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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

LULA "FECHADO" COM BOLSONARO.

Por Abdon Marinho.

ALGUM brasileiro motivado pela inveja ou pelo ciúmes ou por ambos, inventou a troça de que nossos irmãos portugueses seriam “burros”. Durante anos, décadas, os mais imaginativos se puseram a criar piadas envolvendo nossos patrícios, colocando-os sempre na condição de desprovidos de inteligência.

Um amigo, que vez por outra vai à terrinha, e que tem muitos parentes por lá, diz que os portugueses riem dessa nossa estultice.

Falo de Portugal e de portugueses porque de lá, e deles, me socorre a lembrança de um ditado muito antigo que eu –  na minha sagrada ignorância nunca tinha compreendido –,  somente agora, começo a entender o seu real alcance e valia. 

O dito popular antigo de Portugal afirma que direita e esquerda se encontram. 

Quando digo que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva está “fechado” com o atual presidente Jair Bolsonaro não estou dizendo que os dois se encontraram e à sorrelfa   fizeram um acordo espúrio. 

Não é isso, em absoluto. É que a forma de agir de ambos convergem para a comunhão de interesses que atende aos dois. Noutras palavras, existe um acordo, de ideias e é espúrio, sim.

Podemos listar uma série de fatos e circunstâncias que acabam por dar razão ao antigo dito português: direita e esquerda se encontram e, acrescentaria, no Brasil, não apenas se encontram como estão mais juntas do que nunca.

O Brasil atravessa a pior crise sanitária da sua história. Não há registro de que uma moléstia ou qualquer outra tragédia que tenha causado tantas perdas humanas, em tão pouco tempo, quanto esta pandemia do coronavírus. 

Aí, vejo que o senhor Bolsonaro investido na condição de presidente da República, ao invés de assumir o comando dos esforços de combate a tragédia – como fez todos os demais presidentes do mundo civilizado –, fez (e faz) foi minimizar a tragédia, dizendo tratar-se de uma gripezinha, antes dos mil mortos; e, daí?, quando o número de mortos passou dos cinco mil; convite para churrasco, quando passou dos dez mil; ‘lamento, é assim mesmo”, quando passou dos vinte mil; indiferença quando passou dos trinta mil; “a globo não vai ter mais manchete”, quando a soma de perdas humanas, passou dos trinta e cinco mil.

Disse isso justificando a “estratégia” do governo de só divulgar os números de contágios e óbitos altas horas da noite, sem tempo dos mesmos serem veiculados nos telejornais  noturnos. 

O Brasil encontrou a forma peculiar de combater a pandemia: ocultar o número de mortos da patuleia. 

Devem pensar: se o jornal não divulgar o povo vai pensar que nada aconteceu. Maneiro.

Pois bem, além de não assumir o comando da situação, o presidente, sempre que teve chance, sabotou todas as estratégias de isolamento social, pregou o enfrentamento da pandemia “de peito aberto” – aquilo que Trump disse, nos criticando, que se tivesse feito, teria provocado a morte de dois milhões e meio de americanos –, e, estimulou, inclusive com a participação ostensiva de atos de aglomeração em apoio ao seu governo e contrários aos outros poderes da República.

Outros chefes de estado, vendo o que acontece no Brasil, não conseguem compreender como o chefe de uma nação estimula que os seus representados, em plena pandemia, arrisquem a própria vida num enfrentamento político que o próprio presidente provocou.

Bolsonaro fez e faz isso, e agora não está sozinho.

Quando o número de brasileiros mortos – pais e mães de famílias, avós, filhos, parentes amigos –, avança para a casa dos quarenta mil, tanto o atual presidente, quanto o ex-presidente Lula, inflam seus liderados para irem às ruas protestar contra e a favor do governo.

Eis a  prova cabal de que vivemos em uma nação na qual líderes pouco ou nada de respeito pela vida das pessoas demonstram. 

Essa estratégia comum de bolsonaristas e lulistas não é a única a dar razão ao ditado lusitano.

Outro dia dezenas de políticos, artistas, intelectuais e outros que os valham, assinaram um manifesto, segundo eles, em favor da democracia brasileira e contra o governo Bolsonaro.

Pelo que li a única força política que se eximiu de assinar foi o Partido dos Trabalhadores- PT, e seus líderes e liderados. 

A justificativa do próprio ex-presidente Lula, seria que muitos dos que assinaram o tal manifesto não seriam democratas e/ou outras desculpas equivalentes.

Sabemos que o ex-presidente e seu partido nunca foram de muito pudores em relação aos costumes. 

