AbdonMarinho - Política com solidariedade.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Política com solidariedade.

POLÍTICA COM SOLIDARIEDADE.

Por Abdon Marinho,

COMO SABEM, sou ser­tanejo. Mais que isso, tive uma edu­cação sertaneja.

No sertão – pelo menos era assim –, apren­demos que se deve respeitar os mais vel­hos. Sim, o respeito é dev­ido não ape­nas aos idosos, mas aos mais vel­hos que a gente.

Aprendi, tam­bém, a man­ter uma pos­tura de pro­teção àque­les que, por alguma razão estão impe­di­dos ou são frágeis, ainda que momen­tanea­mente, em relação a nós, como cri­anças, idosos, defi­cientes ou enfer­mos.

Por conta desta edu­cação “ser­taneja”, apren­dida com os pais e com os mais anti­gos da comu­nidade, estran­hei e con­tinuo a estran­har o trata­mento dis­pen­sado pelos políti­cos locais – e não ape­nas os que lhe fazem oposição –, mídia e puxa-​sacos de toda espé­cie ao atual gov­er­nador e can­didato à reeleição, Car­los Brandão, PSB.

Imag­inem que desde que o gov­er­nador ausentou-​se do estado para trata­mento de saúde – que suponho ser sério, uma vez que pela lóg­ica alguém recém-​empossado em um gov­erno de estado e com uma reeleição ren­hida pela frente, pre­cisando colo­car sua marca de gov­erno, não sai do cargo para tratar uma unha encravada ou reti­rar uns pés de gal­inha do rosto –, lhe tratam com tanto desre­speito e falta de empa­tia que inco­moda, não ape­nas aos que, como eu, tiveram uma edu­cação ser­taneja, mas a todos que se con­sid­erem cidadãos “de bem” ou que tragam algum sen­ti­mento de cri­stan­dade e solidariedade.

É bem ver­dade que todo período eleitoral é tempo de “vaca descon­hecer bez­erro”, mas, vamos con­vir, os ataques sofri­dos pelo atual man­datário estad­ual – a começar pela forma como se ref­erem a ele –, além de gros­seiros descon­hecem lim­ites entre o razoável e o desejo per­verso de reti­rar o outro, por qual­quer forma, do cam­inho.

Muito emb­ora e em uma situ­ação abso­lu­ta­mente difer­ente, uma vez que se tratava de um pres­i­dente eleito, quando da doença de Tan­credo Neves – que cul­mi­nou com o seu pas­sa­mento –, havia um sen­ti­mento de comoção, respeito e tor­cida para que tudo acabasse bem. Os mais vel­hos acom­pan­haram aquele calvário e devem lem­brar.

Na atual quadra política no Maran­hão, repito, não vemos qual­quer empa­tia ou sol­i­dariedade, seja pelo gov­er­nador, seja por seus famil­iares ou ami­gos – que sofrem junto com ele.

É como se o inter­esse eleitoral de “fazer” o can­didato de cada um vito­rioso se sobre­pusesse acima de tudo e de todos e de quais­quer sentimentos.

O gov­er­nador, entre a posse e o afas­ta­mento, deve ter ficado pouco mais de um mês no cargo e, assim mesmo, já sentindo os achaques da enfer­mi­dade.

Diante disso, penso que nem teve tempo de for­mar com­ple­ta­mente a equipe de gov­erno e mesmo que tenha for­mado, com ela não teve tempo sufi­ciente de traçar um plano de tra­balho e de ação – pois a saúde vem em primeiro lugar, a vida vem em primeiro lugar.

A despeito disso, o trata­mento rece­bido de quase todos tem sido o mais duro pos­sível – mesmo no período de inter­nação –, atribuindo-​lhe a respon­s­abil­i­dade por todos os desac­er­tos e malfeitos gov­er­na­men­tais que já vêm de anos.

As estradas esbu­ra­cadas? Culpa do atual gov­er­nador. O ferry-​boat não está aten­dendo a con­tento? Culpa do atual gov­er­nador. O Maran­hão aparece como o estado mais mis­erável da fed­er­ação? Culpa do atual gov­er­nador.

Ora, vice na Roma dos césares, a respon­s­abil­i­dade do atual gov­er­nador é a mesma dos demais que apoiaram o gov­erno ante­rior – e dele se ben­efi­ciou –, desde a sua insta­lação.

