CERTEZAS, DÚVIDAS, DESGRAÇAS.
QUANDO MENINO, bem menino, costumava dizer – sem nenhuma originalidade –, que na vida, só tínhamos certeza da morte. Com o passar do tempo e já com a responsabilidade dos adultos, passei a dizer – também sem qualquer originalidade –, que tínhamos certeza de duas coisas: que um dia morreríamos, mas que antes disso, pagaríamos muitos, muitos, impostos.
A política brasileira, ao menos momentaneamente e sem descurar da esperança que um dia, talvez não tão distante, alcançaremos dias melhores, me trouxe mais uma certeza: certamente morreremos, com mais certeza ainda pagaremos impostos e, que a classe política brasileira piora a cada eleição que passa, constituindo para as finanças públicas, a mesma coisa que representa para a plantação, o que os cataclismos para as infraestruturas das nações, as tragédias nucleares para a humanidade.
Tal certeza decorre de uma simples análise das matérias que diariamente inundam os noticiosos. A última – pelo menos até aqui, certamente teremos outras antes mesmo de publicar este texto –, revela que o Partido dos Trabalhadores – PT, além de todo o mar de lama já exposto, mais uma ocupação: roubar moedas, um roubo silencioso dos gabinetes, mas no varejo, um setenta centavos, setenta centavos ali, outros acolá, até atingir a estratosférica quantia de 100 milhões, ou mais. Não bastasse a atitude de roubar já ser reprovável, há, ainda, um ingrediente a torná-la mais medonha: roubavam moedas dos trabalhadores. Daqueles desvalidos e/ou fragilizados que precisavam tomar empréstimos consignados. Dia após dia, estavam lá tirando uma moedinha dos trabalhadores a quem juraram defender e proteger da exploração capitalista.
Sabemos, e as notícias e provas estão aí a atestar, que coisas bem piores fizeram, roubos bem maiores praticaram, mas, não deixa de ser emblemático que também roubassem no varejo, moedinhas. E, logo eles que alcançaram o poder com a promessa de modificar os costumes e fazerem tudo diferente do que vinham fazendo os partidos que ocuparam o poder antes deles.
Não deixa de ser irônico, mas sigamos em frente.
Lembro, desde que me entendo por gente, de os mais velhos dizerem: – nunca vi uma representação política tão ruim.
E, cada nova eleição tal frase se repetindo. Certa vez, ao ouvir tal colocação de um amigo, respondi-lhe: – espera mais quatro anos que certamente verá.
O Brasil, e isso não é de hoje, tem assistido o minguar de homens públicos decentes. Cada vez, se cristaliza a certeza que a atividade política, a representação ou a direção dos negócios do Estado, não se destinam às pessoas de bem (as exceções existem apenas para justificar a regra), antes à malta de incapazes que uma vez no poder se mostram capazes de tudo.
A atividade política virou uma espécie de "porto seguro" para aqueles que não servem para nada e que ingressam na política não para servir ao Estado e sim para servir-se dele.
Neste cenário, o Maranhão é um (grave) caso à parte. Por onde passamos temos a notícia ou a comprovação de municípios destruídos pela ação dos agiotas que, em face da omissão dos cidadãos, se assenhoram do poder e passam a exercer, de fato, o poder político.
Estes agiotas tornaram-se os verdadeiros "fazedores" de prefeitos, retirando, após as eleições, os valores investidos nos pleitos multiplicados por uma infinidade de vezes. Isso, quando não colocam familiares ou prepostos para, através dos quais, comandar estes municípios.
Os exemplos da prática nefasta estão aí, espalham-se pelo estado inteiro, com o risco de nestas eleições, sem uma ação efetiva dos promotores e juízes eleitorais, e também da polícia, tomarem "de assalto" inúmeros outros municípios.
A prática da agiotagem disseminada pelo estado, não está restrita apenas aos rincões mais atrasados, há notícias da ação criminosa em municípios médios e até mesmo na capital. São notícias graves, como uma dando conta de solicitação de dinheiro a estes financiadores informais por jornalistas para "trabalharem" a campanha de algum ou alguns postulantes.
As polícias, estadual e federal, precisam apurar se tais notícias possuem fundo de verdade até para desestimular ideias deste tipo.
Noutra quadra, caso se confirme isso, será mais uma desgraça a se somar a falta de perspectiva dos eleitores da capital.
Não é de hoje que São Luís padece de um marasmo e os eleitores são compelidos a votar mais por exclusão que por convicção.
A eleição deste ano será mais uma assim. Os eleitores não têm em quem votar e, por isso mesmo, se obrigam apenas a escolher o menos ruim ou motivar o voto no interesse pessoal e momentâneo a ser obtido.
Diante do quadro posto, não tenho razão para recrimina-los. Não é que os candidatos postos sejam ruins do ponto de vista pessoal, até, com pilhéria chego a dizer que são todos candidatos bons, e completo, "para casar".
Sejamos francos, os candidatos colocados à disposição dos eleitores da capital, em que pese possuírem qualidades pessoais, que não discuto, não estão à altura do desafio de administrar os imensos problemas que a cidade enfrenta e que precisa superar. Me perdoem por tal franqueza, temos diante de nós, e já vem de longe, exemplos claros de inapetência gerencial. Não são estes quadros que irão resolver os problemas de São Luís, nenhum deles, e torço para está errado, me parece capaz de fazer de São Luís a capital que todos os maranhenses almejam.
Lamento que os nomes colocados à disposição do eleitorado "pareçam" tão incapazes, só espero que não sejam capazes de tudo.
Seria a desgraça total.
Abdon Marinho é advogado.