AbdonMarinho - O ELOQUENTE SILÊNCIO DOS FALSOS DEMOCRATAS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O ELO­QUENTE SILÊN­CIO DOS FAL­SOS DEMOCRATAS.

O ELO­QUENTE SILÊN­CIO DOS FAL­SOS DEMOCRATAS.

Por Abdon Mar­inho.

ENCERROU-​SE em Havana, cap­i­tal de Cuba, no último dia 17 de julho, a reunião do “Foro de São Paulo”, cole­tivo de par­tidos suposta­mente “esquerdis­tas” da Amer­ica Latina, fun­dado por Fidel Cas­tro, Hugo Chaves, Lula da Silva, José Dirceu, den­tre out­ros, no ini­cio dos anos 1990.

O encon­tro, segundo li, con­tou com a pre­sença de impor­tantes lid­er­anças políti­cas latino-​americanas, como Raul Cas­tro e Miguel Díaz-​Canel, de Cuba, Nicolás Maduro, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia, Sal­vador Sánchez Cerén, de El Sal­vador, diver­sas out­ras lid­er­anças políti­cas do con­ti­nente e “int­elec­tu­ais» destes e de diver­sos out­ros países. Pelo Brasil, se fiz­eram pre­sentes a ex-​presidente Dilma Roussef e Gleisi Hoff­mann, do Brasil.

O curioso do 24º encon­tro da orga­ni­za­ção diz respeito às suas con­sid­er­ações finais, mate­ri­al­izadas numa res­olução, onde “repu­dia” a “con­de­nação sem provas e prisão de Lula para impedir sua can­di­datura a presidên­cia da República” e por isso dizem: “Exigi­mos a liber­dade ime­di­ata de Lula, depois de uma con­de­nação e prisão sem provas e o dire­ito a ser can­didato pres­i­den­cial nas eleições de out­ubro no Brasil, respei­tando a von­tade da maio­ria do povo brasileiro. Lula Livre! Lula Inocente! Lula Presidente!”.

Além disso o «Foro defende ainda que a América Latina e o Caribe sejam declar­adas ‘zona de paz’ e con­dena as ini­cia­ti­vas de deses­ta­bi­liza­ção no con­ti­nente, como o des­cumpri­mento dos acor­dos de paz entre o gov­erno colom­biano e a guer­rilha das Farc, os recentes protestos vio­len­tos na Nicarágua e a ‘guerra não-​convencional’ con­tra a Rev­olução Boli­var­i­ana na Venezuela».

Não deixa de ser curiosa a leitura que estas pes­soas – incluindo os tais “int­elec­tu­ais» –, fazem da realidade.

Ora, eles con­ce­dem ao con­de­nado em duas instân­cias da justiça brasileira, com uma infinidade de recur­sos e ordens de habeas cor­pus recu­sa­dos por todas as instân­cias, o sta­tus de pri­sioneiro político e se acham no dire­ito de cla­mar por sua liber­dade – e não ape­nas isso: que con­corra nas próx­i­mas eleições.

Leio estas coisas – e as releio mais de uma vez –, e não con­sigo acred­i­tar que fig­uras como Raul Cas­tro ou Nicolás Maduro ou Daniel Ortega, ten­ham cor­agem de falar em “pre­sos políti­cos” quando estes sim, man­tém em suas mas­mor­ras inúmeros cidadãos cujo o único “malfeito» foi protes­tar con­tra seus gov­er­nos.

Chega a ser espan­toso que falem em eleições livres e democráti­cas quando tudo que seus países nunca exper­i­men­ta­ram em tem­pos recentes tenha sido isso.

Nos últi­mos três anos mais de trezen­tas pes­soas foram assas­si­nadas pelas forças de repressão do gov­erno venezue­lano, tanto pelas forças reg­u­lares quando pelos gru­pos para­mil­itares. Mais de trezen­tas! Um outro número sig­ni­fica­tivo de cidadãos foi presa (ou ainda se encon­tra) por protestarem con­tra o gov­erno, inclu­sive jovens mal saí­dos da adolescência.

Nas últi­mas eleições naquele país – real­izada quando e como o atual dono do poder decidiu –, só par­ticipou quem ele quis, deixando de fora da dis­puta os prin­ci­pais líderes da oposição, uns por se encon­trarem pre­sos, out­ros por se encon­trarem impe­di­dos pela justiça daquele país que faz só o que o gov­erno quer.

Em menos de um mês a Nicarágua já con­tabi­liza quase trezen­tos cidadãos mor­tos pelas forças gov­ernistas de Daniel Ortega, outro mem­bro do referido foro. Quase trezen­tas – se já não passa disso.

Pes­soas assas­si­nadas por protestarem con­tra o gov­erno.

A res­olução destes fal­sos democ­ratas trata tais fatos como “recentes protestos vio­len­tos na Nicarágua” e «guerra não-​convencional con­tra a Rev­olução Boli­var­i­ana na Venezuela», o cin­ismo chega a ser acin­toso.

