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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

OS PUNGUISTAS DO PODER.

O Maranhão, sobretudo, São Luís, possui uma riqueza de personagens. O chargista Cordeiro Filho tem diversos trabalhos que os retratam.  Sobre um destes personagens maranhenses, um punguista da Rua Grande (que não me recordo que tenha sido objeto de trabalho do profissional de charges referido), acredito já tenha falado. Se já falei, falarei novamente, se não, falo agora. Contam os mais antigos que na principal artéria da capital um malandro a aproveitar-se dos descuidos dos transeuntes para furta-lhes as carteiras e bolsas. Suas vítimas principais eram as mulheres. Quando a vítima dava pela falta da carteira ou bolsa, ele era o primeiro a sair gritando, junto com a vítima: “Pega ladrão!”, \"pega ladrão!” 

E, no tumulto que se formava, acabava por se perder no meio do povaréu.

Não consigo deixar de pensar no personagem quando vejo as manifestações dos governistas do poder central diante dos escândalos que se sucedem. Aliás, é mais fácil faltar coceira em barriga de macaco que escândalo no governo dos companheiros.

Vejam, eles, o partido da presidente, do seu vice-presidente e mais alguns da base aliada estão sendo acusados e há provas, confessadas e documentadas, de roubarem bilhões de reais da maior estatal brasileira, a Petrobras. Informações preliminares apontam que só o Sr. Alberto Youssef, \"lavou\" cerca de R$ 10 bilhões (evito colocar os zeros para não confundir os leitores). Os acordos para devolução do mal havido por parte dos delatores já somam R$ 425 milhões de reais, valor correspondente a apenas cinco delatores.”Só o quinhão deles, a comissão que cobravam pelo \"servicinho\" sujo.  Só o ex-diretor Paulo Roberto Costa já devolveu mais de R$ 70 milhões de reais. Outros envolvidos estão no mesmo caminho;  os acusados que aceitaram acordo de delação já afirmaram que a “propina\" iam para três partidos, Partido dos Trabalhadores - PT, da presidente da República, Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB, do vice-presidente da República e Partido Progressista - PP, da base aliada”, e variavam de um a três por cento do valor de cada contrato; alguns empresários já confessaram que  sofriam pressão dos intermediários dos partidos para pagar a \"comissão\". 

Uma empresa estrangeira já devolveu mais de US$ 200 milhões de dólares, por conta dos subornos pagos aos executivos brasileiros para conseguir contratos com a Petrobras. 

Essas mesmas noticias dão conta do envolvimento de diversos ministros, governadores, presidente e ex-presidente e de cerca de 100 parlamentares. Até agora.

Como vemos, nunca se teve notícia de esquema de tamanha envergadura para saquear cofres públicos, em tempo algum da história do Brasil. Na verdade essa é uma afirmação que deveria, com mais justiça que todas as outras que abusamos de ouvir nos tempos, que nunca na história deste país se roubou tanto.

Pois bem, quando digo que os líderes governistas e seus aliados agem como os punguistas de outrora é porque eles saem aí garganteado que são os autores de toda essa investigação, que a Polícia Federal, o Ministério Público e até o Pode Judiciário, estão que estão fazendo todo esse trabalho, o fazem por sua inspiração. E vão além, no cinismo sem fronteiras: as investigações vão prosseguir, doar a quem doer. Palavras do ministro da justiça e da presidente da República.

Eu não me dava conta desse golpe de gênio. Os governistas nomearam os ladrões, cobraram as propinas, contrataram os doleiros para lavarem o dinheiro sujo, envolveram uma rede enorme de aliados de todos os partidos da sua base de sustentação, tudo com o propósito de depois mandarem investigar e colocar os malfeitores na cadeia. Genial. Nesse ritmo, pelo andar da carruagem, o próximo passo será a presidente mandar decretar sua própria prisão e do seu antecessor, o Sr. Lula.

Como vemos, isso não faz o menor sentido.  Entretanto é isso que estão vendendo aos incautos. Que as investigações que aponta a para os seus partidos são por obra dos atuais mandatários e não das instituições. Que nos governos anteriores isso tudo seria engavetado. Não socorre, sequer, pensar que nossas instituições, em que pese as tentativas reiteradas de aparelhamento, estão mais maduras. Há, ainda, a ridícula colocação que são os tucanos, da Globo, da Veja, da Polícia Federal, os responsáveis pela roubalheira. 

Sobre essas teses, outro dia li, em algum lugar, acho que nas redes sociais, que se tornaram caixa de ressonância de tudo que é loucura, a seguinte colocação: O golpe fracassou, empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras também doaram aos tucano. 

Coisa de maluco. O que tem demais que tenham doado se não há proibição alguma a isso? Não há problema em fazer doação para campanhas, a esse ou aqueles partidos. O que se está discutindo é o esquema de corrupção montado com o consórcio do poder, para colocar sobrepreço em obras e serviços para que esta diferença retornasse aos cofres dos partidos e seus líderes; o que está errado é a cobrança de propinas de um a três por cento em todos contratos, como está se comprovando agora. Quem montou o esquema que está levanto a Petrobras à bancarrota foram os governistas e seus aliados e não os opositores. O esquema subiu as escadas do Palácio do Planalto, conforme já dito e comprovado por depoimentos e provas, por suas ações e de seus aliados. 

Lembro que 2005, logo que estourou o escândalo do mensalão, um amigo, muito querido, tentou justificar que aquela bandalheira era desculpável por ser em nome da causa. Disse-lhe, claramente que não era aceitável, sob nenhuma hipótese que aqueles que foram eleitos para colocar o país nos trilhos tivesse como meta sofisticar os mecanismos de corrupção em nome de qualquer coisa.

Ainda que fosse para uma causa fictícia não seria aceitável. 

Repito: As pessoas não são são eleitas para roubar o dinheiro público, ainda que em nome de qualquer causa. 

Agora estamos diante uma bandalheira ainda maior. Mais uma vez as autoridades e seus líderes tentam a todo custo, desviar a atenção e erguer falsas cortinas de fumaça para encobri-la. Mais uma vez não têm razão em sangrar a nação.

Abdon Marinho é advogado.