Aliás, diante da crise no trans­porte através do ferry-​boat, das estradas esbu­ra­cadas ou dos indi­cadores soci­ais africanos, dizia a um amigo, em data recente: —olha, todas as críti­cas que se faz à situ­ação do Maran­hão são dev­i­das. O prob­lema não são as críti­cas. O prob­lema que vis­lum­bro é que a maio­ria das críti­cas partem de pes­soas que não pos­suem qual­quer legit­im­i­dade para fazê-​las, pois estiveram no gov­erno – e até ainda estão mesmo que por inter­postas pes­soas –, desde o seu iní­cio, em 2015, e acharam mais cômodo calar-​se e usufruir das benesses enquanto se mostravam indifer­entes ao sofri­mento do povo. Estes mes­mos críti­cos, caso a escolha do grupo gov­ernista tivesse recaído sobre eles ou os seus, estariam na defesa do gov­erno e não apon­tando desac­er­tos para os quais estiveram “cegos” por sete anos e meio. Em resumo, as críti­cas podem e até são legí­ti­mas, os críti­cos, não.

Mas, retor­nando ao calvário do atual gov­er­nador, sinto que os seus adver­sários, dire­ta­mente ou através dos cos­tumeiros xerim­ba­bos, ao demon­strarem tão pouca empa­tia e falta de sol­i­dariedade por alguém enfermo, têm “errado a mão” ou a pop­u­lação não tem se deix­ado levar pela insidiosa cam­panha.

Vejam que as pesquisas de opinião pública sobre as eleições vin­douras, mesmo com o gov­er­nador “amar­rado” a um leito de hos­pi­tal por mais de trinta dias e sofrendo todo tipo de espec­u­lação sobre sua saúde, insin­u­ações sobre uma saída da dis­puta e até da vida, não rev­e­lam um pre­juízo sig­ni­fica­tivo em votos e apoios. Acred­ito até que tenha deix­ado de gan­har alguns pon­tos, mas não perdeu os que já tinha.

Mesmo a pesquisa Exata, que o apre­senta em ligeira desvan­tagem, não é “exata­mente” bené­fica aos seus adver­sários, caso se con­sidere o atual con­texto.

Enquanto o atual gov­er­nador encontra-​se hos­pi­tal­izado, repito, “amar­rado” a um leito, com suas per­nas amar­radas em dois ferry-​boat e na sua conta sendo deb­ita­dos a sec­u­lar mis­éria maran­hense, os seus adver­sários estão per­cor­rendo o estado em cam­panha eleitoral aberta, fazendo acor­dos e recebendo apoios de diver­sas lid­er­anças – muito emb­ora a leg­is­lação só per­mita a cam­panha a par­tir de mea­dos de agosto.

Ainda assim, não existe, até aqui, “um pre­juízo” sig­ni­fica­tivo à cam­panha do atual gov­er­nador, muito emb­ora se diga há quase um mês que ele não será o can­didato, que o can­didato a vice vai ou já assumiu a can­di­datura.

Se com todos estes “per­rengues”, emb­ora não tenha subido, não perdeu pon­tos, sig­nifica que os seus adver­sários já este­jam bem próx­imo do teto que poderão atin­gir, ainda mais se con­sid­er­amos que já estão em cam­panha há tanto tempo, alguns, há mais de qua­tro anos.

É bem ver­dade que gov­erno tem um poder de atração quase irre­sistível, mas mesmo com todas espec­u­lações sobre a saúde do gov­er­nador e até mesmo, certa tor­cida per­versa, para que o pior acon­teça, não se assiste a um clima de “fim de festa” nos Leões, como assis­ti­mos nos meses que ante­ced­eram ao pleito de 2014, muito emb­ora, naquela época, a atual gov­er­nadora estivesse em palá­cio e gozando de per­feita saúde.

Outro fato a ser con­sid­er­ado é que o ex-​governador e can­didato ao Senado, aparece com uma aceitação quase igual à soma dos dois can­didatos ao gov­erno que estão à frente nas pesquisas e que são orig­inários do seu grupo.

Tal fato, leva-​nos a acred­i­tar que os mes­mos ainda divi­dam o mesmo “espólio eleitoral” restando saber se haverá migração de votos para o can­didato que o ex-​governador apon­tar como “legí­timo herdeiro” do grupo ou se segurão divi­di­dos ape­sar dos pro­je­tos antagôni­cos que pas­saram a rep­re­sen­tar.

Espe­cial­mente sobre as pesquisas na mesa tratare­mos em um texto especí­fico.

De mais a mais, a mídia já anun­ciou a alta médica do gov­er­nador, que esper­amos, como cristãos solidários que somos, que volte logo e ple­na­mente reesta­b­ele­cido para cumprir a sua mis­são de gov­ernar o estado e enfrentar as batal­has que escol­heu enfrentar.

À todos um apelo: a política pre­cisa de sol­i­dariedade. Se o cidadão não con­segue ser solidário ao sofri­mento do seu próx­imo, jamais será capaz de enten­der as dores e o sofri­mento dos demais cidadãos.

Mais sol­i­dariedade é o que pre­cisamos.

Abdon Mar­inho é advo­gado.