AbdonMarinho - SUCESSÃO ESTADUAL: PRETERIDO, ROCHA REJEITA O DIVÓRCIO, QUE SERÁ LITIGIOSO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

SUCESSÃO ESTAD­UAL: PRETERIDO, ROCHA REJEITA O DIVÓR­CIO, QUE SERÁ LITIGIOSO.


SUCESSÃO ESTAD­UAL: PRETERIDO, ROCHA REJEITA O DIVÓR­CIO, QUE SERÁ LITI­GIOSO.

Por Abdon Marinho.

ATRIBUI-​SE ao senador Vitorino Freire (19081977) a frase: “na política do Maran­hão até boi avoa”.

No primeiro texto que escrevi sobre a sucessão estad­ual tratei da cisão den­tro da base do gov­er­nador Flávio Dino em razão de ele já ter deix­ado clara a opção para a “sua” sucessão pelo atual vice-​governador, Car­los Brandão.

Expliquei que a rein­serção do ex-​presidente pres­i­dente Lula no jogo da sucessão pres­i­den­cial for­t­ale­ceu o gov­er­nador no cenário político local e nacional e que, para ele, diante da nova con­jun­tura e de suas pre­ten­sões, pare­ce­ria mais viável uma aliança com o grupo do ex-​presidente Sarney.

Disse que não inter­es­saria ao atual ocu­pante dos Leões fazer a chamada “tran­sição de ger­ações”, pois, ainda, com um mandato de senador, com Rocha no poder, jamais seria uma lid­er­ança política como foi Vitorino Freire ou mesmo o ex-​presidente José Sar­ney.

Pois bem, muito emb­ora tudo que já foi dito não esteja descar­tado, a “não opção” do sen­hor Dino pelo senador pede­tista Rocha, pode ser uma questão de sobre­vivên­cia política para o primeiro, con­forme ver­e­mos mais à frente.

Como assis­ti­mos durante o cor­rer da sem­ana o “preterido” fez de tudo para des­fazer ou mesmo mudar a decisão do gov­er­nador e voltar à condição de “preferido” para a dis­puta.

O “cerca Lourenço” envolveu juras de leal­dade ao grupo, unidade em torno de pro­jeto e até mesmo uma reunião com o ex-​presidente Lula com dire­ito a declar­ações de apoio de lid­er­anças petis­tas as pre­ten­sões de Rocha, bem como, a not­in­has plan­tadas na imprensa local e nacional de que o palanque dele teria espaço para dois can­didatos à presidên­cia da República: Lula e Ciro.

Mais adi­ante os ami­gos verão que haverá espaço para um ter­ceiro can­didato – este oculto.

O jogo bruto para ten­tar se impor como can­didato do grupo do gov­er­nador foi tamanho que liguei para um querido amigo e per­gun­tei: — fulano, como é mesmo aquela música de Adri­ana Cal­can­hoto que diz “… já arran­hei os seus discos”?.

A música, muito boa por sinal, é “Men­ti­ras” e começa assim:

Nada ficou no lugar

Eu quero que­brar essas xícaras

Eu vou enga­nar o diabo

Eu quero acor­dar sua família

Eu vou escr­ever no seu muro

E vio­len­tar o seu gosto

Eu quero roubar no seu jogo

Eu já arran­hei os seus discos

Que é pra ver se você volta

Que é pra ver se você vem

Que é pra ver se você olha

Pra mim

…”

Se o gov­er­nador não é o tolo que imag­ino que não seja, não dev­erá cair nes­tas juras de amor e par­tir, o quanto antes, para o divór­cio liti­gioso.

A revista Veja que se cir­cula esta sem­ana traz duas reporta­gens que têm influên­cia política sobre o Maranhão.

A maio­ria das pes­soas só devem ter enx­er­gado uma: a que diz que o Maran­hão está muito bem na fita de com­bate à pan­demia, apre­sen­tando índices com­paráveis à de países de primeiro mundo, citando como exem­plo a Ale­manha, afir­mando que o número de mortes no estado por 100 mil habi­tantes gira na casa de 101.

