AbdonMarinho - ZÉ REINALDO AINDA APOSTA NA GRATIDÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

REINALDO AINDA APOSTA NA GRATIDÃO.

ZÉ REINALDO AINDA APOSTA NA GRATIDÃO.
Por Abdon Mar­inho.
O EX-​GOVERNADOR José Reinaldo Tavares anun­ciou aos maran­hense, no Sábado de Aleluia, sua mais arriscada obra de engen­haria política: ser can­didato a senador sus­ten­tado por duas can­di­dat­uras de gov­er­nador do campo oposi­cionista ao gov­erno comu­nista do estado, algo até aqui, nunca tes­tado, pelo con­trário, em vezes ante­ri­ores, o que se viu sem­pre foi uma can­di­datura de gov­er­nador apoiando duas de senador, às vezes três.
Os deveres famil­iares na Sem­ana Santa, afastou-​me, nos últi­mos dias, até mesmo da leitura dos jor­nais, sites e blogues, o que me impediu de acom­pan­har o desen­ro­lar dos fatos, que, con­fesso, deixou-​me sur­preso.
Depois, já na noite do Domingo de Pás­coa, pas­sei a refle­tir mel­hor sobre a estraté­gia do ex-​governador e a con­clusão que chego é que ele decidiu apos­tar todas as suas fichas onde menos sus­peitá­va­mos: na gratidão. Logo ele que, como o Maran­hão inteiro assiste, ainda incré­dulo, foi vítima da mais ines­per­ada das ingratidões, que foi o desprezo e a humil­hação que sofreu da parte do atual gov­er­nador, “feito” na política por ele, José Reinaldo, e que nem os impávi­dos Leões da frente do palá­cio acred­i­taria que fosse ocor­rer da parte dele e de todo seu séquito, como o foi.
Emb­ora sentindo o golpe – a ingratidão é sem­pre difí­cil de ser assim­i­lada –, o ex-​governador, engen­heiro de profis­são, busca, numa “engen­haria política” inusi­tada, recuperar-​se e dar a volta por cima.
Segundo soube, cos­turou o ingresso no ninho tucano direto com o pres­i­dente nacional do par­tido e can­didato à presidên­cia da república, Ger­aldo Alck­min, como uma espé­cie de “carta de seguro” con­tra quais­quer con­tratem­pos da parte dos tucanos locais, por­ven­tura, inco­moda­dos com fato de con­cor­rer ao Senado pelo par­tido já tendo declar­ado pub­li­ca­mente apoio ao can­didato do Par­tido da Mobi­liza­ção Nacional — PMN, Eduardo Braide.
Como podemos ver trata-​se de uma estraté­gia arriscada, entre­tanto, se der certo, trará uma série de lições às atu­ais e futuras ger­ações.
A primeira delas, caso se con­firmem duas can­di­dat­uras apoiando uma de senador, será o espírito de sol­i­dariedade ao ex-​governador demon­strado pelos dois can­didatos ao gov­erno estad­ual, Roberto Rocha (PSDB) e Eduardo Braide (PMN).
Emb­ora pareça esquisito os dois terão muito mais a gan­har que a perder com tal gesto, con­forme explico abaixo.
O senador Roberto Rocha pas­sou os últi­mos anos car­regando a fama de desagre­gador e – no atual gov­erno –, tam­bém, a fama de traidor.
Ao aceitar e apoiar o dep­utado José Reinaldo na sua pre­ten­são ao Senado da República, cargo que já declarou, ser dev­ido ao ex-​governador, prin­ci­pal­mente em tais cir­cun­stan­cias, desmisti­fica grande parte da pro­pa­ganda neg­a­tiva imposta pelos atu­ais donos do poder no Estado, através de diver­sos veícu­los de comu­ni­cação alin­hados ao gov­erno.
Uma acusação que não pode recair sobre senador tucano é de que lhe falta per­cepção do quadro politico local. Pelo con­trário, já por ocasião da rup­tura do então gov­er­nador José Reinaldo com o grupo político do senador Sar­ney, na primeira metade da década de 2000, o atual senador foi um dos prin­ci­pais arti­fi­cies daquela cos­tura polit­ica que trouxe o então gov­er­nador para as hostes oposi­cionistas ao grupo político do qual fez parte a vida inteira até ali.
Lem­bro que muitos, naquela opor­tu­nidade, cus­taram a acred­i­tar que a rup­tura do gov­er­nador com o grupo Sar­ney era “para valer” e, por conta disso, perderam espaço no gov­erno. Não foi o que se deu com Roberto Rocha, ele não só acred­i­tou que a rup­tura era para valer como ocupou ou indi­cou pes­soas de sua con­fi­ança para inte­grar o gov­erno, como foi o caso de Pedro Maran­hão, den­tre out­ros.
As vicis­si­tudes da política que os afas­tou – basi­ca­mente o pro­jeto de José Reinaldo em “fazer” Flávio Dino gov­er­nador –, não mais per­sis­tem, pelo con­trário, demon­stram muito mais con­vergên­cias que divergên­cias em seus pro­je­tos para Maran­hão, como os são a Zona de Expor­tação do Maranhão-​ZEMA, de ini­cia­tiva do senador e os pro­je­tos para o Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara, uma luta diária do dep­utado fed­eral.
