AbdonMarinho - O CRIME DE MORO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O CRIME DE MORO.


O CRIME DE MORO.

Por Abdon Mar­inho.
Escreverei um tex­tão anal­isando a saída do agora ex-​ministro Sér­gio Moro do gov­erno e as suas con­se­quên­cias para polit­ica nacional. Agora, porém, vou me referir ape­nas ao suposto “crime” cometido por ele na visão do gov­er­nador Flávio Dino (PCdoB).
Diz sua excelên­cia “Moro, infe­liz­mente, con­fessa mais uma ile­gal­i­dade; pediu pen­são ou algo sim­i­lar pra aceitar um cargo em comis­são. Algo nunca antes visto na his­to­ria. E tal condição foi aceita? Não posso deixar de reg­is­trar o espanto”.
Se ainda fosse de me espan­tar com as enormi­dades ditas pelo gov­er­nador do Maran­hão, esta seria uma delas.
No pro­nun­ci­a­mento de exon­er­ação do ex-​ministro ele diz o seguinte: “Pedi ape­nas que, já que nós íamos ser firmes con­tra a crim­i­nal­i­dade, espe­cial­mente a crim­i­nal­i­dade orga­ni­zada, que é muito poderosa, que se algo me acon­te­cesse, pedi que a minha família não ficasse desam­parada sem uma pen­são”.
Nas palavras do min­istro ao assumir com o pres­i­dente da República o com­pro­misso de enfrentar o crime orga­ni­zado e as diver­sas orga­ni­za­ções crim­i­nosas, não impor­tava ele que tivesse de sac­ri­ficar a própria e, por conta disso, na con­tingên­cia de fal­tar para sua família que o pais, que o gov­erno não a deix­asse desam­parada.
Qual o pai de família não agiria assim?
Quando os sol­da­dos e out­ros servi­dores foram ten­tar debe­lar o vaza­mento nuclear na usina de Cher­nobyl, ainda na antiga União Soviética, em 1986, uma das promes­sas feitas aque­las pes­soas que sac­ri­fi­cavam a própria vida pela humanidade e pela pátria foi que não deixariam as suas famílias no desam­paro.
Em diver­sos out­ros momen­tos da história isso acon­te­ceu.
Quando um sol­dado é chamado para guerra uma promessa dos gov­er­nos, quais­quer gov­er­nos, e que o Estado se respon­s­abi­lizará por sua família na even­tu­al­i­dade dele vir a tombar em com­bate. É assim desde os primór­dios da história.
O pedido do min­istro, que o mau-​caratismo aponta como crime, longe de sê-​lo, é uma vir­tude. O cidadão abre mão dA sua vida, sua esta­bil­i­dade fun­cional e se coloca à dis­posição da pátria para travar uma guerra e diz que não importa o sac­ri­fí­cio da própria vida desde que o Estado não deixe ao desam­paro sua família.
É esse o crime que o gov­er­nador do Maran­hão enx­erga e infla seus adu­ladores a espal­har fakes news nas redes soci­ais?
Cada vez mais me con­venço do acerto das palavras do gen­eral Augusto Heleno sobre o gov­er­nador do Maran­hão: “sem­pre acred­itei, pelo pas­sado histórico, que comu­nistas são seres alien­ados, son­sos, insen­síveis e insen­satos. Ati­tudes como essa con­fir­mam esse per­fil”.
Acred­ito que essa pos­tura só tem como moti­vação duas coisas: o ciúme e o medo.
Ah, talvez nunca tenha pas­sado por sua cabeça o que seja patri­o­tismo, a ponto de alguém se dis­por a colo­car a própria vida em sac­ri­fí­cio da pátria.
Até parece que o pro­fes­sor apren­deu dire­ito den­tro da caixa.

Abdon Mar­inho é advogado.