AbdonMarinho - EDUCAÇÃO NÃO É QUINHÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

EDU­CAÇÃO NÃO É QUINHÃO.

EDUCAÇÃO NÃO É QUINHÃO.

Sobre a minha mesa de tra­balho, no escritório, man­tenho um mapa do municí­pio onde nasci. Vez por outra além indaga a razão de sua pre­sença se não tra­balho lá. Emb­ora não seja uma ver­dade abso­luta, cos­tumo dizer que o man­tenho para não esque­cer de onde vim, um povoado com seis casas, no lim­ite entre Gov­er­nador Archer e Gonçalves Dias, tão no lim­ite que meu reg­istro diz uma coisa e o mapa diz outra.

Gosto de ficar olhando para ele, ver min­has ori­gens e refle­tir sobre elas. Nestes vagares, uma única certeza, nada que sou acon­te­ceria sem a edu­cação. Foi ela que per­mi­tiu que um órfão filho de agricul­tores, tivesse son­hado e bus­cado um futuro mel­hor ape­sar de suas limitações.

Por diver­sas vezes, já escrevi, neste mesmo espaço, sobre os desafios da edu­cação no Estado do Maran­hão, onde ela padece de tudo, desde a falta de com­pro­misso de muitos gestores, a falta de moti­vação de pro­fes­sores, o desin­ter­esse dos estu­dantes, a falta de estru­tura, e da cor­rupção em todas suas eta­pas. Nos últi­mos dias o mundo tem tomado con­hec­i­mento da real­i­dade, que nós, que con­hece­mos o Estado, já sabíamos desde muito tempo: falta de merenda esco­lar, cadas­tros frau­da­dos, esco­las fun­cio­nando sem água, sem ban­heiro, em bar­racões e até em taperas; cri­anças tendo as aulas reduzi­das por falta de ali­men­tos ou col­hendo nos per­cur­sos, caju, maga ou out­ras fru­tas para se ali­menta­rem nos inter­va­los. Já ouvi mais uma pes­soas infor­mar que que exis­tem esco­las que ainda não abri­ram as por­tas de 2013 para cá, tendo os estu­dantes que se matric­u­larem em esco­las de municí­pios viz­in­hos para não perderem o ano-​letivo. Os recur­sos que min­guaram nos últi­mos anos, graças aos equívo­cos cometi­dos pelo Min­istério da Edu­cação — MEC, quase nada rep­re­sen­tam quando lev­a­mos em conta os desvios para empre­sas fan­tas­mas ou para as con­tas da agio­tagem que con­tinua mais viva e pre­sente em todos os quad­rantes do Maran­hão. (Sobre isso escrever­e­mos logo mais).

Assim como acho, abso­lu­ta­mente falso, se falar em desen­volvi­mento por conta conta das políti­cas de trans­fer­ên­cias de renda, acho, do mesmo modo, falso, se dizer que tive­mos mel­ho­rias na edu­cação nos últi­mos anos. Sem­pre me per­gunto, como é que se fala em mel­ho­rias se cada vez mais desco­b­ri­mos que as pes­soas sabem, hoje, menos sobre quais­quer ramos do con­hec­i­mento que na década ante­rior e menos ainda, que há vinte, trinta anos? Emb­ora algum numero aqui e ali, digam o con­trário, o meu sen­ti­mento é que na questão edu­ca­cional, vem acon­te­cendo uma regressão, cada vez mais acen­tu­ada, a cada ano que passa.

Neste cenário, as pes­soas que, como eu, têm pre­ocu­pação com o assunto, aguardam ansiosas que o governador-​eleito, informe o nome que escol­heu para a del­i­cada e impor­tante mis­são de reti­rar o Maran­hão da “rabeira\» dos indi­cadores soci­ais que tratam do tema pois urge que se faça algo consistente.

Os noti­ciosos locais têm colo­cado a pasta da edu­cação como na cota de par­tidos políticos.

Entendo tratar-​se de um grave equiv­oco colo­car tão grave assunto nas cota de A, B ou C, e não na cota de respon­s­abil­i­dade pes­soal do gov­er­nador. Não que se duvide da com­petên­cia dos quadros dos par­tidos políti­cos, seja ele, P, D ou T. É que essa, é uma respon­s­abil­i­dade, a meu ver, indelegável, do gov­er­nador, da mesma decorre o futuro político, econômico e social do Estado do Maran­hão e sobre a qual, ele, o gov­er­nador, respon­derá diante desta e das futuras gerações.

Não se trata, de modo algum, de se desprezar o que já foi feito no setor, mas entendo que a edu­cação maran­hense, pre­cisa ter suas bases redefinidas. Daí a importân­cia que deve recair sobre o futuro secretário.

Precisa-​se de alguém com respeitabil­i­dade para chamar prefeitos e secretários munic­i­pais para um novo diál­ogo, novas parce­rias e uma ação con­junta que eleve a qual­i­dade do ensino. Não adi­anta ter um secretário uni­ca­mente para admin­is­trar a a rede de ensino estad­ual, isso tam­bém, mas, sobre­tudo, alguém que entenda não fazer qual­quer sen­tido ter­mos uma rede de ensino apta e estru­tu­rada para rece­ber os estu­dantes, se estes não foram bem prepara­dos na base.

A sec­re­taria estad­ual pre­cisa acom­pan­har o apren­dizado de todos os estu­dantes, este­jam eles nas redes munic­i­pais, na rede estad­ual ou fed­eral. Só com esse acom­pan­hamento, essa política con­junta, com a cor­reção de equívo­cos, se con­seguirá sair da situ­ação vex­atória que nos encontramos.

Nos últi­mos tem­pos, a sec­re­taria estad­ual, tem se lim­i­tado a admin­is­trar sua rede, a rece­ber os estu­dantes egres­sos das redes munic­i­pais, sem ter feito qual­quer inter­venção no apren­dizado na base – se faz alguma, é de tal forma, tímida ou pon­tual que não surte qual­quer efeito. O que temos visto é cada municí­pio, cada escola, ter seu próprio cal­endário, con­teúdo, forma de cobrar resul­ta­dos, sem qual­quer dimen­sion­a­mento comum, nem mesmo através do Con­selho Estad­ual de Edu­cação. É o cam­inho do desastre.

Nos acos­tu­mamos a ver que até mesmo a rede estad­ual, sobre­tudo, nos lugares mais longín­quos, é deix­ada ao encargo dos gestores munic­i­pais que indicam dire­tores, fazem o trans­porte esco­lar, na maio­ria das vezes, sem con­vênios for­mal­iza­dos, para não deixarem os estu­dantes sem aula.

A edu­cação é o desafio de uma política de Estado. Não pode ser tratada como cota par­tidária ou entregue a qual­quer, ficando longe das vis­i­tas do gov­er­nador. Um lugar per­me­ável a for­mação de nichos de cor­rupção na aquisição de ali­men­tos, mate­r­ial de con­sumo, segu­rança, limpeza, etc., ou voltada para que par­tido e/​ou pes­soas este­jam mais inter­es­sadas em fazer negó­cios a cuidar do futuro de mil­hares de crianças.

Não enten­der isso, é começar a tril­har o cam­inho do fra­casso e com­pro­m­e­ter o futuro das ger­ações vindouras.

Abdon Mar­inho é advogado.