AbdonMarinho - A tragédia só é menor que o crime.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A tragé­dia só é menor que o crime.

A TRAGÉ­DIA É MENOR QUE O CRIME.

Por Abdon Marinho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, rep­re­sen­tando médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.

Abdon Mar­inho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, representando

A TRAGÉ­DIA É MENOR QUE O CRIME.

Por Abdon Marinho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, rep­re­sen­tando médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

A TRAGÉ­DIA É MENOR QUE O CRIME.

Por Abdon Marinho.

ANTES do meu natalí­cio, em 8 de out­ubro, o Brasil reg­is­trará a triste e assom­brosa marca de 600 mil mor­tos pela COVID-​19. Nunca, em nen­hum momento da nossa história, havíamos pas­sado por tamanha provação.

O Brasil, em número de mortes pela pan­demia, só fica atrás dos Esta­dos Unidos da América, que reg­is­traram 700 mil mor­tos na sem­ana que findou.

Difer­ente do que pen­sei no iní­cio do ano, que o Brasil ultra­pas­saria os EUA em número do mor­tos, isso não ocor­reu, e já acred­ito que não ocorra, porque a ignorân­cia que ali­menta as cam­pan­has anti-​vacinas no irmão do norte são bem mais fortes que por aqui.

Os dados disponíveis lá e cá com­pro­vam o que os cien­tis­tas dizem desde o iní­cio da pan­demia: que a vaci­nação salva vidas.

Nos esta­dos onde houve forte adesão às nor­mas de dis­tan­ci­a­mento social e à vaci­nação os con­tá­gios e as mortes dimin­uíram enquanto que naque­les onde deu-​se o con­trário reg­is­tram um aumento de casos e, por con­se­quên­cia, de mortes.

A despeito de serem ricos e poderosos os amer­i­canos sem­pre tiveram, com razão, a fama de incul­tos ou bur­ros, para usar uma lin­guagem mais pop­u­lar, a pan­demia está provando que não foi à toa que con­struíram tal fama.

Hoje, os EUA reg­is­tram uma média de 1.500 mortos/​dia graças a refração à vaci­nação em massa, três vezes a média do Brasil, uma prova mais que elo­quente de que a ignorân­cia mata.

Mesmo com os números mostrando que as mortes estão ocor­rendo entre aque­les que não se vaci­naram e que são ínfi­mas as mortes entre os que foram imu­niza­dos, a ignorân­cia e falta de sol­i­dariedade con­tin­uam provo­cando esse número assus­ta­dor de víti­mas.

Outro dia, vi um memo­r­ial impro­visado naquele país em hom­e­nagem aos 700 mil mor­tos, até ali, uma mar de ban­deir­in­has bran­cas sim­bolizando cada vida per­dida. Mesmo de longe e pela tele­visão não tive como ficar indifer­ente.

Se nos Esta­dos Unidos podemos deb­itar à ignorân­cia o número de mor­tos, a reflexão que faze­mos para o Brasil é bem dis­tinta assim como as respon­s­abil­i­dades.

O EUA pos­suem uma vez e meia a pop­u­lação do Brasil (331 mil­hões e 211 mil­hões), têm 700 mil mor­tos por aqui quase 600 mil, o que numa regra de pro­por­cional­i­dade nos coloca à frente deles no triste rank­ing da tragé­dia.

Muito além do número absurdo de víti­mas que pan­demia tem feito no Brasil, o que se rev­ela mais grave e mais escan­daloso é a rev­e­lação de que, sem qual­quer base cien­tí­fica, gov­er­nantes e parte da ini­cia­tiva pri­vada ten­tou – e fez –, exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com a vida dos cidadãos, prin­ci­pal­mente dos mais despro­te­gi­dos: os idosos.

Houve um exper­i­mento cien­tí­fico em Man­aus, Ama­zonas, onde as pes­soas enfer­mas foram tratadas como coba­ias. Já falamos deste assunto aqui, no nosso site ante­ri­or­mente, retorno a ele para fazer um “link” com as infor­mações mais recentes.

Quem não assis­tiu, recomendo que se inteire do depoi­mento da advo­gada Bruna Morato na CPI da Pan­demia, no Senado da República.

Quando um advo­gado fala algo ele o faz com a con­sciên­cia do peso de suas palavras.

Então, quando a Dra. Morato diz que os pacientes da Pre­vent Senior foram feitos de “coba­ias” em exper­i­men­tos sobre medica­men­tos sem eficá­cia com­pro­vada se val­endo da vul­ner­a­bil­i­dade deles para par­tic­i­parem “novos trata­men­tos”, ela sabe da gravi­dade que tal imputação acar­reta.

Mas foi além. Disse que o hos­pi­tal não detal­hava os riscos que os pacientes cor­riam; que houve ordem para a real­iza­ção de testagem em massa dos supos­tos medica­men­tos por parte do dire­tor da Pre­vent Senior, com añuên­cia da cúpula da empresa.

A advo­gada rela­tou em rede nacional que médi­cos con­trários ao “trata­mento pre­coce” eram demi­ti­dos pela empresa ou sofriam retal­i­ações por não receitarem o “kit COVID”.

