AbdonMarinho - OS MATADORES DE SONHOS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

OS MATA­DORES DE SONHOS.

OS MATA­DORES DE SONHOS.

UMA reportagem exibida por uma rede local de tele­visão chama a atenção para o drama, sem fim, da edu­cação ludovi­cense. Qual­quer pes­soa, com um mín­imo de com­pro­misso com a real­i­dade no seu entorno, não pode deixar de ver o deses­pero de pais, mães de famílias, mesmo os avós, que, acred­i­tando na edu­cação como fator deter­mi­nante para a mudança social, pas­sam noites em filas, bus­cando uma vaga para o filho na rede munic­i­pal de ensino.

Uma mãe, em deses­pero, não deixa de rev­e­lar sua revolta, como cidadã pagadora de impos­tos, pela humil­hação infligida pela admin­is­tração pública. Con­sciente, diz saber ser um dire­ito dos fil­hos a edu­cação sem que tenha que pas­sar dias e noites nas filas para garan­tir uma vaga.

Angús­tia maior é a sen­tida pelos estu­dantes que têm de supor­tar uma pre­ocu­pação que não é sua e, querendo estu­dar, não encon­tram apoio no poder público, como o caso de Maria Luiza já há três três meses fora da sala de aula e sem poder se matric­u­lar no sétimo ano posto que não con­cluiu o sexto ou do estu­dante Maciel Dias que falta con­cluir o sétimo ano do qual deve dois meses do ano de 2016 para ingres­sar no ano seguinte e se rev­ela pre­ocu­pado com a pos­si­bil­i­dade de vir a perder o ano.

Desde muito tempo que critico o desin­ter­esse das admin­is­trações da cap­i­tal (mas que serve para quase todos os municí­pios) com a edu­cação. Esta­mos em 2017 e, em ape­nas dois pará­grafos temos descorti­na­dos prob­le­mas sérios: a falta de vagas e a não con­clusão do ano letivo ante­rior, seja pelas greves – nem sem­pre jus­tas –, dos profis­sion­ais, seja pelas caras e infind­áveis refor­mas da rede de ensino, sem­pre pro­gra­madas – parece que de propósito –, para ocor­rerem quando os alunos dev­e­riam está em sala de aula.

O caos na edu­cação de São Luís parece não ter fim e são de todos os naipes.

Ainda hoje, a cap­i­tal, com mais de qua­tro­cen­tos anos, man­tém, com recur­sos públi­cos, cerca de 100 (cem) escol­in­has comu­nitárias que fun­cionam em pés­si­mas condições, em casas, com quar­tos minús­cu­los, trans­for­ma­dos em salas de aula, sem ilu­mi­nação nat­ural, sem insta­lações hidráuli­cas e elétri­cas cor­re­tas, sem insta­lações san­itárias decentes e suficientes.

Tais “arran­jos”, não podemos chamar isso de edu­cação – com as ressal­vas que sem­pre sabe­mos exi­s­tir –, nada mais são que instru­men­tos de dom­i­nação política que servem tam­bém ao propósito de enricar alguns esper­tal­hões. Muitas destas “escol­in­has» cobram men­sal­i­dade dos pais e ainda recebem recur­sos públi­cos do municí­pio e do gov­erno fed­eral. Pior, recebem, por per capita como se fizessem uma edu­cação de qualidade.

Os gov­er­nos munic­i­pais – a situ­ação não vem de agora pois já moro na ilha há mais de trinta anos e desde que cheguei acom­panho o prob­lema –, têm se mostra­dos inca­pazes de romper com um mod­elo de edu­cação que pode servir a tudo, menos para levar per­spec­ti­vas de mel­ho­ras à vida das crianças.

Deve servir, sim, para o toma lá da cá de pres­i­dentes de asso­ci­ações e vereadores, ao desvio de recur­sos públi­cos, à manutenção de famílias em cur­rais eleitorais e à corrupção.

Só isso jus­ti­fica que, em plena cap­i­tal do estado, em pleno 2017, ainda ten­hamos cerca de cem esco­las comu­nitárias, a maio­ria fun­cio­nando nas condições nar­radas acima servindo a rede pública.

Uma cap­i­tal com mais de qua­tro­cen­tos anos que não con­segue, sequer, ofer­e­cer vagas sufi­cientes aos estu­dantes da sua cir­cun­scrição, só pode ter muitos equívo­cos de gestão, sem con­tar o silên­cio cômodo dos órgãos de controle.

Será os pro­mo­tores de justiça e os procu­radores fed­erais con­hecem a real­i­dade destas esco­las comu­nitárias? Será que fiz­eram alguma visita incerta em algu­mas delas? Será que acom­pan­ham, com o rigor dev­ido, o gasto dos recur­sos públi­cos des­ti­na­dos à edu­cação? Como fun­cionam estas refor­mas sem fim, será que são feitas com qual­i­dades, com os pro­du­tos cer­tos e den­tro dos quan­ti­ta­tivos pagos? Será que os recur­sos são sufi­cientes ou estão sendo bem gastos?

Não con­sigo aceitar que um municí­pio do porte de São Luís não pos­sua estru­tura física para aco­modar seus estu­dantes. Há, clara­mente, uma falta de plane­ja­mento e com­pro­misso com a educação.

E esta falta plane­ja­mento e/​ou com­petên­cia é patente até para exe­cu­tar as coisas mais sim­ples da admin­is­tração do sistema.

