AbdonMarinho - A arrogância derrotada.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 22 de Setem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A arrogân­cia derrotada.

A ARROGÂN­CIA DER­RO­TADA.

Por Abdon Marinho.

APE­NAS na noite de domingo, 29/​11, tomare­mos con­hec­i­mento de quem será o novo prefeito da cap­i­tal, respon­sável por con­duzir os des­tino da cidade pelos próx­i­mos qua­tro anos.

Será bem antes, acred­ito, dos amer­i­canos saberem quem será o pres­i­dente que assumirá o comando dos EUA, a par­tir de 20 de janeiro de 2021, eleito no pleito ter­mi­nado em 3 de novem­bro último – essa infor­mação é ape­nas para “tirar sarro” da cara dos grin­gos. Rsrsrs.

Emb­ora não saibamos que será o vence­dor, em que pese haver uma tendên­cia em favor do can­didato Braide, cer­ta­mente, já sabe­mos que o grande der­ro­tado é o gov­er­nador do estado, sen­hor Flávio Dino, pois ainda que con­siga reverter o quadro e eleger o seu can­didato Duarte, rev­e­lando a sutileza de um rinoceronte numa loja de cristais, estraçal­hou a sua base “ali­ada” e mostrou que não é o líder que se ven­dia.

O TSE ainda não encer­rara a total­iza­ção da cap­i­tal e sua excelên­cia, sem con­sul­tar ninguém, sem falar com um pres­i­dente de par­tido, já anun­ci­ava o nome do seu ungido. Mel­hor dizendo, o ungido do gov­erno.

No dia seguinte, segundo dizem, fez espal­har que a par­tir daquele momento aquele que não seguisse com o seu can­didato seria con­sid­er­ado “inimigo do gov­erno”. Não sei se é ver­dade. Parece-​me uma dema­sia mesmo para os padrões autoritários dos regimes total­itários ocul­tos além da Cortina de Ferro, de triste memória.

O certo é que vi diver­sos inte­grantes do gov­erno – os fãs do gov­er­nador –, externando-​se fiéis ao sen­hor Dino e fazendo juras de “amor eterno” ao novo candidato.

Todos pas­sando “por cima” de cer­tos princí­pios, inclu­sive, do fato de que o can­didato fez cam­panha enquanto con­t­a­m­i­nado pelo vírus da covid-​19, colo­cando em risco a vida de dezenas de pes­soas.

Isso parece não ter qual­quer relevân­cia para o gov­er­nador e mesmo para as suas autori­dades de saúde.

Alguns, mais real­is­tas que o rei, até já ini­cia­ram uma espé­cie de “caça aos infiéis”, como se fazia antiga­mente com as bruxas. Tendo, até mesmo, secretário que “ameaçou” os que não mar­chas­sem unidos, com o fogo do inferno de Dante. Mas, acred­ito que tenha sido ape­nas por “força de expressão”.

Ocorre que fora estes fãs, a quem, se o gov­er­nador pedisse para deixar de res­pi­rar por meia hora, mor­re­riam, mas cumpririam a deter­mi­nação, o que se viu foi que ninguém mais – falo dos políti­cos com expressão –, deu “bola”, para a escolha do gov­er­nador e/​ou para as ameaças veladas ou explíc­i­tas de um ou outro xerim­babo.

Tanto assim que durante a sem­ana foram se declarando neu­tros ou que emprestariam apoio ao can­didato “inimigo”.

No Maran­hão evoluí­mos tanto que os adver­sários políti­cos voltaram ao sta­tus de inimi­gos.

Fal­tando pouco mais de dois anos para o tér­mino do man­dado, o gov­er­nador do estado, como se diz nos Esta­dos Unidos dos pres­i­dentes em fim de mandato, vira uma espé­cie de “pato manco” pre­coce.

Se brin­car vão começar a servir o cafez­inho dele frio.

Se o gov­er­nador do estado imag­i­nava que bas­tava ele declarar o seu apoio e todas as demais forças políti­cas que “gravi­tam” em torno dos Leões iriam aceitar sem qual­quer “senão”, curte um certo diss­a­bor.

Basta dizer que a escolha do gov­er­nador não encon­trou aceitação nem mesmo entre as lid­er­anças do seu próprio par­tido.

Aliás, boa parte da sem­ana – após a declar­ação de apoio do gov­er­nador ao seu can­didato –, a sociedade ludovi­cense “gas­tou” comen­tando a “humil­hação” a que fora sub­metido o can­didato do par­tido gov­er­nador, dep­utado Rubens Júnior, que tendo sido ofen­dido na sua honra e da sua família, quedou-​se e engoliu o “amor próprio” para apoiar o ofen­sor.

O mais que ouvi foram comen­tários sobre a humil­hação do ex-​candidato, mais, até, que o fato do can­didato ter ido para segundo turno.

Ao levar a dis­puta da eleição da cap­i­tal para den­tro do palá­cio – segundo denún­cias, lit­eral­mente –, o gov­er­nador se diminui politi­ca­mente, pois não con­segue sus­ten­tação entre seus prin­ci­pais ali­a­dos e faz a eleição, que pode­ria ser tran­quila, virar um “vale-​tudo” para qual só a vitória inter­essa.

Se a der­rota vier, ela não será mais do can­didato, será a der­rota do gov­er­nador. Já a vitória será do can­didato, do vice-​governador, do dep­utado fed­eral Maran­hãoz­inho, sim, dele também.

