AbdonMarinho - Ainda bem, não é, Lula?
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 22 de Setem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

Ainda bem, não é, Lula?

AINDA BEM, NÃO É, LULA?

Abdon Mar­inho.

QUANDO a pan­demia do novo coro­n­avírus ceifou a vida de cinco mil irmãos brasileiros, o pres­i­dente da República, sen­hor Bol­sonaro, inda­gado sobre o vol­ume de mor­tos, saiu-​se com a seguinte frase: “E, daí? Lamento, sou mes­sias, mas não faço mila­gres”.

Pen­sei ter ouvido a maior boçal­i­dades já dita por uma pes­soa a respeito de tan­tas vidas per­di­das – muitas delas por culpa do próprio gov­erno –, e, assis­tido ao maior exem­plo de falta de empa­tia e de respeito, não ape­nas pelos mor­tos – que já não lêem os epitá­fios das man­hãs –, como bem dizia o poeta e escritor Nauro Machado, mas por suas famílias restam sofrendo suas per­das.

Depois, claro, ainda tive­mos o con­vite para chur­rasco – sub­sti­tuído pelo pas­seio de moto aquática –, quando o número de mor­tos chegou a dez mil; e, por último, com o número de óbitos diários pas­sando dos mil e a mor­tan­dade total chegando a vinte mil, a piad­inha infame e poli­ti­zada de que “os de dire­ita tomam cloro­quina e os de esquerda, tomam tubaína”.

Isso é coisa que um pres­i­dente da República, em meio a uma tragé­dia de tamanha mag­ni­tude, faça? Alguém con­segue imag­i­nar um grande líder mundial, um estadista, que ver­dadeira­mente mereça esse título, fazer tão pouco caso com a des­graça de seus gov­er­na­dos? Com o deses­pero dos seus famil­iares ante a perda de um ente querido? Ou, mais de um, como temos visto acontecer?

Chego a dolorosa con­clusão que, talvez, o caso de sua excelên­cia, seja de internação.

Pois bem, como des­graça pouca é bobagem, no mesmo dia em o sen­hor pres­i­dente fazia a piad­inha infame, foi a vez dos seus algo­zes da esquerda engolirem o cuspe e silen­cia­rem diante de uma frase tão ou mais infamante quanto qual­quer uma já dita pelo atual pres­i­dente da República, durante essa pandemia.

No mesmo dia em que o Brasil “cravava” o triste recorde de perder mais de mil brasileiros em um único dia — acred­ito que o maior número diário para uma nação, até mesmo para os Esta­dos Unidos, com seu mais de um mil­hão de meio de infec­ta­dos –, e “beirar­mos” a assom­brosa marca de 20 mil mor­tos para a pan­demia, foi a vez do ex-​presidente Lula da Silva, em entre­vista ao jor­nal­ista Mino Carta da revista “Carta Cap­i­tal”, saudar o surg­i­mento do novo coronavírus.

A frase com­pleta do ex-​presidente, para que não digam que foi tirada do con­texto é a seguinte: “Ainda bem que a natureza, con­tra a von­tade da humanidade, criou esse mon­stro chamado coro­n­avírus. Porque esse mon­stro está per­mitindo que os cegos come­cem a enx­er­gar que ape­nas o Estado é capaz de dar solução a deter­mi­nadas crises”.

Ainda bem, “né”, Lula?

Como disse, a sociopa­tia do pres­i­dente é caso de inter­nação. Mas, o que dizer de alguém que “se vende” – e é “com­prado” por uma grande parcela da sociedade brasileira e mundial –, como um grande líder das mul­ti­dões se sai com esse tipo de coisa?

Ainda que de forma incon­sciente – dou esse desconto “inde­v­ido” por conta de sua baixa instrução –, o Lula, rev­e­lando sua total amoral­i­dade, cor­rob­ora com o dis­curso das fran­jas “bol­sonar­is­tas” de que essa maldita molés­tia, que está trazendo infortúnio a tan­tos lares no Brasil e no mundo, é uma arma política para ser usada ide­o­logi­ca­mente a favor do seu par­tido e da sua causa.

Na visão do ex-​presidente Lula, o balu­arte da esquerda brasileira, o vírus é “bom” pois está trazendo luz ao seu dis­curso sobre a importân­cia do Estado macro.

É isso que o Lula diz com todas a letras.

E, não duvido que inter­na­mente, a despeito de tanto sofri­mento que o vírus está cau­sando, deseje que ele mate muito mais brasileiros, talvez cem, cento e cinquenta, talvez duzen­tos mil.

