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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

O PARTIDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.

O Partido dos Trabalhadores – PT, realizou entre os dias 11 e 13 de junho do corrente ano, seu quinto congresso nacional. Um encontro do qual nada se esperava e que nada de novo apresentou. Aguarda-se para a próxima semana o texto com o palavrório do que foi aprovado e recomendado. Ou seja, de NADA. 

Se há relevância na dita reunião é justamente por isso. Ocupando o poder por quase treze anos, depois de usarem se lambuzarem no poder, querem se desvincular da responsabilidade que possuem por seus equívocos como gestores, pela corrupção que foi institucionalizada na última década, pelo retorno da inflação, pelo baixo crescimento, pelas maiores taxas de juros de todos os tempos, pelo achatamento salarial dos trabalhadores, pelo desemprego crescente, pela violência, pela angústia da sociedade. 

O partido representa bem o que certa vez, noutro sentido e contexto, disse Oscar Wilde: “o amor que não ousa dizer o nome”. Hoje o Partido dos Trabalhadores é uma organização que experimenta uma semi-clandestinidade, um partido que não ousa dizer o nome. Não sou eu que digo isso, são os fatos.  A começar pelas eleições que já não falam em disputar partidariamente, como fizeram tantas vezes, com chapa pura, agora só falam em disputar se através de um tal coletivo de forças ditas progressistas e com os movimentos sociais.

O partido vai à TV e se diz contra, por exemplo, à terceirização da mão de obra. Entretanto o mesmo partido “terceiriza” o governo. Outro dia ouvi da própria presidente da República que o senhor Joaquim Levy não seria um Judas. Em seguida foi a vez do vice-presidente dizer que o senhor Levy seria o próprio Cristo.

Ora, o ministro da fazenda é o executor de uma política de governo que tem como comandantes máximos a presidente e seu vice (este além do papel de vice ocupa também o de articulador político do governo), bem como os partidos que dão sustentação ao governo, dos quais os principais protagonistas são o Partido dos Trabalhadores - PT, da presidente e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB, do vice. 

Não existe – como querem – a possibilidade dos detentores do poder escusarem-se da responsabilidade pelos acertos ou erros da política econômica ou de qualquer outra política a ser implantada. 

O senhor Levy não é o responsável, sozinho, pelos remédios amargos que está tendo de aplicar. O senhor Levy não terceirizou o governo. Estes remédios, todos eles, são da Sra. Dilma Rousseff e do Sr. Michel Temer, do PT e do PMDB. Eles não podem continuar no “armário”, se esconderem de suas responsabilidades.

Chega às raias do ridículo que o partido da presidente ou do vice-presidente ensaiem oposição ao ministro da fazenda e às medidas por ele implementadas. Ser governo é saber suportar o ônus e não apenas o bônus do encargo. Bônus, diga-se de passagem que souberam, como ninguém, usar.

A verdade, é que com uma política populista os donatários do poder, principalmente o partido da presidente, levaram a economia do país à ruína. Aqueles que no primeiro momento festejaram estão sendo chamados à realidade, à dura verdade que construíram um castelo de cartas. A conta chega justamente para os mais necessitados, é a conta de luz que, praticamente dobrou nos últimos meses, o financiamento estudantil que ficou muito abaixo do esperado, são os repasses dos programas sociais que tardam.

Se, durante o período eleitoral, a oposição ao governo e ao partido já se mostrou consistente (basta ver diferença minguada e suspeita de votos), quando as primeiras medidas vieram à tona com os aumentos dos preços controlados pelo governo, a população sentiu-se, com razão enganada.

O Partido dos Trabalhadores – PT, todos sabemos, não tem como fugir desta responsabilidade. Não tem como dizer que não tem nada com o que vem acontecendo. Se plantaram ventos,  colhem tempestades. 

As ondas de protestos de março e abril, embora se mostrassem contrárias ao governo, à corrupção e as demais chagas da política brasileira, identificou no partido da presidente a sua parcela de responsabilidade e passou a cobrar. No congresso do partido, nos dias acima, tivemos cenas de enfrentamentos entre populares e polícia. Os populares protestavam contra o partido. 

Acho que nem o a ARENA, partido que deu sustentação à ditadura, enfrentou protestos deste tipo ou foi tão hostilizada quanto o atual partido do governo. Chegamos ao ponto em que seguimentos – e não são poucos – cobrarem uma intervenção militar. Um absurdo. 

Esse tipo de cobrança identifica muito bem o grau de satisfação da população com o partido e o governo. 

Um pronunciamento da presidente da República em rede nacional de rádio e televisão foi acompanhado por “panelaços" em diversas cidades do país, fazendo com que a mesma ficasse discreta no uso destas redes nacionais deixando, inclusive, de fazer o tradicional pronunciamento do Dia do Trabalhador; depois a mesma foi vaiada numa exposição para comerciantes; em seguida, juntamente com o ex-presidente Lula foram vaiados em uma casamento; o prefeito de São Paulo, não pode ir a um restaurante ou teatro senão é vaiado. O mesmo acontece com todas as demais lideranças, outro dia foi a vez do Sr. Padilha, que, não faz muito tempo, era ministro da saúde, hoje está encostado numa das inúmeras “boquinhas" existentes na política nacional, sofrer uma descompostura pública em um restaurante.

A maior liderança do partido, o Sr. Lula, só consegue falar em público para a massa de militantes, fora disso não ousa aparecer. 

O congresso do partido terminou sem que as lideranças, nem para o público interno, fizessem uma “mea culpa”, agem como se não devessem satisfação a ninguém. Colocando nos outros as culpas de seus próprios desacertos. 

Pegos na roubalheira, nas “consultorias”, palestras milionárias ou nas propinas que institucionalizaram em tudo que é espaço de poder, apresentam como defesa que outros, antes deles, já faziam o mesmo. Quando muito, vêm com a desculpa de que a propina foi contabilizada como doação ao partido, a instituto, a empresa de palestra, a consultoria do Sr. Dirceu e que os impostos foram pagos. 

Vamos combinar que é muito pouco para quem prometeu durante as décadas que os antecedeu no poder, honestidade e retidão. 

O partido depositário de tantas esperanças do povo brasileiro conseguiu unir massas populares contra seu projeto político e contra as suas lideranças a ponto de até um programa eleitora de 10 minutos ser saudado com o estrondo das panelas dos cidadãos de bem e pagadores de impostos e das suas lideranças, originárias, muitas delas, das classes populares, não poderem frequentar a feira.

Abdon Marinho.