AbdonMarinho - MERA COINCIDÊNCIA – A OPOSIÇÃO ENCENA A SUA GUERRA DE SECESSÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

MERA COIN­CIDÊN­CIA – A OPOSIÇÃO ENCENA A SUA GUERRA DE SECESSÃO.

MERA COIN­CIDÊN­CIA – A OPOSIÇÃO ENCENA A SUA GUERRA DE SECESSÃO*.

Por Abdon Marinho.

COR­RIA o ano de 1998. Um dia o então dep­utado estad­ual Ader­son Lago – com quem tra­bal­hava na cam­panha a gov­erno do senador Cafeteira –, tendo chegado um pouco mais tarde que de cos­tume, indaguei-​lhe o motivo. Ele, então, me disse que ficara acor­dado até bem mais tarde e – além da insô­nia –, assi­s­tira uma comé­dia muito boa, que me recomen­dava: “Mera Coin­cidên­cia”. Com pré­cisão de engen­heiro – e de bom con­ta­dor de cau­sos –, contou-​me o enredo quase todo.

O filme estre­lado por mon­stros do cin­ema, como Dustin Hoff­man, Robert De Niro, Denis Leary, Michael Bel­son e grande elenco, dirigido por Barry Levin­son, tem a seguinte sinopse: O pres­i­dente dos Esta­dos Unidos (Michael Bel­son), a poucos dias da eleição, se vê envolvido em um escân­dalo sex­ual e, diante deste quadro, não vê muita chance de ser reeleito. Assim, um dos seus asses­sores entra em con­tato com um pro­du­tor de Hol­ly­wood (Dustin Hoff­man) para que este «invente» uma guerra na Albâ­nia, na qual o pres­i­dente pode­ria aju­dar a ter­mi­nar, além de desviar a atenção pública para outro fato bem mais apro­pri­ado para inter­esses eleitoreiros.

Não con­sid­erem o “spolier”, a película é muito mais que isso e, com mais de vinte anos de lança­mento, ainda nos ensina muito sobre os nos­sos hábitos e sobre a política.

No sábado, escrevia o texto de domingo sobre a reforma da pre­v­idên­cia (texto que pub­li­carei ainda esta sem­ana) quando começou a “chover” men­sagens no celu­lar, What­sApp e out­ras redes soci­ais, sobre uma suposta declar­ação do pres­i­dente da República ofen­siva aos nordes­ti­nos. Algu­mas das men­sagens, inclu­sive, chegavam com a man­i­fes­tação da autori­dade com a leg­enda do que dizia.

Out­ras, com as reações e algu­mas com o protesto da can­tora maran­hense rad­i­cada no Rio de Janeiro, Alcione Nazaré, dizendo-​se “indig­nada” com o pres­i­dente e cobrando respeito aos nordes­ti­nos.

Acabei o texto sobre a reforma da pre­v­idên­cia e pus-​me a pen­sar e a escr­ever sobre o assunto. O texto que publiquei no domingo, no lugar daquele ante­ri­or­mente pre­visto.

Tendo aque­las infor­mações e o vídeo rece­bido, expus meus pon­tos de vis­tas, com­par­til­ha­dos por alguns e crit­i­ca­dos por out­ros, sobre a questão dos pre­con­ceitos – posição, aliás, já exposta em tex­tos ante­ri­ores.

Recomendo a leitura de “PARAÍBA, SIM, SEN­HOR. PRE­CON­CEITOS E FAL­SAS VÍTI­MAS” e “INSIN­U­AÇÃO DEVIADAGEMAFLORA PRE­CON­CEITOS ATÉ NO SUPREMO”.

Emb­ora enten­dendo e jus­ti­f­i­cando não tratar-​se de pre­con­ceito do pres­i­dente – pelas razões que expus nos tex­tos acima referi­dos –, dei crédito de ver­dade ao mate­r­ial que chegaram a mão, tran­screvendo lit­eral­mente as leg­en­das atribuí­das.

Pesou nesta con­duta o meu próprio “pre­con­ceito” em relação ao pres­i­dente pela enx­ur­rada de enormi­dades que diz e tam­bém o fato dele ou alguém com sua senha de rede social ter con­fir­mado aquilo que ele não disse.