Muito emb­ora duvide de todos os números – sobre tudo –, apre­sen­tado pelo gov­erno maran­hense, não tenho ele­men­tos e provas para contestá-​los. Por outro lado, isso não é o assunto para esse texto.

O que importa para o texto sobre a sucessão estad­ual é que os números rev­e­la­dos for­t­alece o gov­er­nador comu­nista no cenário político brasileiro.

Não que tenha condições de vir a ser um can­didato a pres­i­dente da República, mas, cer­ta­mente um nome a ser con­sid­er­ado para vice-​presidente na chapa de Lula e sob as bênçãos do ex-​presidente Sarney.

O for­t­alec­i­mento do gov­er­nador comu­nista é reforçado, inclu­sive, pelo próprio pres­i­dente da República, sen­hor Bol­sonaro, que o elegeu como adver­sário político e alvo pref­er­en­cial.

Essa sem­ana mesmo disse para seus que “iria var­rer o comu­nismo do Maran­hão”.

Nunca “botei fé” em lid­er­ança política que “briga para baixo”, ou seja, pres­i­dente briga com gov­er­nador; gov­er­nador briga com prefeito; prefeito brigar com vereador, etc.

Toda vez que, quem está numa posição supe­rior, briga com quem está numa posição infe­rior, é ela que está “descendo” para a briga, se dimin­uindo e for­t­ale­cendo o adver­sário.

Fosse eu o pres­i­dente pode­ria ter a provo­cação que tivesse, não daria bola.

O pres­i­dente da República faz o con­trário, não só “dá bola” como “desce” para brigar.

Volte­mos ao texto.

Pois bem, como dizia, não creio que o “cerca Lourenço” ou mesmo as “juras de amor eterno” sur­tam os efeitos alme­ja­dos pelo senador pede­tista.

Vejamos o gesto mais sig­ni­fica­tivo da sem­ana, na minha opinião: a “reunião” com Lula.

Quando, lá pelos anos 2.000, ocor­reu uma breve aprox­i­mação do ex-​governador Jack­son Lago com o ex-​presidente Sar­ney, brin­cal­hão como só ele sabia ser, Cafeteira, saiu-​se com essa: – essa aprox­i­mação não é nada sério, diria que “só” estão “ficando”.

Pois bem, essa reunião de Rocha com Lula, as declar­ações de petis­tas em favor do pede­tista, são a mesma coisa, diria que foi ape­nas uma “ficada”.

A relação séria mesmo é a de Lula com Sar­ney. Há vinte anos, acho que desde 2001, após o “caso Lunus”, que estão jun­tos – já pode­riam até pedir pen­são mutu­a­mente –, com o par­tido do ex-​presidente Lula apoiando sem pes­tane­jar os can­didatos do Sar­ney no Maran­hão, não refu­garam nem mesmo para o notório Edinho, que antes lev­ava um numeral após o nome – pelo con­trário, foram com júbilo.

Isso para dizer que Lula can­didato a pres­i­dente da República estará vin­cu­lado ao pro­jeto político de Sar­ney e se este estiver com o Dino, será o mel­hor dos mun­dos para ele. Ou seja, não há chances do Lula subir no palanque do pede­tista, a não ser que este­jam todos jun­tos e mis­tu­ra­dos.

Como isso difi­cil­mente acon­te­cerá, o senador pede­tista “queimou o filme à toa” com o pré-​candidato do seu par­tido Ciro Gomes – que já disse cobras e lagar­tos e que não esque­cerá a desfeita.

Uma ilus­tração: enquanto Rocha divul­gou as fotografias de sua “ficada” com o Lula, esse, no dia seguinte, fez questão de “posar” e pub­licar a foto com Sar­ney, a relação séria.

