AbdonMarinho - Mais acessos para a baixada.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Mais aces­sos para a baixada.


MAIS ACES­SOS PARA A BAIX­ADA.

Por Abdon C. Marinho.

NO SÁBADO, 21 de setem­bro, o dever chamou-​me a Bequimão. Não gosto de sair aos sába­dos e domin­gos, pre­firo dedicar-​me à leitura, escrita ou ao ócio. Mas, dever é dever e con­tra os deveres da amizade não qual­quer argu­mento válido.

Quando faço “min­has” próprias via­gens sou pre­venido e já com­pro as pas­sagens com ante­cedên­cia. A demanda que iria aten­der, de pes­soas que estão indo e voltando quase todos os dias da baix­ada tam­bém obe­dece à lóg­ica de se adquirir pas­sagens para a trav­es­sia com muita ante­cedên­cia para con­seguir atrav­es­sar.

Foi o que se deu. Na noite ante­rior fui avisado: — con­seguimos “encaixar” teu carro numa pas­sagem que já havíamos adquirido lá atrás, mas tens que ir cedo, chegar bem antes das seis, pois a trav­es­sia está com­pli­cada com diver­sos ferry com prob­le­mas.

Resul­tado, tive que dormir cedo e acor­dar antes das qua­tro da madru­gada. Chegando fui para a fila dos “com pas­sagens” para embar­car no ferry que sairia às 8 horas. Quando cheguei, antes das seis, con­forme o com­bi­nado, as sete baias dos “sem pas­sagens” e mais a de pri­or­i­dades estavam lotadas.

A volta foi o mesmo per­rengue, só fui con­seguir sair, no ferry das 12:30 horas, às 15:30 horas, e assim mesmo dando vivas de ale­gria, pois a fila de espera no Cujupe, chegava na curva da igreja.

Cada vez mais as pes­soas estão via­jando pela baix­ada, seja a negó­cios, tra­balho, lazer, etc. E, cada vez mais con­stata­mos que esse “único” modal de trans­porte não é sufi­ciente para aten­der a demanda. Pre­cisamos de novas embar­cações, novos píer de atra­cação.

Ali­a­dos a isso, visando o desen­volvi­mento do tur­ismo na cidade de Alcân­tara, pre­cisamos tam­bém mel­ho­rar a trav­es­sia, tornando-​a mais con­fortável e segura.

Tanto lá quanto em São Luís, pre­cisamos facil­i­tar o acesso dos tur­is­tas, prin­ci­pal­mente estrangeiros, aos sítios e pré­dios históri­cos. Pre­cisamos insti­tuir então um sis­tema de peque­nas char­retes elétri­cas para levarem esses tur­is­tas pelos cen­tros das duas cidades históri­cas, prin­ci­pal­mente aque­les já sejam idosos e/​ou com difi­cul­dades de loco­moção.

O tur­ismo em Alcân­tara e em São Luís pre­cisa de inter­venções que per­mi­tam transformá-​lo em uma fonte de receita para esses municí­pios. A solução é mel­ho­rar e tornar mais seguro e con­fortável o trans­porte entre as duas cidades. Os tur­is­tas que con­hecem São Luís já reser­vam um ou dois dias para con­hecerem Alcân­tara.

Acho que os dois prefeitos pre­cisam se unirem e levarem tal reivin­di­cação para o gov­erno estad­ual. Ao meu sen­tir não muito sen­tido que cidades tão próx­i­mas não con­sigam aproveitar de forma con­junta os poten­ci­ais turís­ti­cos que pos­suem.

É certo que muitos tur­is­tas que vem a São Luís não des­fru­tam dos dois cen­tros históri­cos pelas difi­cul­dades de acesso. Out­ros, aliás, já descem no aero­porto e de lá mesmo já se deslo­cam para os municí­pios de Bar­reir­in­has e Santo Amaro.

Um pro­jeto que favoreça o tur­ismo em todo o estado pre­cisa con­tem­plar a me;horta de acesso aos demais des­ti­nos turís­ti­cos.

Colo­camos Alcân­tara como exem­plo porque é um des­tino turís­tico que avis­ta­mos da ilha de São Luís mas que as difi­cul­dades de acesso não per­mitem uma mel­hor exper­iên­cia. O trans­porte direto é defi­ciente, a chegada lá não é das mel­hores, deses­tim­u­lando, a vis­i­tação.

O acesso por ferry enfrenta os prob­le­mas que são con­heci­dos de todos, sem conta que depois de se chegar ao Cujupe ainda se tem que rodar cerca de setenta quilômet­ros até o cen­tro de Alcân­tara.

O certo é que a baix­ada não pode con­tar uni­ca­mente com os “modais” de trans­porte que pos­sui hoje. Esses pre­cisam ser mel­ho­ra­dos – e muito –, e out­ros pre­cisam ser desen­volvi­dos.

Não faz muito tempo tratei aqui do pro­jeto da transli­torâea (rodovia fed­eral lig­ando a cap­i­tal do Maran­hão a Belém, cap­i­tal do Pará).

Acho que se trata de um pro­jeto urgente e necessário. Infe­liz­mente, não vejo os políti­cos dos dois esta­dos sequer falarem do assunto.

À mín­gua desse desin­ter­esse, o gov­er­nador Car­los Brandão pode­ria, defin­i­ti­va­mente, escr­ever seu nome na história, ao encabeçar esse movi­mento, começando por con­struir as pontes lig­ando São Luís a Cajapió, no con­ti­nente.

Ah, o estado não pos­sui recur­sos, dirão os pes­simis­tas.

Ora, caso a difi­cul­dade seja essa, faz-​se uma parce­ria público pri­vada, entre­gando a con­strução da via a ini­cia­tiva pri­vada medi­ante con­cessão pelo tempo que jul­gar viável.

Aque­les que jul­garem mais viável fazer a trav­es­sia via sis­tema de fer­ry­boat, farão, os que preferirem ou que seja mais viável fazer o trans­porte por via rodoviária não se fur­tarão a pagar o pedá­gio.

O que entendo ser mais com­pli­cado é as pes­soas ficarem na dependên­cia por horas e horas do único modal exis­tente.

Con­forme já expliquei em tex­tos ante­ri­ores, essa rodovia trará desen­volvi­mento para todos os municí­pios da faixa do litoral do Maran­hão e do Pará, tornando-​se um grande corre­dor de riquezas entre os dois esta­dos.

Acred­ito que a ini­cia­tiva do Estado do Maran­hão de via­bi­lizar esse acesso ter­restre entre São Luís e a baix­ada, via Ilha dos Carangue­jos, Cajapió, será a mola propul­sora para a rodovia sair do papel.

Acred­ito, ainda, que uma obra de tamanha mag­ni­tude terá o condão de impactar e impul­sionar diver­sas cadeias econômi­cas do estado, prin­ci­pal­mente na baix­ada e litoral.

Claro que uma obra assim pre­cisa ser feita em con­formi­dade com o respeito à natureza garan­ti­ndo ou mino­rando os impactos advin­dos da mesma.

Nesse texto, como nos ante­ri­ores, fica a ideia de que é pos­sível um pro­jeto de desen­volvi­mento sus­ten­tável para o Maran­hão.

O desafio é a comunhão de ideias para que saiam do papel.

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.