A vitória do pro­jeto politico traçado em 2006 e só alcançada em 2014, chega para o ex-​governador, em 2018, como o maior dos seus infortúnios. Humil­hado e igno­rado desde os primeiros dias do atual gov­erno, não mere­ceu, por fim, sequer a indi­cação como can­didato do grupo do gov­er­nador ao Senado, cargo que sem­pre alme­jou desde que per­maneceu no gov­erno em 2006 – e com isso per­mi­tiu a primeira vitória do grupo “oposi­cionista”. Pior que isso, assis­tiu o gov­er­nador erguer o braço do seu “favorito” como can­didato na primeira vaga e infor­mar que os demais pos­tu­lantes – entre os quais o ex-​governador – teriam que ir para o “murro” pela segunda indi­cação.
Isso, ape­sar de, mais de uma vez ter man­i­fes­tado o inter­esse de con­cor­rer como inte­grante da chapa do atual gov­er­nador.
Escrúpu­los de con­sciên­cia ou ide­ológ­ica? Que nada, o que mais tem nas cer­ca­nias do poder são ex-​aliados do grupo Sar­ney, sem con­tar a ver­dadeira “guerra” que travaram para con­tar com o apoio do Par­tido Democ­ratas — DEM, no arco de alianças, par­tido que pos­sui um ideário total­mente oposto (e em con­tradição) ao ideário comu­nista.
A segunda lição é que, emb­ora a “engen­haria” seja do ex-​governador, não se pode deixar de recon­hecer o gesto de desprendi­mento do senador tucano em aqui­escer com tal pro­jeto.
Ao fazer isso, no fundo, tam­bém, está dando uma lição ao atual gov­er­nador: a lição da gratidão. Mostra que, enquanto o atual gov­er­nador, por quem Jose Reinaldo tanto fez, lhe vira as costas largas, ele, Roberto Rocha, não coloca obstácu­los em dividir com outro opo­nente, Eduardo Braide, a sua can­di­datura de senador.
Como disse, trata-​se de uma estraté­gia inusi­tada – um can­didato a senador ser apoiado por dois can­didatos a gov­er­nador –, e nada garante que será exi­tosa. Mas, ninguém acred­i­tava que fosse ter êxito a estraté­gia da “coop­er­a­tiva de can­didatos” artic­u­lada em 2006.
A ter­ceira lição que nos socorre – e tam­bém mere­ce­dora de reg­istro –, é o altruísmo demon­strado pelo dep­utado Eduardo Braide, a quem o ex-​governador José Reinaldo já hipote­cou pub­li­ca­mente apoio no pleito majoritário ao gov­erno, em, tam­bém, não colo­car obstácu­los na “engen­haria” mon­tada com vis­tas a favore­cer a eleição do ex-​governador ao Senado. Aposta no futuro. Não no futuro dis­tante, mas no futuro próx­imo.
Esse gesto de desprendi­mento, será mer­cado­ria valiosa que poderá servir para cap­tar inúmeros apoios caso vença a bar­reira do primeiro turno e passé ao segundo, prin­ci­pal­mente se a estraté­gia for exi­tosa e José Reinaldo se eleger senador.
Não bas­tasse isso, o dep­utado ainda é muito jovem, o que sig­nifica, terá uma longa estrada na política. O gesto com o qual agora que ini­cia uma car­reira majoritária estad­ual, vai credencia-​lo junto à uma classe política tão des­gas­tada, como uma pes­soa capaz de ati­tudes grandiosas e não voltadas a inter­esses mera­mente pes­soais.
Além do mais não se pode descar­tar, antes ou depois da eleição, uma união em torno da can­di­datura mais viável, no primeiro ou ape­nas no segundo turno. Tudo pode acon­te­cer.
Por fim, mere­cendo igual recon­hec­i­mento, a “engen­haria” do ex-​governador. Qual­quer outro, enfrentando tan­tas adver­si­dades, traições e ingratidões, inclu­sive a trama urdida covarde­mente, que o impediu de ir para o Par­tido Democratas-​DEM, com quem ini­ciara as trata­ti­vas desde o ano pas­sado, teria esbrave­jado con­tra os seus algo­zes e tartu­fos ou mesmo desis­tido. Ao invés disso, com elegân­cia e argú­cia cos­tura em torno de si uma aliança inédita que pode romper com uma lóg­ica de quase todas as eleições: a de que o can­didato a gov­er­nador vence­dor no primeiro turno leva con­sigo o(s) senador(es).
A “engen­haria” do ex-​governador – sem con­tar os inúmeros apoios de prefeitos, ex-​prefeitos ou mesmo lid­er­anças políti­cas ainda gratas pelo trata­mento dele rece­bido desde quando ocupou os diver­sos car­gos no plano estad­ual ou fed­eral –, pode ser respon­sável pela rup­tura da lóg­ica política traçada até aqui.
Assim sendo, será a vitória da gratidão con­tra o engodo. Em todo caso, acerta ao ainda apos­tar na gratidão.
Abdon Mar­inho é advogado.

Comen­tários

0 #2 Ema­noel 06-​04-​2018 01:40
Gosto do Zé, mas ele pisou na bola desde quando veio com aquela história de Flávio procu­rar SSR­NAey pra fazer um gov­erno de união como se esse oli­garca tivesse algum sen­ti­mento de altruísmo, de lá pra cá ele só tomou posições afrontando o gov­er­nador, agora quer gratidão de que?
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+1 #1 Nel­son de Car­valho 02-​04-​2018 19:26
Acred­i­tar em coel­hinho da Pás­coa é mais garan­tido do que apos­tar ainda em gratidão comu­nista. Toca essa engen­haria para frente e esqueça gratidão palaciana…Zé Reinaldo Senador.
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