A segunda reportagem de Veja com reflexos e influên­cia para a sucessão maran­hense é que fala de uma “República de Planaltina”, uma pro­priedade de um advo­gado brasiliense, onde as grandes decisões do gov­erno Bol­sonaro são tomadas.

Esse advo­gado, ape­sar de jovem tem grandes influên­cia junto aos Bol­sonaro e a reportagem até traz uma foto do senador Flávio Bol­sonaro na pro­priedade, que pelas fotos é muito bonita.

A essa altura um amigo meu diria: — Abdon, eu “buguei”. O que a tal “República de Planaltina”, família Bol­sonaro, têm a ver com a eleição do Maranhão?

Poxa, lamento, mas vou já demi­tir algum asses­sor do gov­er­nador que não mostrou a reportagem a ele e/​ou não fez a leitura política.

É o seguinte, meus ami­gos, o advo­gado referido na reportagem de Veja como estando “man­dando e des­man­dando no gov­erno Bol­sonaro” e fazendo todos os tipos de negó­cios a par­tir da tal “República de Planaltina” é tido como “unha e carne”, com o senador maran­hense.

Lem­bram que na época em que o advo­gado foi preso – fato que se deu cap­i­tal maran­hense –, noticiou-​se que ele estava aqui para assumir o comando da Tele­visão Difu­sora, suposta­mente arren­dada pelo senador pede­tista?

A amizade entre ambos é tamanha – e o senador provou isso –, que foi visitá-​lo na cadeia. E fez isso pub­li­ca­mente.

Além da amizade, dizem que há muitos negó­cios envolvi­dos nas altas rodas da República.

Se o gov­er­nador, que já vinha com “um pé atrás”, com receio de perder o pro­tag­o­nismo na política do Maran­hão com a eleição do senador, caso tenha lido a reportagem deve ter “pux­ado o freio de mão” e dado um “cav­alo de pau”.

Diante do que está posto, da teia de inter­esses envol­vendo a tal “República de Planaltina”, os Bol­sonaro, etc., a “cabeça do gov­er­nador numa ban­deja de prata” talvez seja o prato prin­ci­pal ofer­e­cido aos poderosos da República.

Vou dizer nova­mente a minha opinião – que ressalto, como dito no texto ante­rior –, ape­nas uma opinião que pode ser equiv­o­cada.

Quando o pres­i­dente da República, Jair Bol­sonaro, emb­ora con­hecido como falas­trão, vai a público dizer que “vai var­rer o ‘comu­nismo’ do Maran­hão”, é bem provável – e faço essa con­jec­tura a par­tir da reportagem de Veja –, que não esteja “fazendo suas con­tas” com a vitória de um “ali­ado de primeira hora” do seu pro­jeto político – que, con­forme tratare­mos nos tex­tos adi­antes, são can­di­dat­uras incip­i­entes, se com­para­das às que já estão postas –, mas, sim, com a vitória de um “ali­ado inci­den­tal”, no caso o senador pede­tista, a par­tir das conexões ori­un­das da “república de Planaltina”.

Seriam ele e a tal república os respon­sáveis por “var­rer o comu­nismo do Maran­hão”, como “decre­tou” o pres­i­dente Bol­sonaro.

Assim, Bol­sonaro seria o ter­ceiro pres­i­den­ciável no palanque pede­tista.

Em tal con­jun­tura, não é descar­tado que todas as forças políti­cas do estado vin­cu­ladas ao gov­erno fed­eral e ao pro­jeto bol­sonar­ista se agreguem na can­di­datura do senador pedetista.

Ao gov­er­nador restará par­tir para o divór­cio liti­gioso com o senador e agru­par suas forças com os par­tidos que lhe são ali­a­dos dire­ta­mente, com as forças políti­cas lig­adas ao grupo do pres­i­dente Sar­ney e tendo o ex-​presidente Lula como grande fiador.

É, meus ami­gos, como dizia Vitorino, “na política do Maran­hão até boi avoa”.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

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