Sem con­tar que, com a vitória ou com der­rota, a ante­ci­pação do pleito de 2022, já está feita e ele, o gov­er­nador, sem qual­quer pos­si­bil­i­dade de influir no des­tino da sucessão e depen­dendo dos out­ros para uma even­tual dis­puta para o Senado ou aven­turas mais perigosas, frag­iliza este arco de apoios.

Ao decidir entrar “de cabeça” na eleição do seu ex-​aluno e ex-​auxiliar, sem con­ver­sar, pre­vi­a­mente, com ninguém, deixou de con­sid­erar algu­mas variáveis.

A primeira, que o can­didato que pas­sou para o segundo turno – e deve se elo­giar a tenaci­dade por haver con­seguido tal feito –, dig­amos, que não é a pes­soa mais querida entre seus pares. Desde que entrou na Assem­bleia Leg­isla­tiva, logo no primeiro dia, disse que lá era ele é mais 41 dep­uta­dos. A frase, se não me falha a memória foi: “eu cheguei”. Depois foram as reit­er­adas notí­cias de plá­gios e apro­pri­ação de pro­je­tos de leis alheios, e tan­tas out­ras polêmi­cas desnecessárias, fru­tos da ima­turi­dade.

A segunda, que can­didato durante o pleito, indifer­ente ao fato de que pode­ria ir para o segundo turno e que pre­cis­aria de ali­a­dos, foi para cima de “todo mundo” com “a faca nos dentes”, como se não pre­cisasse de ninguém ou con­fiando que depois todos viriam pelo “beiço”, em obe­diên­cia ao gov­er­nador.

A ter­ceira, que emb­ora poder e espaço político “quanto mais mel­hor”, hoje os dep­uta­dos, prin­ci­pal­mente, os fed­erais, com o vol­ume de ver­bas ori­undo de emen­das par­la­mentares, pre­cisam muito pouco do gov­erno estad­ual, que, aliás, con­soli­dou a fama de ser como “terra de cemitério”.

A quarta, é o inter­esse, políti­cos como Wev­er­ton Rocha e Oth­e­lino Neto, além de diver­sos dep­uta­dos fed­erais, sabem que na prefeitura gov­er­nada por Duarte Júnior, quem “darão as car­tas” serão o dep­utado Maran­hãoz­inho e o vice-​governador Car­los Brandão, dois que querem jus­ta­mente o que os dois primeiros alme­jam.

Para este políti­cos, ainda que não con­tem com a prefeitura a “seu favor”, bem mel­hor que ela não esteja, lit­eral­mente, con­tra.

Daí saberem não ser do inter­esse de ambos a eleição do pro­te­gido do gov­er­nador. Trata-​se de cál­culo político.

A quinta e última var­iável – ao menos que estou lem­brando –, é que a lid­er­ança do gov­er­nador é “emprestada”, vale dizer, depende de out­ros líderes.

Não con­heço ninguém, prefeitos, dep­uta­dos, vereadores, lid­er­anças, que ten­ham apreço por sua excelên­cia, a imagem que têm dele é a pior pos­sível, o estilo pro­fes­so­ral e arro­gante deses­tim­ula qual­quer aprox­i­mação.

Longe das câmeras e dos ouvi­dos indis­cre­tos, dizem hor­rores. Se o tol­eram é pela força dos Leões.

Lá na frente, já sem essa força, o atual gov­er­nador é que vai pre­cisar deles.

Quem parece ter uma leitura mel­hor do quadro político é o atual prefeito, Edi­valdo Holanda Júnior.

Muito emb­ora tenha feito quase que dois mandatos “pífios”, agora, na reta final, parece ter “acor­dado para Jesus”, para encer­rar o man­dado com diver­sas obras feitas ou anda­mento, deu a sorte de con­seguir que as obras de revi­tal­iza­ção ocor­resse no seu mandato, o que por si é algo extra­ordinário, bem avali­ado pelos eleitores e “na boa” com a classe política, por não ter se envolvido na dis­puta pela sucessão.

Achou que ninguém sabe nem em quem votou.

É ver­dade que ele sem­pre teve uma avali­ação mel­hor que da sua gestão, com as pes­soas ainda que críti­cas do seu gov­erno, preser­vando sua imagem pes­soal, tanto assim, que nem mesmo os escân­da­los ou notí­cias de cor­rupção, chegaram perto de arran­har sua imagem.

Já o gov­er­nador do estado, ao trazer a dis­puta para o campo pes­soal, tra­bal­hando, inclu­sive para torná-​la nacional, ten­tando dizer que a dis­puta é entre o can­didato dele e o can­didato de Bol­sonaro – muito emb­ora seja o seu can­didato o fil­i­ado ao par­tido do fil­hos de pres­i­dente e que o pres­i­dente apoiou foram os can­didatos deste par­tido em vários esta­dos –, pode até gan­har, é bem pos­sível que ganhe, pois como dizia meu pai “gov­erno é gov­erno”, mas, mesmo vitória, não o fará vito­rioso.

Se vier a vitória, será uma vitória de Pirro, sem qual­quer mérito, com o abu­sos diver­sos, que já estão sendo denun­ci­a­dos diari­a­mente, um retorno à velha política dos tem­pos dos coro­néis – e para os fins que já trata­mos acima.

Não existe mérito no que vem acon­te­cendo na atual quadra política, muito pelo con­trário.

Abdon Mar­inho é advogado.