AbdonMarinho - O turismo como uma nova fronteira econômica para o Brasil.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O tur­ismo como uma nova fron­teira econômica para o Brasil.


O tur­ismo como uma nova fron­teira econômica para o Brasil.

Por Abdon C. Marinho.

APROX­I­MADA­MENTE um ano escrevi o texto inti­t­u­lado “Tur­ismo: a aposta certeira de Brandão”. Falava, na opor­tu­nidade, na importân­cia que o gov­erno estava dando a um seg­mento impor­tante para a econo­mia mundial e que tem um poten­cial de cresci­mento extra­ordinário no nosso país.

O gov­erno estad­ual estava tra­bal­hando as chamadas rotas turís­ti­cas do estado: rota dos lençóis; flo­resta dos guarás; cha­pada das mesas, etc.

Enx­er­gava na ini­cia­tiva uma pos­si­bil­i­dade do estado bus­car mais uma janela de desen­volvi­mento e uma forma de reti­rar o nosso povo da mis­éria que vem se per­pet­uando por sécu­los.

Por esses dias o Maran­hão obteve mais uma con­quista. Em Delhi, Índia, a Unesco — Orga­ni­za­ção das Nações Unidas para Edu­cação, a Ciên­cia e a Cul­tura, infor­mou da con­cessão do título de Patrimônio Nat­ural da Humanidade aos nos­sos Lençóis Maran­henses.

Com esse já são três os títu­los dis­pen­sa­dos ao Maran­hão, o primeiro foi a São Luís, recon­hecida como Patrimônio Cul­tural da Humanidade; depois o recon­hec­i­mento do nosso Bumba-​Boi, e out­ras expressões cul­tur­ais como Patrimônio Ima­te­r­ial da Humanidade e agora o título con­ce­dido aos Lençóis.

Vejam que além desses títu­los o nosso estado pos­sui inúmeras out­ras belezas nat­u­rais e out­ros atra­tivos, basta citar as cidades da região met­ro­pol­i­tana com seu patrimônio histórico, cul­tural e nat­ural; a cidade Alcân­tara; o cir­cuito da Flo­resta dos Guarás e toda a beleza das reen­trân­cias maran­henses, que, cer­ta­mente, algum dia será tam­bém recon­hecida como patrimônio nat­ural mundial; a região da Cha­pada das Mesas; e, como disse, tan­tos out­ros.

Na esteira do que já intuía lá atrás, o tur­ismo é um seg­mento em expan­são no Brasil. Segundo o Banco Cen­tral, em dados divul­ga­dos recen­te­mente, os tur­is­tas estrangeiros já deixaram de receita no Brasil até o mês de julho deste ano, cerca de 21 bil­hões de reais, muito supe­rior a todo o ano de 2023, quando deixaram 18 bil­hões de reais e até mesmo supe­rior a todo o ano de 2014, ano da Copa do Mundo da FIFA ocor­rida no Brasil, quando os tur­is­tas estrangeiros deixaram de receita 20,2 bil­hões.

Esse vol­ume de receita ainda para um número de tur­is­tas estrangeiros, a nosso sen­tir, insignif­i­cante, até agora ainda não ultra­pas­samos sete mil­hões de tur­is­tas estrangeiros/​ano. Ou seja, ainda não alcançamos dez por cento do vol­ume de tur­is­tas que recebem a França ou a Espanha.

Segundo pub­li­cação espe­cial­izada, os países acima referi­dos, daqui a 15 anos estarão recebendo um número de tur­is­tas estrangeiros supe­rior a 105 e 110 mil­hões, respec­ti­va­mente, com a Espanha, como podemos ver, superando a França.

E o Brasil? Pois é, até agora ainda não alcançamos 10 mil­hões de estrangeiros/​ano.

É dizer, repito, o Brasil, prin­ci­pal­mente o nordeste e o Maran­hão junto, tem a pos­si­bil­i­dade, se sou­ber fazer o “dever de casa” de impul­sionar esses números atraindo para o Brasil nos próx­i­mos anos pelo menos 30, 40, 50 mil­hões de tur­is­tas estrangeiros/​ano.

Ora, se com menos de 7 mil­hões de tur­is­tas obtive­mos uma receita de 21 bil­hões de reais, já podemos imag­i­nar o quanto podemos colo­car de recur­sos finan­ceiros nos nos­sos esta­dos e municí­pios.

Já pen­saram se fosse o nosso país na con­fortável situ­ação de França ou Espanha ou mesmo a Turquia ou os Esta­dos Unidos que anual­mente recebem um número supe­rior a 50 mil­hões de turistas?

O Brasil tem poten­cial para isso. O que falta é enx­er­gar­mos essa fron­teira econômica e trans­for­mar esse poten­cial em desen­volvi­mento econômico para nos­sas unidades fed­er­adas.

Con­forme já expus diver­sas vezes, além de preparar­mos nos­sas rotas turís­ti­cas com um mín­imo de infraestru­tura, faz-​se necessário preparar as comu­nidades (e não ape­nas as pes­soas dire­ta­mente lig­adas ao tur­ismo) para rece­ber e bem acol­her esses tur­is­tas.

Assim como as riquezas decor­rentes desse setor da econo­mia pre­cisam ser par­til­hadas por todos os cidadãos, do mesmo modo, a riqueza cul­tural das inter­ações pre­cisam ser com­par­til­hadas por essas cidades e esta­dos. Para isso é necessário que o Brasil, o nordeste e o Maran­hão passem a inve­stir na for­mação lin­guís­tica da sua pop­u­lação retirando-​nos da inco­mum condição de povo monoglota.

Como já dito ante­ri­or­mente essa for­mação deve ocor­rer de forma mas­siva, tanto nas redes reg­u­lares de ensino mas, tam­bém, para as pes­soas que já este­jam pre­sentes no mer­cado de tra­balho ou para aque­les que não tra­bal­ham nem estudam.

A edu­cação, nunca é demais reafir­mar, é a chave para o desen­volvi­mento de qual­quer nação.

Para as local­i­dades de inter­esse turís­tico faz-​se necessário habil­i­tar­mos as pop­u­lações em pelo menos dois idiomas estrangeiros: o inglês e o espan­hol. Se o primeiro tem o condão de ser com­preen­dido como lin­guagem global, o segundo é essen­cial para pro­mover a inte­gração latino-​americana, um dos obje­tivos da República Fed­er­a­tiva do Brasil pre­visto na Con­sti­tu­ição.

Os gov­er­nos estad­u­ais e munic­i­pais pre­cisam colo­car entre as pri­or­i­dades para o desen­volvi­mento de seus esta­dos e municí­pios essa fron­teira econômica e ado­tar as medi­das necessárias para que não seja mais uma opor­tu­nidade per­dida.

O recurso do tur­ismo é uma receita nova, limpa e, ainda, não com­pro­metida com os dis­pên­dios reg­u­lares.

É dizer, são recur­sos que podem, efe­ti­va­mente, ala­van­car o desen­volvi­mento do Brasil, prin­ci­pal­mente, das regiões norte e nordeste.

Os próx­i­mos anos serão deci­sivos para colo­car­mos essas estraté­gias de desen­volvi­mento em prática. Já esse ano ter­e­mos o encon­tro no G20, em 2025 será a vez da COP30 e, em 2026, será a vez da Copa do Mundo da FIFA de Fute­bol Fem­i­nino. São even­tos podem e pre­cisam ser explo­rados para colo­car o Brasil entre os prin­ci­pais roteiros turís­ti­cos do mundo.

O sucesso ou o fra­casso de tal empre­itada só depende de nós.

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.