AbdonMarinho - TOMEM TENÊNCIA, SENHORES.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

TOMEM TENÊN­CIA, SENHORES.

Tomem tenên­cia, senhores

Uma cri­ança inocente mor­reu num bár­baro crime que desafia a com­preen­são de qual­quer ser humano. Eu, pelo menos, não con­sigo enten­der como alguém possa ter cor­agem de jogar com­bustível sobre cri­anças e atear fogo. Vai além de qual­quer clas­si­fi­cação tamanha torpeza.

Ape­nas esse fato em si, já seria motivo para des­per­tar uma grande inter­ro­gação ou fazer pen­sar a sociedade em que vive­mos. Entre­tanto, o que se ver por aqui são autori­dades e seus xerim­ba­bos colo­carem a gravi­dade do crime em segundo plano e começarem uma ver­gonhosa e odi­enta poli­ti­za­ção da crise.

Desde a sexta até hoje, o que assisto é ao jogo de empurra-​empurra, a atribuições de cul­pas e a explo­ração política. A cri­ança imo­lada e cada um mais pre­ocu­pado o que posso perder ou que posso gan­har com isso.

E nos últi­mos dias, enquanto muitas autori­dades, gov­er­nadora, prefeito, dep­uta­dos estad­u­ais e fed­erais, senadores, vereadores, sum­iam, as autori­dades que apare­ciam era ape­nas para ten­tar tirar alguma van­tagem, direta ou indi­reta do fato ou para dizer que a culpa, a respon­s­abil­i­dade era do outro.

Apar­elho de segu­rança colo­cando a culpa no judi­ciário, out­ros colo­cando a culpa no apar­elho de segu­rança. Apare­ceu até quem achasse que era hora para criticar a falta de condições da rede de saúde do municí­pio.
Foi assim no sábado, domingo e prin­ci­pal­mente na segunda. Redes soci­ais, blogues, pro­gra­mas de rádio. Todos, de uma forma ou de outra, trataram de colo­car em segundo plano o que de fato inter­es­sava: os crim­i­nosos enfrentando o estado, ater­ror­izando a pop­u­lação. Esse é o prin­ci­pal problema.

Diante dos ataques a gov­er­nadora, man­datária maior do estado, dev­e­ria coman­dar a reação do estado, acal­mar a pop­u­lação, assi­s­tir os neces­si­ta­dos e não ape­nas hoje, com notas e aparições na TV. A reação ficou por conta do secretário de segu­rança, que ao longo dos anos em está à frente da sec­re­taria não con­seguiu con­quis­tar a con­fi­ança nem dos coman­da­dos quanto da população.

Se não me falha a memória as víti­mas mais graves foram lev­adas para o Socor­rão II, uma unidade de saúde que sabe­mos está muito longe de aten­der sat­isfa­to­ri­a­mente quem que que seja muito menos a víti­mas de uma guerra declar­ada con­tra o estado.

As víti­mas da guerra, foram tratadas como um caso nor­mal, cor­riqueiro do setor de emergên­cia e não como víti­mas de uma guerra que não pedi­ram para par­tic­i­par e da qual sequer pud­eram fugir dev­ido a covar­dia dos facínoras.

Nesta segunda, as notas ofi­ci­ais dos gov­er­nos estad­ual e munic­i­pal, nas quais infor­mam que estão solidários, se colo­cam à dis­posição. Em seguida as noti­ciam que estão assistindo as víti­mas e seus famil­iares, com ces­tas bási­cas, apoio psi­cológico, etc.
Indago, porque não assi­s­ti­ram desde o primeiro momento? Por que não chegaram no momento em que ocor­riam os ataques ou logo em seguida? Por que pas­saram um final de sem­ana inteiro sem con­sid­erar a gravi­dade da situ­ação das vítimas?

Não estou dizendo que a menina pode­ria ser salva se as autori­dades tivessem agido rápido, talvez deslo­cando a paciente para uma unidade de queima­dos de refer­ên­cia, em abso­luto, sabe­mos o quanto é difí­cil o trata­mento para queimaduras tão graves, mas não podiam ter ten­tado? Não podiam no momento que os ataques ini­cia­ram chamar a respon­s­abil­i­dade para si e assi­s­tir as víti­mas, levá-​las aos mel­hores cen­tros ao invés de deixá-​las por não sei quanto tempo num hos­pi­tal como o Socor­rão II, que sabe­mos não ofer­ece condições razoáveis para um atendi­mento deste tipo?

Não. Com relação ao trata­mento das víti­mas o que tive­mos foi a man­i­fes­tação do secretário de saúde do estado denun­ciando as pés­si­mas condições do hos­pi­tal e que o municí­pio desati­vara a unidade de queima­dos e con­tin­u­ava a rece­ber recur­sos por um serviço que não prestava.

Em seguida foi a vez do municí­pio negar a existên­cia da unidade de queima­dos e nunca rece­bera por tal serviço para aquela unidade. Enquanto isso as víti­mas, pelo que se via, con­tin­u­avam num hos­pi­tal sem condições de atendi­mento ade­quadas.
As autori­dades do Maran­hão, ao que me parece, só agora se dão conta de todo o risco que cor­reu a pop­u­lação, quer dizer, imagina-​se que tenha se dado do risco que cor­reu é que ainda corre em face de tão precária estru­tura de se segu­rança. Igno­raram a declar­ação de guerra dos crim­i­nosos, depois igno­raram o trata­mento que dev­e­riam dá as víti­mas preferindo ficar no jogo de empurra para uma questão em que a coisa mais fácil é iden­ti­ficar os culpados.

Meus sen­hores, os cul­pa­dos são todos. Meus sen­hores, ao invés de se ocu­parem de assun­tos eleitorais se ocu­pem dos inter­esses do estado e final­mente, sen­hores, tomem tenência.