AbdonMarinho - A triste sina do Maranhão.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A triste sina do Maranhão.


A TRISTE SINA DO MARANHÃO.

Por Abdon Marinho.

UMA pesada angús­tia toma conta dos cidadãos de bem do Maran­hão. Ape­nas os de bem, aos demais, os arriv­is­tas ou opor­tunistas, os cíni­cos ou indifer­entes, os adu­ladores ou, mesmo, aos desin­for­ma­dos é como se nada estivesse acon­te­cendo ou estivesse em vias de acon­te­cer em futuro breve.

A questão de fundo que tratare­mos neste texto é a mesma que já trata­mos por diver­sas vezes neste espaço. Não será sur­presa se o leitor que se dis­puser a lê-​lo ficar com a sen­sação de “déjà vu” ao longo do mesmo.

Por estes dias, con­forme foi ampla­mente divul­gado pela mídia, tomamos con­hec­i­mento que o gov­er­nador do estado vai sair pelo país para “vender” a nova jabot­i­caba brasileira: um tal de “movi­mento 65”, que nada mais é que o nome de fan­ta­sia do seu par­tido, o Par­tido Comu­nista do Brasil — PCdoB, que con­tin­uará a exi­s­tir com nome, pro­grama e man­i­festo e todas a demais maze­las, mas será “ven­dido” por sua excelên­cia e seus cor­re­li­gionários como o algo “novo” no front da política nacional.

Pelo que ouvi dizer o tal movi­mento tem até um man­i­festo próprio, bem difer­ente daquele reg­istrado per­ante a justiça eleitoral que prega a supressão da econo­mia cap­i­tal­ista e a cole­tiviza­ção dos meios de produção.

É de se recon­hecer que a “mis­são” é das mais árd­uas, sig­nifica a negação de quase 200 anos de história do comu­nismo – se pegar­mos por base o lança­mento do Man­i­festo Comu­nista, de Marx e Engels, de 1848 –, a negação do pre­sente – se pegar­mos o apoio ofi­cial e escrito emprestado pelo par­tido aos regimes total­itários comu­nistas de Cuba, China, Cam­boja e Cor­eia do Norte, ape­nas para citar alguns –, e a pro­jeção para futuro de que tanto o pas­sado quanto o pre­sente não têm qual­quer relação.

O par­tido de sua excelên­cia corre o risco de vir a ser con­hecido como “o par­tido que não ousa dizer o nome”.

Não duvido que con­siga. O Brasil, acred­ito, nunca viveu um momento de tamanha estu­pidez, a ponto de numa entre­vista dada pelo gov­er­nador nesta mis­são par­tidária aos dois maiores veícu­los de comu­ni­cação do país, os entre­vis­ta­dores não terem o dis­cern­i­mento de per­gun­tar ao entre­vis­tado o sig­nifi­cado histórico de esquerda/​direita, se prega as ideias orig­inárias da dout­rina política; se nega os crimes cometi­dos no pas­sado e no pre­sente; a razão de nunca terem feito uma autocrítica ou mod­i­fi­cado o estatuto/​programa do par­tido.

Como imbecís ou amestra­dos engoli­ram a xaropada que lhe foi vendida.

Pois bem, o gov­er­nador, con­forme anun­ci­ado, fal­tando três anos para o pleito de 2022 vai tratar de per­cor­rer o Brasil nesta mis­são de mas­cate, vender ilusões e “vender-​se” como a solução para os prob­le­mas nacionais.

Menos mal se fizesse isso renun­ciando ao mandato de gov­er­nador e as próprias expen­sas ou, quando muito, às expen­sas do seu par­tido, mas nunca, jamais, mantendo-​se nos espaços no gov­erno do estado e, muito pior, às cus­tas do con­tribuinte maran­hense.

É ver­dade que desde que assumiu o gov­erno, ainda em 2015, o gov­er­nador e seu ciclo mais chegado, sem­pre tiveram como meta usar o gov­erno do Maran­hão como um tram­polim para pro­je­tos maiores, que não são pro­je­tos do estado ou do inter­esse da sociedade maran­hense, mas, sim, pro­je­tos pes­soais, quando muito par­tidários.

Daí o desejo e a política de aliar-​se a tudo e todos inde­pen­dente das biografias dos ali­a­dos, fazendo crescer ou aumen­tar anti­gas práti­cas que já pen­sá­va­mos sepul­tadas pelo lixo da história.

E por falar em história, quando algum his­to­ri­ador ten­tar desven­dar as razões do atraso quase que civ­i­liza­cional do nosso estado cer­ta­mente dev­erá levar em conta o fato que tive­mos gov­er­nadores que se “acharam” grandes demais para cuidarem do estado e mere­ce­dores coisas bem maiores.

