ELEIÇÃO E RAZÃO.
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- Criado: Segunda, 24 Setembro 2018 14:45
- Escrito por Abdon Marinho
ELEIÇÃO E RAZÃO.
Por Abdon Marinho.
COM a redemocratização do Brasil, em 1985, no ano seguinte o Partido do Movimento Democrático Brasileiro — PMDB, fez a “festa”, como partido (na verdade movimento) que fizera oposição ao régime militar, levou o espólio, elegeu o maior número de governadores, senadores e deputados. Chegaram a ser comparado ao maior partido do ocidente.
Pois bem, dentre os eleitos estava Waldir Pires, líder político extraordinário, pessoa das mais importantes da história do país, tendo sido escolhido por Tancredo Neves para compor o primeiro ministério da chamada “Nova República”.
A despeito de toda as credenciais a gestão de Pires frente ao governo da Bahia não foi das melhores.
Ao término do quadriênio (e até antes dele) se ouvia dos baianos mais lúcidos: — não conheço pessoa mais correta, honesta e séria que o Waldir, mas para d “jeito” e administrar a Bahia só mesmo o ACM.
Referia-se, ao ex-governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, que durante toda a ditadura foi “homem forte” e lhe deu suporte.
Com curiosidade, tenho assistido, nestas eleições, os aliados e partidários do candidato do PT, senhor Fernando Haddad, distribuírem seu currículo, apresentando-o como advogado, professor, filósofo e tantas outras indiscutíveis credenciais. Entretanto – e essa a razão do meu estranhamento –, omitem uma informação das mais relevantes: que ele, há dois anos, era prefeito e administrava o quarto maior orçamento do país: o orçamento da cidade de São Paulo. O próprio candidato comete essa “fraude” contra os eleitores.
A sua principal fala nos programas de rádio e televisão e o candidato falando do fez quando ministro. Fazendo questão de assentar que foi ministro no melhor momento do país.
Questionado sobre sua gestão na primeira entrevista com candidato alegou a crise que tomou de conta do pais a partir de 2012. Ora, só sabe gerir nos momentos de bonança? Só navega em mares calmos? Só pilota em céu de brigadeiro?
A razão da omissão é bem simples: como sabemos, a gestão do senhor Haddad frente à prefeitura de São Paulo foi tão desastrosa que que ele perdeu a eleição ainda no primeiro turno. Mas não foi uma simples derrota a que qualquer um está sujeito, ele perdeu até para os “votos brancos”. Isso mesmo, na derrota em primeiro turno das eleições de 2016, ele perdeu até para os “votos em branco”, obtendo, salvo engano, cerca de 14%(quatorze por cento) votos.
Ora, como ousam pedir votos para alguém que passando pelo teste da gestão não conseguiu o crédito para continuar administrando um município e, pior, saiu com uma rejeição de mais mais de 85% (oitenta e cinco por cento) dos administrados?
A explicação para o fracasso dada pelo senhor Haddad chega a ser bisonha. Critica a crise. Ora, a crise que se abateu no país a partir de 2012, não foi motivada por fatores externos, não foi causada por seus adversários.
A crise que, segundo ele mesmo, o impediu de fazer um bom governo – mesmo administrando o quarto orçamento da nação –, foi causada por seu próprio partido no governo federal desde o ano de 2003.
Essa mesma crise a qual culpa ainda não arrefeceu e se encontra bem maior na esfera federal que num município rico como São Paulo.
Então, como perguntar não ofende, como pretende resolver a crise aguda se não conseguiu administrar um município no qual a crise não era tão aguda assim?
Sim, meus senhores, quando a crise chega ao Município de São Paulo a ponto de justificar uma administração desastrosa é porque no resto do país ela é bem maior.
A mais das contas, inúmeros outros gestores, com os municípios em situação piores que o Município de São Paulo conseguiram fazer gestões razoáveis, boas e até excelentes e, por isso, foram reeleitos, muitos no primeiro turno daquelas eleições.
A mim soa estranho que o gestor que não teve êxito, que fez uma administração desastrosa, segundo os próprios administrados, tanto que lhe deram menos de 15%(quinze por cento) dos votos na reeleição, apresentar-se como solução para administrar um país mergulhado na crise que o seu próprio partido que administra o pais criou. Sim, até 31 de dezembro de 2018, estaremos sob a administração da chapa Dilma/Temer. E, esse último em quem tentam jogar toda a culpa da tragédia – mas sem absolvê-lo das suas próprias falhas, inclusive as de caráter –, pegou o “trem andando”.
Os verdadeiros culpados pelo desastre que assola o país são Lula e Dilma, os gestores que assumiram o poder desde 2003 e geraram a crise que ceifa a esperança de uma geração inteira.
Chega a ser inacreditável que uma proposta e gestores já testados que nos legaram a maior “desgraceira” que vivenciamos em todos os tempos ainda possuam tanto apelo.
Aqui cabe uma observação: no caso do PT/Haddad/Lula não há como deixar de reconhecer que são “especialistas” no ofício de enganar os cidadãos, sobretudo os mais humildes.
Na primeira entrevista dada pelo candidato – a qual já nos referimos –, na maior “cara-dura” tentou colocar a culpa da crise pela qual atravessa o país nos adversários.
Ora, estão no poder desde o começo dos anos 2000, terceirizar a responsabilidade é o verdadeiro despautério, uma falta de vergonha na cara.
A despeito de tudo que fizeram para destruir a economia do Brasil, de toda a roubalheira e os escândalos e as prisões estão ai para comprovar, nunca fizeram uma autocrítica, nunca pediram desculpas a nação, como se roubar os recursos públicos fosse uma prática política aceitável.
E ainda se acham no direito de dizer “não vote neste ou naquele candidato”. Com quê moral? Na verdade essa campanha que fazem contra determinado candidato (do qual tratarei em breve), nada mais é do que uma nova tentativa de enganar os eleitores.
Eles não estão querendo “de verdade” que o candidato não chegue ao segundo turno. Querem, sim, que dispute o segundo turno com eles.
Trata-se na verdade de mais um mimetismo, mais um engodo. Quando dizem “ele não” estão, na verdade, tentando polarizar a eleição, em síntese, enganar os eleitores, os menos esclarecidos, estão dizendo “ele sim”, é ele que queremos na disputa.
E é bom que se assente desde logo que este candidato, a quem fingem combater, nada mais é que o fruto acabado do que foram os desacertos, em todos os aspectos, da administração petista: desde a imposição de padrões de comportamento à roubalheira como modo de governo.
O momento que o país atravessa, todos sabem, todos dizem, é gravíssimo, e acham que o mais preparado para tirar o pais da enrascada é justamente aquele que alegou não ter feito uma boa gestão por causa “crise”? Fez um intensivão sobre gestão pública neste ano e oito meses depois que foi posto para fora do cargo de prefeito? Espera encontrar a situação do país num céu de brigadeiro? Ou, mais uma vez, vão chamar o “Meireles”?
Eleição, meus amigos, se faz com razão. Não acredito que ninguém, em sã consciência, entregue um filho doente para ser tratado por um médico inábil, que já matou dezenas de pacientes ou ache seguro viajar numa aeronave comandada por quem nunca pilotou nada.
Como fazer isso com o país inteiro?
Abdon Marinho é advogado.