AbdonMarinho - Cotidiano
Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

ANO NOVO DE SONHOS E ESPERANÇA.

Um amigo, por ocasião do Natal, manifesta o desejo de poder ler coisas boas e positivas para o ano novo. 

Fiquei pensando como ter um alento num cenário de tanta desolação, com recessão, desemprego, inflação, juros altos, descontrole das contas públicas, crise política mais aguda que nunca, a corrupção tomando conta do Estado brasileiro.

Parece difícil acreditarmos que o ano de 2016 será melhor. Entretanto, apesar de tudo, não podemos e não temos o direito de desistirmos da esperança. Nos negar o direito de sonhar.

No último dia útil do ano que finda recebi um velho amigo no escritório. Entre uma conversa e outra ele contou uma história bastante inspiradora e que faço questão de compartilhar com todos.

Contava que estava na barbearia. Ao seu lado um senhor de quase setenta anos, também, a aparar os cabelos, quando chega um garoto a quem, no máximo, dariam nove anos, pedindo a este senhor um trocado:

– O senhor poderia me arranjar R$ 0,50 (cinquenta centavos)?

O senhor então fez uma coisa que ele não esperava: retirou duas notas do bolso,  uma de R$ 10,00 (dez reais) e uma de R$ 1,00 (um real), colocou-as sobre o aparador do barbeiro e pediu ao garoto que escolhesse a nota que ele queria:

– Escolha a nota que você quer.

O garoto então foi lá e pegou a nota de um real. 

A plateia que se formara: barbeiros e outros clientes, indagaram ao garoto a razão dele haver escolhido a nota menor e não a maior uma vez que lhe fora dada a chance de escolher.

Aí, então, foi o garoto que deu uma resposta que surpreendeu e serviu de lição a todos os presentes, disse:

– Eu cheguei aqui pedindo R$ 0,50 (cinquenta centavos), ele colocou para escolher entre R$ 1,00 (um real) e R$ 10,00 (dez reais), a nota menor é o dobro da minha necessidade. Escolhi a menor porque, quando, noutra oportunidade, estiver precisando, certamente ele me ajudará novamente, o que talvez não acontecesse se tivesse escolhido a nota maior. 

Vejam que lição maravilhosa. Mais formidável pois vinda de onde menos se esperava. 

O amigo me narrou o fato maravilhado com a lição que aprendera com um garoto, talvez sem instrução, sem assistência dos pais – já que estava na rua –, mas que lhe passara valores que julgava extintos no modelo de sociedade em que vivemos.   

Ouvi a história e também me encantei. 

Um simples gesto de um garoto. Como ele é possível que existam milhões. Por eles, não podemos ceder ao pessimismo. Ainda que dura a realidade, devemos acreditar que, se cada um de nós fizermos a nossa parte, termos pequenos gestos de altruísmo e dignidade podemos mudar o Brasil, podemos mudar nossa realidade.

Bem sabemos que as dificuldades são imensas. Porém, bem maiores devem ser nossos sonhos, nossa esperança.

A ano que se inicia será um ano eleitoral. Iremos escolher, através do voto direto e secreto, nossos representantes em todos os municípios brasileiros. 

Será a primeira oportunidade de mostrarmos que não aceitamos aventureiros, arrivistas, corruptos que querem o poder pelo poder e para se locupletarem às custas dos recursos que deveriam servir à toda sociedade; que não aceitaremos a influência do poder econômico; que pensaremos mais no bem-estar de toda a sociedade que nos nossos interesses individuais; que não aceitaremos que o crime organizado continue a mandar no Brasil, dominando o poder político a partir dos municípios, através de prefeitos corruptos e de vereadores vendidos; que não aceitaremos que aqueles que buscam o poder a todo custo “vendam" os municípios aos agiotas que sangram, a não poderem, os recursos públicos. 

O ano de 2016, não temos como negar, será um ano difícil, mas temos já neste ano, de tantas dificuldades e desafios, a chance de mostrar que queremos mudanças reais, queremos um poder público que nos devolva os sonhos e a esperança. 

O ano de 2016, com todas suas dificuldades, será, também, o ano que iniciaremos a cobrança daqueles que nos ficaram devendo nestes últimos anos, mandando para casa os que nos decepcionaram. 

Este é o desafio que nos é imposto, precisamos vencê-lo, por nós, por toda a sociedade, por milhões de crianças que sonham, desejam e acreditam no mundo melhor e pelo Brasil.

Um feliz ano novo todos. 

Vamos nos permitir os sonhos.

Não vamos desistir da esperança. 

Abdon Marinho é advogado.