Vejam só, o estado do Maran­hão ostenta índices de desen­volvi­mento com­paráveis aos de muitos países africanos, encontra-​se na “rabeira” em quase tudo que é indi­cador, pos­sui uma das piores infraestru­tura do país, não pro­duz quase nada, tem que impor­tar até o que é con­sum­ido pela pop­u­lação local – isso a despeito de pos­suir ter­ras e água em abundân­cia e estações climáti­cas das mais estáveis –, já entrando no sexto ano de gov­erno e tendo ele­vado sub­stan­cial­mente o número de mis­eráveis, sua excelên­cia acha que ele e o par­tido comu­nista têm muito a ofer­e­cer ao Brasil, quiçá, ao mundo.

Um amigo cos­tuma dizer que se desli­garem as redes soci­ais por um dia o gov­erno acaba. Eu acres­cen­taria a isso o fim das gor­das ver­bas pub­lic­itárias que servem para “embur­recer” for­madores de opinião a ponto de não lhes per­mi­tirem faz­erem os ques­tion­a­men­tos mais óbvios.

Aos incau­tos, aos tolos, ou aos desprovi­dos de qual­quer dis­cern­i­mento ou caráter, se apre­sen­tam como o que há de “novo” no front da política nacional.

A van­tagem de viver­mos no Brasil é que aqui a piada já vem pronta.

Mas essa má sina do estado não vem de hoje, Sar­ney tinha essa mesma visão: que era “bom demais” para se “perder” com os assun­tos Maran­hão.

Ainda hoje, como rev­elou em texto pub­li­cado faz pouco tempo, acha que a culpa do nosso atraso em relação aos demais esta­dos é de Deus que não nos proveu com solos férteis e/​ou min­erais valiosos. Crente neste pen­sa­mento encarou e encara com nat­u­ral­i­dade que osten­te­mos tan­tos indi­cadores des­fa­vorável. Mesmo “man­dando” por décadas na política local e sendo dos políti­cos brasileiros mais exi­tosos, além de lhe ter “caído” no colo a presidên­cia da República, não fez o sufi­ciente para mudar a nossa triste real­i­dade.

A era política que ficou con­hecida como “sarneísmo”, findou, dizem, quando assumiu o atual gov­erno, em janeiro de 2015.

Finda aquela, aca­len­tá­va­mos a ilusão de que have­ria uma mudança na com­preen­são de Estado, de trans­for­mação das políti­cas públi­cas e de desen­volvi­mento e não ape­nas como um “tram­polim” para a con­quis­tas de posições no cenário da política nacional.

Como já dito e assis­tido por todos, as mudanças alme­jadas não acon­te­ce­ram, muitos indi­cadores pio­raram sen­sivel­mente e se com­para­r­mos as obras estru­tu­rantes feitas ou con­seguidas por Sar­ney nos seus qua­tro anos e as com­para­r­mos com as do atual gov­erno, nos cinco anos que já se pas­saram (e mesmo com três anos que tem pela frente), sus­peito que o gov­erno Sar­ney leve uma grande van­tagem. Aqui não se trata de pros­elit­ismo, mas a análise de dados obje­tivos.

Basta dizer que, salvo alguma exceção, não encon­tramos uma rodovia estad­ual que nos per­mi­tam rodar mais que dez quilômet­ros sem cair­mos em algum buraco. Cos­tumo fazer o desafio da rota São Luís-​Carutapera, via ferry boat, que quase todo é feito por vias estad­u­ais. Duvido que alguém per­corra dez quilômet­ros, nem mesmo cinco, sem ter que desviar de alguma crat­era.

Por outro lado, as vel­has práti­cas per­sis­tem – cada vez mais acen­tu­adas –, e o estado con­tinua a ser uti­lizado como um tram­polim para os son­hos dos gov­er­nantes de plantão.

E não é só, se quando son­há­va­mos com o pós sarneísmo tín­hamos esper­anças de um futuro mel­hor para o nosso estado e sua pop­u­lação, quando pro­je­ta­mos o pós comu­nismo e vemos quem são os que “ameaçam” gov­ernar o Maran­hão, só temos motivos para angús­tia e tris­teza.

O gov­erno comu­nista do Maran­hão não nos deixa só um legado de falta de infraestru­tura, más práti­cas admin­is­tra­ti­vas, destru­ição da econo­mia e pre­v­idên­cia do estado; mis­éria e ele­vação trib­utária; piora nos índices soci­ais e aumento da pobreza abso­luta. O pior legado destes tristes anos, é a falta de esper­ança para o futuro. É isso que angus­tia e pre­ocupa os homens de bem.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

Comen­tários

0 #1 João Car­valho 02-​02-​2020 23:40
Pede para teus par­entes cíni­cos e ladrões devolverem o din­heiro rou­bado com golpes e pirâmides.
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