AbdonMarinho - ELEIÇÃO E RAZÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

ELEIÇÃO E RAZÃO.

ELEIÇÃO E RAZÃO.

Por Abdon Marinho.

COM a rede­moc­ra­ti­za­ção do Brasil, em 1985, no ano seguinte o Par­tido do Movi­mento Democrático Brasileiro — PMDB, fez a “festa”, como par­tido (na ver­dade movi­mento) que fiz­era oposição ao régime mil­i­tar, levou o espólio, elegeu o maior número de gov­er­nadores, senadores e dep­uta­dos. Chegaram a ser com­parado ao maior par­tido do ocidente.

Pois bem, den­tre os eleitos estava Waldir Pires, líder político extra­ordinário, pes­soa das mais impor­tantes da história do país, tendo sido escol­hido por Tan­credo Neves para com­por o primeiro min­istério da chamada “Nova República”.

A despeito de toda as cre­den­ci­ais a gestão de Pires frente ao gov­erno da Bahia não foi das mel­hores.

Ao tér­mino do quadriênio (e até antes dele) se ouvia dos baianos mais lúci­dos: — não con­heço pes­soa mais cor­reta, hon­esta e séria que o Waldir, mas para d “jeito” e admin­is­trar a Bahia só mesmo o ACM.

Referia-​se, ao ex-​governador da Bahia, Anto­nio Car­los Mag­a­l­hães, que durante toda a ditadura foi “homem forte” e lhe deu suporte.

Com curiosi­dade, tenho assis­tido, nes­tas eleições, os ali­a­dos e par­tidários do can­didato do PT, sen­hor Fer­nando Had­dad, dis­tribuírem seu cur­rículo, apresentando-​o como advo­gado, pro­fes­sor, filó­sofo e tan­tas out­ras indis­cutíveis cre­den­ci­ais. Entre­tanto – e essa a razão do meu estran­hamento –, omitem uma infor­mação das mais rel­e­vantes: que ele, há dois anos, era prefeito e admin­is­trava o quarto maior orça­mento do país: o orça­mento da cidade de São Paulo. O próprio can­didato comete essa “fraude” con­tra os eleitores.

A sua prin­ci­pal fala nos pro­gra­mas de rádio e tele­visão e o can­didato falando do fez quando min­istro. Fazendo questão de assen­tar que foi min­istro no mel­hor momento do país.

Ques­tion­ado sobre sua gestão na primeira entre­vista com can­didato ale­gou a crise que tomou de conta do pais a par­tir de 2012. Ora, só sabe gerir nos momen­tos de bonança? Só navega em mares cal­mos? Só pilota em céu de brigadeiro?

A razão da omis­são é bem sim­ples: como sabe­mos, a gestão do sen­hor Had­dad frente à prefeitura de São Paulo foi tão desas­trosa que que ele perdeu a eleição ainda no primeiro turno. Mas não foi uma sim­ples der­rota a que qual­quer um está sujeito, ele perdeu até para os “votos bran­cos”. Isso mesmo, na der­rota em primeiro turno das eleições de 2016, ele perdeu até para os “votos em branco”, obtendo, salvo engano, cerca de 14%(quatorze por cento) votos.

Ora, como ousam pedir votos para alguém que pas­sando pelo teste da gestão não con­seguiu o crédito para con­tin­uar admin­is­trando um municí­pio e, pior, saiu com uma rejeição de mais mais de 85% (oitenta e cinco por cento) dos administrados?

A expli­cação para o fra­casso dada pelo sen­hor Had­dad chega a ser bisonha. Crit­ica a crise. Ora, a crise que se aba­teu no país a par­tir de 2012, não foi moti­vada por fatores exter­nos, não foi cau­sada por seus adver­sários.

A crise que, segundo ele mesmo, o impediu de fazer um bom gov­erno – mesmo admin­is­trando o quarto orça­mento da nação –, foi cau­sada por seu próprio par­tido no gov­erno fed­eral desde o ano de 2003.

Essa mesma crise a qual culpa ainda não arrefe­ceu e se encon­tra bem maior na esfera fed­eral que num municí­pio rico como São Paulo.

Então, como per­gun­tar não ofende, como pre­tende resolver a crise aguda se não con­seguiu admin­is­trar um municí­pio no qual a crise não era tão aguda assim?

Sim, meus sen­hores, quando a crise chega ao Municí­pio de São Paulo a ponto de jus­ti­ficar uma admin­is­tração desas­trosa é porque no resto do país ela é bem maior.

