AbdonMarinho - DEU PT. E AGORA?
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

DEU PT. E AGORA?

DEU PT. E AGORA?

Por Abdon Marinho.

OS DESAV­ISA­DOS poderão imag­i­nar que estou a sug­erir uma pos­sível vitória do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, nas eleições.

Out­ros, igual­mente desav­isa­dos, talvez deduzam que o tit­ulo refira-​se a Perda Total, aquela situ­ação de sin­istro que ocorre quando o bem segu­rado fica imprestável e o segu­rado recebe o valor do prêmio integral.

Pode não ser nada disso, como, tam­bém, pode ser as duas coisas.

O resul­tado do primeiro turno das eleições é a com­pro­vação de que o PT, pelo menos no que con­ce­beu de estraté­gia, saiu-​se vito­rioso pois colo­cou a eleição onde que­ria: uma dis­puta plebisc­itária entre o seu mod­elo de gov­ernar o país em oposição as pro­postas defen­di­das pelo sen­hor Bol­sonaro.

Neste sen­tido deu PT, tam­bém, como abre­vi­ação de “Perda Total” pois usou toda a sua máquina de moer rep­utações, estru­tura e inserção nos movi­men­tos soci­ais para aniquilar as pro­postas polit­i­cas dos demais par­tidos.

Há, assim uma “perda total” para con­cepção do que se entende e se quer para o futuro do país.

O Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, coman­dado de den­tro da prisão, como as orga­ni­za­ções crim­i­nosas, coloca os cidadãos de bem na difí­cil mis­são de ter que escol­her entre dois extremos e assim mesmo man­ter o país divi­dido e ingovernável por, pelo menos, mais qua­tro anos.

É certo – e os mais esclare­ci­dos já estão cansa­dos de saber –, que o líder da facção petista em nen­hum momento de seu longíquo tempo de poder pen­sou no Brasil ou no que seria mel­hor para a democ­ra­cia brasileira.

Assim, impôs um can­didato seu, um “poste” que, a despeito de dis­putar o mais impor­tante cargo da República, não sente qual­quer con­strang­i­mento em com­pare­cer reg­u­lar­mente à sede da Poli­cia Fed­eral em Curitiba, Paraná, para rece­ber ordens e instruções do chefe que se encon­tra encar­cer­ado por ter sido con­de­nado a doze anos de prisão e um mês por cor­rupção e lavagem de din­heiro.

Será que alguém com o mín­imo de bom senso acha razoável que um can­didato a presidên­cia da República se dirija reg­u­lar­mente à prisão para rece­ber ordens de um crim­i­noso encarcerado?

Não sat­is­feito com isso, em obri­gar que o can­didato à presidên­cia da República do país (é bom reforçar isso) receba ordens do “chefe” na prisão, a escolha do can­didato, só para reforçar o acinte, recaiu sobre alguém que tes­tado na gestão pública na cidade de São Paulo, há ape­nas dois anos foi rejeitado por mais de oitenta e cinco por cento dos eleitores daquele municí­pio, per­dendo a eleição ainda no primeiro turno.

Mas quem pen­sou que estavam sat­is­feitos, enganou-​se nova­mente, o Plano de Gov­erno Petista deixa claro que pre­ten­dem trans­for­mar o Brasil numa nova Venezuela. As prin­ci­pais lid­er­anças do par­tido falam aber­ta­mente em con­t­role da mídia, redução de poderes inves­tiga­tivos do Min­istério Público e até mesmo na redução dos poderes do Supremo Tri­bunal Fed­eral — STF, que é a mais ele­vada corte do país.

O pro­grama e pre­gação do Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, através de seus líderes, sig­nifica a supressão do que se com­preende como democ­ra­cia. Aliás, por falar em democ­ra­cia, esse parece-​nos um con­ceito com os quais sem­pre tiveram pouca famil­iari­dade.

Sem­pre tra­bal­haram, inclu­sive neste pleito, com um pro­jeto hegemônico de poder, não poupando para isso nem os seus ali­a­dos mais fiéis. A imposição de um can­didato do par­tido, mesmo quando sabiam de suas frag­ili­dades, tam­bém tinha o propósito for­t­ale­cer a leg­enda para que eleger uma grande ban­cada de dep­uta­dos.

Com os eleitores falando noutro numero de can­didato não teriam como atin­gir esse intento.

O PT, como sem­pre fez, não pen­sou em um nome mais viável de um outro par­tido – mesmo que fosse do seu campo –, pela mesma razão de sem­pre: os inter­esses do par­tido vêm antes dos inter­esses do Brasil. Sem­pre foi assim, sem­pre usou as out­ras leg­en­das ditas de esquerda e os tais movi­men­tos soci­ais em seu próprio inter­esse.