Quer dizer que o que tem havido na Nicarágua “protestos vio­len­tos”? Vio­len­tos da parte de quem? Quem são as víti­mas dos “protestos vio­len­tos”?

Se não estivésse­mos diante de uma tragé­dia dev­eríamos rir.

As forças gov­ernistas assas­sina, em pouco mais de um mês quase três cen­te­nas de pes­soas, e os os ilu­mi­na­dos do encon­tro de Havana acha cor­reto cen­surar as víti­mas e não os respon­sáveis pelos assassinatos.

Então o gov­erno cor­rupto, incom­pe­tente, vio­lento, crim­i­noso, destrói a econo­mia da Venezuela, provoca o maior êxodo das Améri­cas, com mais de qua­tro mil­hões de cidadãos tendo deix­ado o país, com cen­te­nas de pre­sos políti­cos, cen­te­nas de assas­si­natos e os gênios acham que o país é vitima de uma “guerra não con­ven­cional”? Guerra só se for daquele gov­erno con­tra o povo.

Os vinte anos da ditadura Chavez/​Maduro na Venezuela destruíram o país e as provas estão aí, à vista de todos, com pes­soas pas­sando fome, sem dire­ito a trata­mento médico, sem dire­ito a um mín­imo de esta­bil­i­dade em suas vidas, mor­rendo de doenças que se pen­sava já errad­i­cadas há muito tempo e até de fome.

Quanto à Cuba, eis um sis­tema a dis­pen­sar maiores comen­tários, a começar pelo mod­elo de par­tic­i­pação democrática com par­tido único, que pas­sou 58 anos (1959 a 2018) coman­dado pelos dois irmãos Cas­tro (só no mês de maio assumiu alguém fora do núcleo famil­iar), notório pela repressão a todos que dis­cor­dam do régime, man­dando pren­der ou eliminando-​os através de fuzil­a­men­tos. Ou ninguém nunca ouviu falar dos famosos “paredóns”? Eles próprios se orgul­havam de diz­erem isso.

Quan­tos pere­ce­ram por dis­cor­darem do régime ou mesmo por terem um com­por­ta­mento pes­soal com o qual os donos do poder não con­cor­dam, como os homos­sex­u­ais, por exemplo?

E nem pre­cisamos ir muito longe, agora mesmo, por ocasião da “nomeação” do novo coman­dante, deter­mi­naram a prisão do grupo con­hecido por “sen­ho­ras de branco”, motivo: um protesto silen­cioso con­tra o régime. Sen­ho­ras, mães de família presas/​detidas uni­ca­mente pela ati­tude de, vesti­das de branco, se reunirem numa praça da cidade de Havana.

Enten­deram? Um protesto silen­cioso, uma man­i­fes­tação pací­fica rende prisão nes­tas nações que se acham no dire­ito de “exi­girem” que um con­de­nado no Brasil seja solto e mais, que desafiando a Lei da Ficha Limpa, seja admi­tido como can­didato nas próx­i­mas eleições.

Vejam bem, em um mês, mais ou menos, o régime san­din­istas elim­i­nou quase trezen­tas pes­soas, o régime de boli­var­i­ano, da Venezuela, bem mais que isso.

Só estes dois países, para exem­pli­ficar o que esta­mos falando, elim­i­nou mais opos­i­tores aos seus regimes do que Brasil nos seus vinte anos de ditadura mil­i­tar.

Os his­to­ri­adores hon­estos apon­tam que o régime mil­i­tar brasileiro como tendo elim­i­nado cerca de trezen­tas pes­soas, aqui com­putadas aque­las que foram para o con­fronto armado com as forças mil­itares, nos seus 21 anos de mando.

Falar dos mil­hares de cidadãos elim­i­na­dos pelo régime cubano, durante estes anos todos, não cabe porque seria covar­dia.

Ape­sar de todo esse restro­specto não vemos os chama­dos “int­elec­tu­ais” daqui e do mundo protestarem.

Mesmo os recentes mas­sacres reg­istra­dos na Nicarágua parece não des­per­tar inter­esse destes “campeões da democ­ra­cia”, estes :int­elec­tu­ais”, que se acham no dire­ito de protestarem e exi­girem a soltura do sen­hor Lula, con­de­nado por crimes comuns de cor­rupção e lavagem de din­heiro, pre­vis­tos na leg­is­lação nacional a doze anos e um mês.

A con­cessão do sta­tus de preso político ao sen­hor Lula é uma ofensa aos pre­sos políti­cos que, infe­liz­mente, ainda exis­tem em diver­sos países e um desre­speito as insti­tu­ições da Justiça brasileira que, ape­sar das incan­sáveis ten­ta­ti­vas de apar­el­hamento da parte dos anti­gos donos do poder, exceto por uns poucos “Favre­tos”, se man­tém, majori­tari­a­mente, respei­tando e obe­di­ente às leis do país.

Abdon Mar­inho é advogado.