Ape­nas no final do domingo alguém me aler­tou e fui atrás do link com a fala com­pleta do pres­i­dente no polêmico café da manhã, em que, suposta­mente, teria des­en­cadeado toda a con­fusão.

Encon­trei o vídeo na Tv Uol e, con­trar­iando a explo­ração da oposição e a própria rede social do pres­i­dente, lá não tem nada do que quase cul­mi­nou a “guerra da secessão” ence­nado pela oposição.

Ape­sar do áudio ser ruim e do pres­i­dente falar mal, pude “pescar” que ele disse para o min­istro Onyx Loren­zoni: “este gov­er­nador ‘de’ Paraíba é pior que o “de” Maran­hão”. Aí o pres­i­dente diz outra coisa e o min­istro diz algo, que entendi como “Ben­jamin” e o pres­i­dente retruca: “Não tem que ter nada com esse cara”.

Deve­mos con­sid­erar, agora sem pre­con­ceitos, que o pres­i­dente tem vícios de lin­guagem graves, cor­tando inde­v­i­da­mente palavras. Mas, o con­teúdo, pelo que pude perce­ber, é o tran­scrito acima. Ou seja, o gov­er­nador do Maran­hão é ape­nas “prata” no rank­ing de piores do pres­i­dente e não teve uma refer­ên­cia aos nordes­ti­nos como “paraíbas”, emb­ora este seja um region­al­ismo dicionar­izado desde mea­dos do século pas­sado no Rio de Janeiro.

Recomendo que pro­curem o link com o áudio real – até para saberem se estou certo.

Foi aí que lem­brei o filme “Mera Coin­cidên­cia”, referido acima.

Aproveitando-​se do “truque”, de uma edição de áudio – que as autori­dades, prin­ci­pal­mente a Polí­cia Fed­eral, pre­cisam inves­ti­gar para saber quem são os respon­sáveis –, a oposição vestiu-​se para guerra. Armou suas trincheiras em todas as frentes, ressus­ci­tando todos os pre­con­ceitos exis­tentes – e fomen­ta­dos ao longo de anos –, do Sul e Sud­este con­tra o Norte e Nordeste.

Notas ofi­ci­ais de dep­uta­dos e senadores; man­i­fes­tações indi­vid­u­ais de par­la­mentares, cidadãos e dos adu­ladores de plan­tão. Todos imbuí­dos do ver­gonhoso propósito de dividir ainda mais o país, provo­car protestos, repú­dios, atiçar ódios.

Uma ver­gonha para quem prega a paz e o amor.

Reitera-​se que con­taram para isso, com a própria biografia do pres­i­dente e com um desastrado endosso do que “não disse” no áudio, em sua rede social.

Vive­mos tem­pos estran­hos e de coin­cidên­cias mais estra­nhas ainda.

Não faz muito tempo o gov­er­nador do Maran­hão encontrou-​se com o ex-​presidente José Sar­ney, con­forme tratei nos tex­tos: “Dino Enterra os 50 Anos de Atraso” e “Sar­ney & Dino e o Acordo que Não Ousa Dizer o Nome”.

Desde então as coin­cidên­cias se avolumam.

Outro dia me chama­ram a atenção para o fato da tele­visão Mirante agora ser só gen­tilezas com o gov­erno e o gov­er­nador e, na ausên­cia de fatos lev­antes, noti­ciar até uma sin­gela doação de bate­ria musi­cal.

Logo mais pas­sarão para os aniver­sários de bonecas.

O jor­nal O Estado do Maran­hão e blogueiros do “sis­tema”, com­praram como abso­luta ver­dade os queix­umes do gov­er­nador, como se o pres­i­dente tivesse declar­ado “guerra” aos maran­henses.

No domingo, como disse, recebi o vídeo da can­tora Alcione Nazaré, vestida na ban­deira do Maran­hão, admoe­s­tando o pres­i­dente da República e cobrando respeito ao Nordeste, suposta­mente, pelo fato dele ter se referido aos nordes­ti­nos como “paraíba” – que o vídeo/​áudio orig­i­nal rev­e­lam não ser ver­dade.

Logo ela que está rad­i­cada no Rio de Janeiro há décadas e tendo, inclu­sive, feito uma música inti­t­u­lada “Paraíba do Norte Maran­hão”. Com boa von­tade dirão: — Ah, ela pode. Pode? Não é preconceito?