Esse tipo de acinte, de desre­speito aos cidadãos de bem, que tra­bal­ham dia e noite de forma hon­esta para pagar suas con­tas, esse com­por­ta­mento acin­toso com os val­ores democráti­cos, têm sido – e as urnas com­pro­vam isso – o prin­ci­pal com­bustível para o for­t­alec­i­mento de ideias de resistên­cia, porém, extremadas do outro lado.

Como disse num texto ante­rior, o movi­mento “bol­sonar­ista» é, sobre­tudo, um movi­mento que se opõe a essa pro­posta petista cada vez mais rad­i­cal­izada e com clara inspi­ração no mod­elo que foi implan­tado na Venezuela, que ape­sar de toda des­graça que cau­sou e vem cau­sando aquele país viz­inho, para o PT e seus satélites, é um “mod­elo de democ­ra­cia”.

Para eles a democ­ra­cia venezue­lana não fica “devendo” nada a nen­huma outra. E isso foi ver­bal­izado jus­ta­mente por aquele que se apre­sen­tou nas eleições como o mais preparado do seu campo, o sen­hor Ciro Gomes, do PDT, nes­tas eleições.

Deu PT, no sen­tido que o par­tido saiu vito­rioso no seu intento de eleger um bom número de par­la­mentares e ir para o segundo turno como rep­re­sen­tante do “anti-​bolsonarismo”, e assim, cap­i­talizar como seus votos que vir a ter no final do pleito.

Deu PT, no sen­tido de que o par­tido “levou” para o segundo turno jus­ta­mente o can­didato que não rep­re­senta qual­quer ameaça ao seu pro­jeto de rep­re­sen­tante de todas as demais forças que se opõe ao can­didato Jair Bol­sonaro, do PSL, e suas ideias.

E aqui, jus­ta­mente neste ponto, chamo a atenção para um detalhe para o qual pou­cas pes­soas aten­taram, mas que tam­bém faz parte da estraté­gia petista que é referir-​se ao opos­i­tor como “Coiso”.

Ora, Coiso é a des­ig­nação que se dá a qual­quer indi­viduo quando não se sabe ou não se con­segue lem­brar o nome, o fulano.

Não é o caso do can­didato, ele tem pré-​nome, nome e sobrenome. Ao «coisi­fi­carem» o can­didato estão fal­tando com respeito não ape­nas ao ser humano em si, mas tam­bém a todas as demais pes­soas, que, ao menos momen­tanea­mente, o tem como líder. Ao chama-​lo de “coiso» estão dizendo o mesmo de mil­hões de brasileiros.

Tanto assim que o “Coiso» quase liq­uida a “fatura” no primeiro turno, um feito, sobre­tudo, para quem era tido como uma espé­cie de “azarão» da dis­puta, com todos os adver­sários, prin­ci­pal­mente o PT, apo­s­tando no seu “der­re­ti­mento» logo no ini­cio da cam­panha.

No fim do primeiro turno constatou-​se que fal­tou uma “cois­inha assim” para que o “Coiso” levar a vitória para casa e, diga-​se, prati­ca­mente, sem «sair de casa”.

Deu PT, como “perda total”, porque o can­didato “escol­hido” pelo PT como con­traponto ao seu pro­jeto danoso de poder não apre­senta muita coisa além do “anti-​petismo”. Pro­postas de gov­erno exe­quíveis, com começo meio e fim não existe. Não passa de uma carta de intenções.

A prova mais con­tun­dente disso é que mesmo o núcleo cen­tral da cam­panha do sen­hor Bol­sonaro, ele próprio, seu can­didato a vice e seu suposto min­istro da fazenda no calor da cam­panha batem cabeça sobre pon­tos cru­ci­ais para sociedade, sem con­tar as enormi­dades que dizem.

A sociedade brasileira, em pleno século 21, chega para uma eleição pres­i­den­cial com um par­tido coman­dado de den­tro da prisão chan­tage­ando os eleitores e fazendo-​os optar, não entre pro­postas conc­re­tas de gov­erno, como seria o nor­mal, mas entre o “anti-​isso” ou anti-​aquilo”.

Não votare­mos (e aqui me incluo) em uma pro­posta. Votare­mos para evi­tar, segundo as con­vicções de cada eleitor, um mal maior para o país. Votare­mos con­tra ou a favor da chan­tagem do PT que tenta tirar proveito, mais uma vez, de seus próprios crimes.

Con­fesso que torci, como nunca, para que a eleição tivesse sido deci­dida no primeiro turno. Não por dese­jar a vitória do sen­hor Bol­sonaro, mas para não ter que fazer essa “escolha de Sofia” com os des­ti­nos do Brasil.

Deu PT, deu perda total. E agora? A dis­tân­cia do 1 ao 3 é a mesma do 1 ao 7.

Abdon Mar­inho é advogado.