão con­cluí­das até o fim do ano e que pas­sarão a respon­s­abil­i­dade pela exe­cução e paga­mento para o próx­imo gov­er­nante, ou seja, ficarão par­al­isadas, sendo con­sum­i­das pelo tempo até que o novo gov­erno tome pé da situ­ação. Out­ras, não ini­ci­adas per­manecerão assim até que o novo gov­erno defina suas prioridades.

O primeiro prob­lema, como causa e efeito é a falta de plane­ja­mento. Como o estado se tornou um feudo, as coisas vão sendo feitas ao talante do gov­er­nante. Não há plane­ja­mento prévio e sem isso não há exe­cução decente.

Estivésse­mos num estado onde as coisas não acon­te­cessem ao acaso, se saberia tudo que o estado faria pelos próx­i­mos, dez, quinze ou vinte anos. Assim que dev­e­ria ser. Se plane­jar em dez para exe­cu­tar em um. Aqui não se perde tempo plane­jando é como con­se­quên­cia, não temos obras de qual­i­dade ou com cus­tos com­patíveis. Na maio­ria das vezes as obras se ini­ciam sem pro­je­tos de engen­haria detal­ha­dos, se sabendo tudo que vai se fazer e o custo de cada coisa. Pas­sando pelas obras de dupli­cação da Estrada da Raposa, no Araçagy, fico com a impressão que cada dia mudam um pouco o traçado, dão cur­vas, etc. Neste caso especí­fico talvez seja só impressão. Nos out­ros não.

O vício da falta ou de plane­ja­mento mal feito, con­t­a­minou o gov­erno fed­eral. Acho que todo mundo viu e ninguém se deu conta da gravi­dade das palavras do dire­tor do DENIT no Maran­hão. A matéria era sobre a dupli­cação da BR 135, tre­cho entre Estre­ito dos Mos­qui­tos e Bacabeira. Pois bem, o cidadão – que não lem­bro o nome e não faço questão –, disse, sem qual­quer con­strang­i­mento, que a obra teria uma ele­vação de cus­tos (vão pagar mais). Mas isso não é pior, ape­sar desta ele­vação de cus­tos os serviços vão diminuir. Aproveitou para infor­mar que o ele­vado que seria feito para o acesso a região do Munin e Lençóis, não mais exi­s­tirá. Esse ele­vado é impor­tan­tís­simo para obra pois per­mi­tirá que o tráfego na BR sen­tido capital/​interior não seja afe­tado com o tráfego de veícu­los com des­tino ao Munin/​Lençóis.

Pois é, ape­sar de não mais exi­s­tir o ele­vado as obras sofr­erão um acréscimo. O que é isso? Falta de plane­ja­mento, falta de fis­cal­iza­ção, falta de ver­gonha. E ninguém diz nada. Não vi ainda nen­huma das autori­dades do estado protes­tar con­tra a supressão do ele­vado do pro­jeto. Até parece que não dimen­sionam os prob­le­mas que sua falta oca­sion­ará. O fluxo de veícu­los é cada vez maior e vai se rivalizar con­tra o outro grande vol­ume de tráfego da via principal.

Como é que vão suprimir um ele­vado e a obra ainda sofr­erá um aumento? E vai ficando o dito pelo não dito como se os recur­sos dos con­tribuinte fosse capim ou flo­rescesse em árvores.

Aliás, a supressão do ele­vado é mais uma a com­pro­var que a balela da refi­naria ficou mesmo para o futuro dis­tante, muito dis­tante… Se se pen­sassem nela, se estivessem nos planos, jamais se dis­pen­saria o ele­vado de acesso.

O desac­erto do gov­erno fed­eral com relação a dupli­cação é, como se diz, \«café pequeno\» se com­parado a lam­bança do gov­erno com relação a própria refi­naria pre­mium do Maran­hão. Nunca tan­tas autori­dades da República se uni­ram para enga­nar um povo quanto na história da refi­naria que já con­sumiu quase dois bil­hões e não tem data de con­clusão certa ou mesmo se será con­cluída. A única coisa certa é que o din­heiro sumiu no ralo.

O que acon­te­ceu ali? Sim­ples, era mais uma obra sem pro­jeto, sem estudo prévio con­sis­tente. Num dia os donos do poder se reuni­ram e resolveram \«dá uma força\» para as cam­pan­has de pres­i­dente e do gov­erno e mon­taram o circo com dire­ito a inau­gu­ração de pedra fun­da­men­tal, dis­curso mega­lo­maníaco e tudo mais. Neste circo, o pal­haço foi o povo maran­hense, todo o povo que acred­i­tou num futuro mel­hor e não descon­fiou que estava em curso um este­lion­ato eleitoral.

Voltando a nossa sofrida real­i­dade de obras mal exe­cu­tadas – que se des­man­cham antes de pronta –, além da falta de plane­ja­mento está a falta de fis­cal­iza­ção. Não é crível que se os téc­ni­cos este­jam fis­cal­izando a exe­cução das obras elas se des­man­chem antes de inauguradas.

As notí­cias dão conta de outra coisa, que os téc­ni­cos do DER sumi­ram das obras ninguém mais faz o acom­pan­hamento geot­énico e geométrico ou seja não tem mais topó­grafos ou téc­ni­cos em lab­o­ratórios por parte do con­tratante. O corpo téc­nico se tornou fis­cal de obras prontas.

Será que esperam que o empre­it­eiros façam isso?

O resul­tado é o que vemos: Obras que não supor­tam dois inver­nos, as vezes nen­hum. Obras que não acabam nunca como a MA 014 e tan­tas out­ras, e obras que se des­man­cham antes de inau­gu­radas. Ao con­tribuinte, esse tolo que não se cansa de pagar impos­tos, sobra um título. O título de pal­haço ofi­cial do Brasil.

Abdon Mar­inho é advogado.