Mas, não foi só isso. Todos assis­ti­mos a “nossa Mar­rom”, dev­i­da­mente “far­dada”, em passeata junto com o notório ex-​governador Sér­gio Cabral (con­de­nado a mais de um século de cana por “malfeitos” diver­sos) e do ex-​prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, defend­endo que os roy­al­ties do petróleo ficas­sem para os esta­dos pro­du­tores, em detri­mento dos pobres e mis­eráveis do Norte e do Nordeste pelos quais, agora, cobra respeito.

Na segunda-​feira recebo um outro vídeo da “nossa Mar­rom”, vestida com os mes­mos tra­jes em um ani­mado colóquio com o ex-​presidente Sar­ney.

Não é por nada, e per­gun­tar não ofende:

Sar­ney e Alcione par­tic­i­param da fake news?

Eles (Sar­ney e Alcione) estavam jun­tos quando a artista se fan­ta­siou de ban­deira maran­hense e fez o vídeo admoe­s­tando o pres­i­dente ou o colóquio deu-​se noutro momento?

A fake fez parte do “acordo que não ousa dizer o nome”?

A Mar­rom, fiel escud­eira dos Sar­ney, entrou no “pacote”?

Sar­ney estaria por trás desta ten­ta­tiva de deses­ta­bi­lizar o país?

Sar­ney e Dino, jun­tos e mis­tu­ra­dos – como sem­pre estiveram –, seriam os respon­sáveis por esta articulação?

O ex-​presidente Sar­ney – ninguém duvida –, é o político mais astuto do país, capaz das artic­u­lações mais mirabolantes.

Neste mundo arti­man­has é uma espé­cie de “avô” do que hoje se chama “fake news”.

Que Trump, que nada! Basta lem­brar que em 1994, para deses­ta­bi­lizar a cam­panha a gov­er­nador de Epitá­cio Cafeteira, denun­ciou em sua col­una sem­anal que o senador seria o respon­sável pelo “desa­parec­i­mento” do cidadão José Raimundo Reis Pacheco, sug­erindo que o teria man­dado matar em represália à um aci­dente de trân­sito que viti­mou o sogro, Con­sel­heiro Hilton Rodrigues.

Dias antes, já tin­ham for­jado a existên­cia de um irmão por nome de Ana­cleto Reis Pacheco – o primeiro irmão “fake” que se tem notí­cia –, que, através de um advo­gado do Ceará, denun­ciou o senador da República per­ante o Supremo Tri­bunal Fed­eral.

Cafeteira e sua equipe, den­tre eles Ader­son Lago, Juarez Medeiros, Bened­ito Ter­ceiro e out­ros, só con­seguiram des­fazer a patranha nas vésperas da eleição, quando já não havia mais tempo para des­fazer a men­tira espal­hada por todo o Maran­hão.

Vamos recon­hecer que exper­iên­cia para arti­man­has, sobra.

Mas, talvez, tudo seja mera coin­cidên­cia, como no filme homôn­imo.

Até a con­clusão deste texto, a equipe do pres­i­dente da República, não con­seguira des­fazer a men­tira da “guerra da secessão” semeada pela oposição, tendo o sen­hor Dino como prin­ci­pal ben­efi­ciário, vendendo-​se como vítima e se vestindo como o anti-​Bolsonaro.

A edição e explo­ração crim­i­nosa de uma fala do pres­i­dente é algo muito grave. O país por pouco não entrou em uma con­vul­são.

Algo tão grave que me sus­cita um der­radeiro questionamento:

Se ousaram edi­tar e explo­rar exaus­ti­va­mente uma falsa fala do pres­i­dente da República, não pode­riam edi­tar as con­ver­sas de Moro, Deltan, etc.?

Recor­dando uma frase emblemática do saudoso ex-​governador Leonel Brizola: — Algo há!

Abdon Mar­inho é advo­gado.

(*) Refer­ên­cia à Guerra Civil Amer­i­cana ocor­rida entre abril de 1861 e abril de 1865, que opôs os esta­dos do norte aos do sul.

P.S. Um atento leitor diz que o colóquio entre a Mar­rom e o ex-​presidente que cir­cula nas redes soci­ais, deu-​se noutro momento. Coin­cidên­cias acontecem.