A mais das con­tas, inúmeros out­ros gestores, com os municí­pios em situ­ação piores que o Municí­pio de São Paulo con­seguiram fazer gestões razoáveis, boas e até exce­lentes e, por isso, foram reeleitos, muitos no primeiro turno daque­las eleições.

A mim soa estranho que o gestor que não teve êxito, que fez uma admin­is­tração desas­trosa, segundo os próprios admin­istra­dos, tanto que lhe deram menos de 15%(quinze por cento) dos votos na reeleição, apresentar-​se como solução para admin­is­trar um país mer­gul­hado na crise que o seu próprio par­tido que admin­is­tra o pais criou. Sim, até 31 de dezem­bro de 2018, estare­mos sob a admin­is­tração da chapa Dilma/​Temer. E, esse último em quem ten­tam jogar toda a culpa da tragé­dia – mas sem absolvê-​lo das suas próprias fal­has, inclu­sive as de caráter –, pegou o “trem andando”.

Os ver­dadeiros cul­pa­dos pelo desas­tre que assola o país são Lula e Dilma, os gestores que assumi­ram o poder desde 2003 e ger­aram a crise que ceifa a esper­ança de uma ger­ação inteira.

Chega a ser ina­cred­itável que uma pro­posta e gestores já tes­ta­dos que nos legaram a maior “des­gra­ceira” que viven­ci­amos em todos os tem­pos ainda pos­suam tanto apelo.

Aqui cabe uma obser­vação: no caso do PT/​Haddad/​Lula não há como deixar de recon­hecer que são “espe­cial­is­tas” no ofí­cio de enga­nar os cidadãos, sobre­tudo os mais humildes.

Na primeira entre­vista dada pelo can­didato – a qual já nos refe­r­i­mos –, na maior “cara-​dura” ten­tou colo­car a culpa da crise pela qual atrav­essa o país nos adver­sários.

Ora, estão no poder desde o começo dos anos 2000, ter­ce­i­rizar a respon­s­abil­i­dade é o ver­dadeiro despautério, uma falta de ver­gonha na cara.

A despeito de tudo que fiz­eram para destruir a econo­mia do Brasil, de toda a roubal­heira e os escân­da­los e as prisões estão ai para com­pro­var, nunca fiz­eram uma autocrítica, nunca pedi­ram des­cul­pas a nação, como se roubar os recur­sos públi­cos fosse uma prática política aceitável.

E ainda se acham no dire­ito de dizer “não vote neste ou naquele can­didato”. Com quê moral? Na ver­dade essa cam­panha que fazem con­tra deter­mi­nado can­didato (do qual tratarei em breve), nada mais é do que uma nova ten­ta­tiva de enga­nar os eleitores.

Eles não estão querendo “de ver­dade” que o can­didato não chegue ao segundo turno. Querem, sim, que dis­pute o segundo turno com eles.

Trata-​se na ver­dade de mais um mimetismo, mais um engodo. Quando dizem “ele não” estão, na ver­dade, ten­tando polarizar a eleição, em sín­tese, enga­nar os eleitores, os menos esclare­ci­dos, estão dizendo “ele sim”, é ele que quer­e­mos na disputa.

E é bom que se assente desde logo que este can­didato, a quem fin­gem com­bater, nada mais é que o fruto acabado do que foram os desac­er­tos, em todos os aspec­tos, da admin­is­tração petista: desde a imposição de padrões de com­por­ta­mento à roubal­heira como modo de governo.

O momento que o país atrav­essa, todos sabem, todos dizem, é gravís­simo, e acham que o mais preparado para tirar o pais da enras­cada é jus­ta­mente aquele que ale­gou não ter feito uma boa gestão por causa “crise”? Fez um inten­sivão sobre gestão pública neste ano e oito meses depois que foi posto para fora do cargo de prefeito? Espera encon­trar a situ­ação do país num céu de brigadeiro? Ou, mais uma vez, vão chamar o “Meireles”?

Eleição, meus ami­gos, se faz com razão. Não acred­ito que ninguém, em sã con­sciên­cia, entregue um filho doente para ser tratado por um médico iná­bil, que já matou dezenas de pacientes ou ache seguro via­jar numa aeron­ave coman­dada por quem nunca pilo­tou nada.

Como fazer isso com o país inteiro?

Abdon Mar­inho é advogado.