No poder, fizeram da corrupção uma estratégia, se uniram com todos os políticos corruptos do Brasil e do mundo; nunca viram nada demais em apoiar os ditadores mais horrendos da história da civilização. 

Ah, Lula, conta outra!

Aliás, a “coisa” anda tão sem rumo no Brasil que acabamos esquecendo que Lula é um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro que só está solto devido a leniência da Justiça brasileira com criminosos de “colarinho-branco”.

Na verdade, Lula e o PT, não assinaram o tal manifesto pois, como fizerem ao longo de suas histórias, acham que só eles têm a legitimidade para governarem ou para serem opositores aos governos. 

É assim desde o começo dos anos oitenta: Colégio Eleitoral, Constituinte; Plano Real, etc. 

Na eleição de Bolsonaro, Lula e o PT, foram decisivos. 

Bolsonaro escolheu o PT como adversário e o PT escolheu Bolsonaro. Tanto assim, que quando terminou o primeiro turno das eleições escrevi um texto: “Deu PT, e agora?”. Decidi ficar em casa no dia da eleição.

E continuam com a mesma estratégia para as próximas eleições. Lulistas e bolsonaristas enxergam que o confronto entre os dois grupos, a divisão abissal do país é a solução ideal para a ganância e sonhos de poder de ambos.

Firmes nesse pensamento justificam os maiores absurdos que os seus líderes digam ou façam. 

Os mais recentes foram as justificativas dadas pelos bolsonaristas para o “E, daí?”, de Bolsonaro, para montanha de mortos pela pandemia; e para o “Ainda bem”, de Lula, quando a montanha de mortos alçava ao número de dez mil pela mesma pandemia. 

Diferente de Bolsonaro que nunca se arrependeu por nenhum dos absurdos que vocifera dia após dia, condenando seus apoiadores a se desumanizarem para justificar o injustificável, o próprio Lula, vendo o tamanho da besteira que disse, tomou a iniciativa de se desculpar deixando apenas os bobos que correram para defender o absurdo de suas palavras com cara de tolo.

Existem diversos outros fatos que justificam o acerto do dito português em relação à sua aplicação prática na quadra política nacional, cito por derradeiro, o “encontro” da chamada “esquerda” do Brasil, representada por petistas, comunistas, lulistas, com a chamada “direita”, representada por bolsonaristas, terraplanistas, olavistas, etc., a união em torno do propósito único de destruírem o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro. 

Os esquerdistas não perdoam o ex-juiz por ele ter sido o responsável pelo desmonte do maior esquema de corrupção já montado em qualquer tempo da história do mundo para desviar dinheiro público e colocar na cadeia diversos membros de seus partidos, empresários “amigos”, e até o ex-presidente Lula. 

Aos esquerdistas pouco – ou nada –,  importa se as condenações vieram também de outros juízes, desembargadores ou ministros, o Moro é a encarnação do demônio.

Os direitistas, leiam, bolsonaristas, não perdoam o ex-ministro por ele não ter “baixado” a cabeça a um projeto de governo que vai ao encontro do eles próprios combatiam há bem pouco tempo: o aparelhamento das instituições republicanas, no caso, a Polícia Federal, e a leniência com a corrupção, o acordão guloso por verbas públicas que une o governo aos políticos do centrão.

Ambos, “direitistas” e “esquerdistas” se unem – e até têm e trabalham uma estratégia comum –, contra o ex-juiz e ex-ministro, devido ao receio que têm dele enveredar com afinco pelo caminho da política e conseguir romper com essa política extremista que está levando o país à ruína, à destruição e à morte.

No fundo as duas correntes desejam – e trabalham por isso –, aumentar o sentimento “anti”, antipetista, antiesquerdismo, anti-bolsonarista, anti-direita, para, a partir do ódio que conseguirem infundir nos cidadãos conquistarem ou manterem o poder. 

Nunca na história vimos – e veremos muito mais –, uma campanha de destruição de imagem tão sórdida, mas tão ajustada quanto está que estão fazendo contra o ex-ministro Moro. 

Esquerda e direta nunca estiveram tão afinadas e unidas num propósito quanto este de destruir aquele que enxergam com o principal e real adversário.

Essa mesma “união” não mira apenas Moro, ela vai se manter contra qualquer outro que tente romper com esse modelo de ódio que implantaram no Brasil. 

Qualquer um que tente ousar romper com isso enfrentará o ódio militante, as redes de fake news, dos dois grupos.

Não tenham dúvidas: Lula está “fechado” com Bolsonaro.

Abdon Marinho é advogado.