Uma outra infor­mação de gravi­dade ímpar relatada pela advo­gada foi que a empresa agia assim, tam­bém, por moti­vações econômi­cas, dis­tribuindo os kit’s de forma pre­ven­tiva porque não pos­suíam leitos sufi­cientes para aten­der seus clientes, acres­cen­tando que os médi­cos não tin­ham autono­mia sobre os tais kit’s que eram dis­tribuí­dos dire­ta­mente pela empresa aos pacientes e que o incen­tivo à uti­liza­ção das sub­stân­cias sem eficá­cia com­pro­vada con­tra a doença se dava por ser mais barato.

Segundo a advo­gada a empresa Pre­vent Senior colaborou com a elab­o­ração dos pro­to­co­los pro­pa­gan­dea­dos pelo gov­erno fed­eral, notada­mente o pres­i­dente Bol­sonaro, aler­tando para um suposto “pacto” entre a equipe econômica e inte­grantes do “Min­istério da Saúde Para­lelo” para evi­tar medi­das restri­ti­vas. O obje­tivo seria “val­i­dar” o suposto estudo da Pre­vent Senior, para depois fazer uma cam­panha nacional de aber­tura da econo­mia brasileira; os médi­cos rep­re­sen­ta­dos por ela tin­ham a sen­sação que a empresa tinha o aval do Min­istério da Saúde para a real­iza­ção de exper­i­men­tos com os pacientes.

Ainda segundo a advo­gada, a empresa em questão manip­ulava dados do paciente para omi­tir as mortes por COVID, ocul­tando a infecção por COVID do ates­tado de óbito.

Este é um breve resumo, do que disse a advo­gada – que, repito, tem con­sciên­cia da gravi­dade de cada uma de suas palavras –, em uma CPI do Senado da República.

E ela disse muito mais do que con­segui resumir.

Como a reper­cussão do depoi­mento da advo­gada é bem menor do que a relevân­cia das suas palavras, acred­ito que isso ocorra por já estar­mos aneste­si­a­dos pelos acon­tec­i­men­tos no país. As mortes já são banais, números meras estatís­ti­cas, os crimes já não nos dizem nada ou, talvez, esta­mos todos numa espé­cie de “dèjà-​vu” cole­tivo ilusório de que os fatos agora relata­dos não acon­te­ce­ram agora mas há mais de setenta anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Exis­tem pon­tos – exceto pela cir­cun­stân­cia de que os envolvi­dos não são os respon­sáveis pela pan­demia –, que são com­patíveis com crimes de guerra ocor­ri­dos no con­flito mundial de 1939 a 1945 do século pas­sado.

Daquele con­flito é que traze­mos a lem­brança de exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos com coba­ias humanas, espe­cial­mente pelo mais famoso dos médi­cos nazis­tas, Josef Men­gele (19111979), nos Cam­pos de Con­cen­tração.

Agora, no Brasil, quase oitenta anos depois daquele con­flito, ouvi­mos relatos de uma advo­gada, rep­re­sen­tando médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.

médi­cos, dizer que pacientes, prin­ci­pal­mente idosos frag­iliza­dos, foram usa­dos como “coba­ias” em pseu­dos exper­i­men­tos cien­tí­fi­cos, muitos deles já repu­di­a­dos pela comu­nidade cien­tí­fica mundial.

Em qual­quer outro lugar do mundo, o Min­istério Público e a Polí­cia Fed­eral estariam apu­rando tais fatos e não ape­nas assistindo as apu­rações de uma CPI.

Os fatos ocor­ri­dos no Brasil foram gravís­si­mos, na ver­dade, foram crimes prat­i­ca­dos por autori­dades e par­tic­u­lares con­tra a saúde dos cidadãos que provo­caram ou con­cor­reram com a morte de mil­hares de pes­soas. Essa é a ver­dade.

Fatos de tamanha gravi­dade não se coad­unam com silên­cios e omis­sões. Os que calam e os que se omitem tam­bém são cúm­plices.

Os médi­cos do país que tiveram con­hec­i­mento ou par­tic­i­param de exper­i­men­tos crim­i­nosos pre­cisam esclare­cer o seu papel nesse teatro de hor­rores.

Sabe-​se agora que outra oper­adora de Plano de Saúde, segundo um médico, ori­en­tou a mesma prática. Um paciente, segundo a mesma matéria, a quem receitaram medica­men­tos sem qual­quer eficá­cia, negaram-​lhe o oxigênio necessário.

Este escapou. Quan­tos não tiveram a mesma sorte?

Outro dia li ou vi em algum veículo de comu­ni­cação que o pres­i­dente da República em entre­vista para um par­tido político alemão teria dito que a pan­demia ape­nas abre­viara a vida de pes­soas que já iriam mor­rer mesmo em pouco tempo.

Uma suposta declar­ação tão “destram­bel­hada” e desprovida de empa­tia que custo acred­i­tar, ainda mais quando esta­mos diante de 600 mil vidas per­di­das para a pan­demia.

Mas, vive­mos tem­pos estran­hos, são tan­tas infor­mações em uma sem­ana que ten­demos a achar que tudo vai bem ou que nada acon­te­ceu.

O Brasil pre­cisa sair deste estu­por. Os brasileiros pre­cisamos pas­sar o país o limpo com a apu­ração e punição exem­plar para tan­tos quan­tos tenha prat­i­ca­dos ou con­cor­ri­dos com a prática de crimes.

Somente depois disso, podemos seguir em frente.

Abdon Mar­inho é advogado.