Aí sim, o brasileiros vão “enx­er­gar” a mar­avilha que é o estado macro, prove­dor de todas as neces­si­dades da humanidade.

Veja que o Lula, malan­dra­mente, diz que o vírus é uma “con­spir­ação” da natureza con­tra von­tade da humanidade.

Qual o propósito disso? Sim­ples, afir­mar que a natureza “pro­duziu” o vírus para que a humanidade pas­sasse a enx­er­gar que “ape­nas o Estado é capaz de dar solução a deter­mi­nadas crises”, o macro estado, o estado comu­nista é, por outro lado, afas­tar a ideia – e sus­peita de muitos –, de que o vírus seria uma arma biológ­ica cri­ada proposi­tal­mente pelo gov­erno Chinês ou mesmo que, invol­un­tari­a­mente, tal exper­i­mento, “fugiu” do con­t­role de seus laboratórios.

Essa tese de arma biológ­ica já foi descar­tada por cien­tis­tas sérios, porém ainda ali­menta os son­hos deli­rantes de cer­tas fran­jas dire­itis­tas que querem bus­car um cul­pado e de prefer­ên­cia que ele (o cul­pado) seja o inimigo ide­ológico principal.

O ex-​presidente Lula na sua frase imoral e ver­gonhosa tenta con­struir nar­ra­tiva – que não duvido seja assim­i­lada e “com­prada” por grande parte dos seus seguidores.

Mas, vendo de outro modo, se o vírus fosse uma cri­ação humana e não nat­ural, com o condão de levar a luz as pes­soas para enx­er­garem as mar­avil­has do Estado macro, ele perde­ria o sta­tus de “ainda bem”?

Acom­pan­hando a vida política brasileira há tan­tos, emb­ora fique chocado – como agora –, com as enormi­dades ditas por Lula, elas já não me causam surpresas.

O que me causa estu­por, ver­dadeira­mente, é a hipocrisia dos seus ali­a­dos.

Há pouco mais de vinte dias, quando o pres­i­dente da República, pro­feriu o infamante “e, daí?”, diante dos mil­hares de mor­tos, pági­nas e pági­nas de jor­nais, bits e bits de inter­net foram gas­tos para para repu­diar – com razão –, a sua colo­cação desastrada.

A frase do pres­i­dente da República, infame, infe­liz, debochada, escrota, e tudo mais que se possa adje­ti­var, foi dita num con­texto de situ­ação posta. Isso está feito, e, daí?

Claro, dita por alguém que tem a respon­s­abil­i­dade de diri­gir o país, o que a agrava substancialmente.

Mas, a frase do ex-​presidente Lula, que dirigiu o país por oito anos, que elegeu suces­sor e tudo mais – emb­ora não tenha ele respon­s­abil­i­dade atual pelo rumos do país –, se reveste de muito mais gravi­dade.

O Lula, assim como o Bol­sonaro, rev­ela total indifer­ença pelo sofri­mento das pes­soas, a mesma falta de empa­tia e de respeito, e com uma agra­vante, ele “saúda” o vírus como uma coisa boa, como um “lib­er­ta­dor” da cegueira coletiva.

E faz isso moti­vado pelo mais mesquinho dos inter­esses: o inter­esse politico/​eleitoral, pela guerra pelo poder, pelo inter­esse ideológico.

Para Lula, o que sig­nifica mil­hares de vidas humanas diante do ganho político e ideológico?

O Lula não é pior que seus ali­a­dos, sub­al­ter­nos ou adu­ladores.

Todos colo­cam “a causa” à frente da vida, da ética ou da humanidade.

Não fiz­eram do roubo aos recur­sos públi­cos uma “causa de Estado”?

No fundo repro­duzem a velha e hor­renda frase de Stalin, para quem a morte de uma pes­soa era uma tragé­dia, mas a morte de mil­hões era uma estatística.

Daí o silên­cio obse­quioso que fazem diante desta última enormi­dade de Lula. Cadê os “tex­tões” de repulsa? Cadê os tuítes histéricos?

O silên­cio. Só restou o silêncio.

No fundo a ver­dadeira doença que infesta e mal­trata mais esse esse pais e a doença moral.

É a doença moral que faz com que não importe o que se diga, mas quem o diga.

Abdon Mar­inho é advogado.

PS. A ilus­tração é uma gen­til colab­o­ração do amigo Cordeiro Filho.