Vejamos um exem­plo: o gov­erno fed­eral des­ti­nou para a cap­i­tal, segundo soube, 40 (quarenta) creches do tipo 1 e 2; destas, até onde se sabe, só foram lic­i­tadas 24 (vinte e qua­tro); e, destas 24, ape­nas 03 (três) foram ini­ci­adas e ainda assim, estas estão com as obras par­al­isadas por motivos diver­sos, desde a falta reg­u­lar de repasses a ali­men­tação defeitu­osa dos pro­gra­mas de con­t­role do FNDE. Não faz sen­tido algum isso.

Ora, quarenta creches, se não resolvessem o prob­lema, ao menos o amenizaria, e con­tra­partida do municí­pio, pelas regras do pro­grama é ape­nas con­seguir e entre­gar os ter­renos ter­raple­na­dos. O municí­pio não tem se desin­cumbido de um ônus tão sim­ples e que aliviaria, e muito, o prob­lema de mil­hares de famílias.

Se o municí­pio não con­segue rece­ber creches e mesmo esco­las ofer­e­ci­das “de graça” pelo gov­erno fed­eral, sorte mel­hor não tem a rede que gere. As esco­las munic­i­pais, pelo menos uma grande parcela, não pos­suem condições de fun­ciona­mento ou de ofer­e­cer uma edu­cação min­i­ma­mente sat­is­fatória as cri­anças, estão depredadas e muitas estão, estru­tu­ral­mente falando, obso­le­tas e se valem de incon­táveis anexo (casas alu­gadas) para enten­derem a demanda. Em resumo: no improviso.

Nes­tas condições, ainda que muitos pro­fes­sores ten­tem – exis­tem pro­fes­sores com­pro­meti­dos –, a edu­cação não será de qual­i­dade, estará bem aquém de colo­car os estu­dantes em condições de igual­dade com os seus cole­gas da rede pri­vada (que tam­bém não é grande coisa) ou de out­ras partes do país e do mundo.

A política edu­ca­cional brasileira é um fra­casso abso­luto, con­forme ates­tam quase todos os insti­tu­tos que medem a qual­i­dade do ensino, entre­tanto, aqui no Maran­hão, na grande ilha, ela sim­ples­mente não existe, esta­mos na mesma dis­cursão por décadas, enquanto o quadro só piora. Fal­tam vagas, segu­rança, trans­porte, estru­tura, qual­i­dade. Falta tudo. Não tem um ano em que as aulas não sejam inter­romp­i­das por qual­quer motivo. Tudo isso em pre­juí­zos de cri­anças como Maciel, Ana Luiza e tan­tos hoje que insis­tem em acred­i­tar na edu­cação como fatores deter­mi­nantes à mudança em suas vidas, que brigam com todas as forças por um futuro melhor.

Não bas­tasse o descal­abro da falta de estru­tura física, com­pro­me­ti­mento, as pou­cas coisas que se têm, não são colo­cadas para funcionar.

Querem um exem­plo? Cer­ta­mente as pou­cas esco­las da rede em fun­ciona­mento pos­suem lab­o­ratórios de infor­mática. Quan­tos será que funcionam?

Como é que cri­anças sem acesso as coisas mais comez­in­has do mundo poderão se sen­tir val­orizadas, voca­cionadas ou estim­u­ladas a con­tin­uarem seus estudos?

As nos­sas cri­anças e jovens foram (uma grande parte delas) aban­don­adas pelos pais que não se sen­tem na obri­gação de educá-​las; estão sendo aban­don­adas, mais uma vez, pelo Estado que não cumpre seu papel de ofer­e­cer uma edu­cação de qualidade.

Sem as per­spec­ti­vas que dev­e­riam obter tanto do núcleo famil­iar quanto do Estado e sofrendo as ten­tações do mundo externo, com o con­sum­ismo, din­heiro fácil, não pre­cisamos ser gênios para desco­brir o futuro que aguarda a sociedade.

O cidadão comum pos­sui pou­cas alter­na­ti­vas na vida para mudar sua vida e ser o sen­hor do seu des­tino, as prin­ci­pais são: a edu­cação e muito trabalho.

O que fazem com a edu­cação tor­nam os gestores públi­cos autên­ti­cos mata­dores de sonhos.

Abdon Mar­inho é advogado.

Comen­tários

0 #1 João Luiz Pereira 12-​02-​2017 01:20
Política de Gov­erno & Pro­jeto de Poder
1.
Política de Gov­erno:
[por exem­plo: roubar o BNDES. Não os fun­cionários do banco. Nem os dire­tores etc. Mas a Política do Gov­erno [do PT, é lógico — por acaso está escrito aqui na minha TESTA: otário?].
2.
E Pro­jeto de Poder do PT (é lógico):
Ficar no Poder infini­ta­mente. Até 2030, seguido etc.
Aquele papo furadís­simo que o PT é isso. Que o PT é aquilo. Picare­ta­gens do tipo:
- Que o PT é pro­gre­sista.
- Só o PT é bom (em um país com 34 par­tidos reg­istra­dos)
- Que você é » Cox­inha» (gíria sem nen­hum EFEITO, paulista, do meio poli­cial).
- Que você é de «dire­ita» (como se fosse palavrão).
- Nosso prob­lema econômico é uma «marolinha» (Lula).
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