AbdonMarinho - UM CONSTRANGIMENTO DESNECESSÁRIO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

UM CON­STRANG­I­MENTO DESNECESSÁRIO.

UM CON­STRANG­I­MENTO DESNECESSÁRIO.
Por Abdon Mar­inho.
ALGUÉM que inte­gre o gov­erno estad­ual, seja ali­ado ou sim­ples­mente adu­lador, desde que pos­sua um mín­imo de pudor deve estar con­strangido em ver suas maiores autori­dades apan­hadas numa situ­ação tão vex­atória e infan­til.
Falo do descabido fes­tejo a um suposto rank­ing do site G1, da rede globo, colo­cando o gov­er­nador Maran­hense como o maior cumpri­dor de promes­sas feitas em cam­pan­has eleitorais.
A infor­mação não era ver­dadeira. Os inte­grantes do gov­erno, seus ali­a­dos, mil­i­tantes e mes­mos jor­nal­is­tas sim­páti­cos a admin­is­tração comu­nista sabiam que a infor­mação era furada – se não sabiam, pior, pois rev­ela total falta de com­pro­misso com o que divul­gam.
Pois bem, emb­ora soubessem (ou dev­e­riam saber) que o rank­ing do G1 não cor­re­spon­dia a ver­dade trataram ele­var a última potên­cia a máx­ima de Rubens Ricu­pero – segundo a qual deve-​se escon­der as coisas ruins e ampliar as boas –, e par­ti­ram para a “ocu­pação” das redes soci­ais, mídias eletrôni­cas e impressa para difundir a infor­mação de que o sen­hor Dino seria o gov­er­nador mais real­izador do Brasil.
Não bas­tasse secretários, ali­a­dos ou adu­ladores, o próprio gov­er­nador entrou em campo para difundir a patranha. Um vex­ame. Não se deram o tra­balho sequer de exam­i­nar o con­teúdo do rank­ing divul­gado.
Se tivessem feito um exame, mesmo super­fi­cial, teriam perce­bido era baseado em ape­nas 37 pro­postas de cam­panha e não nas 65 reg­istradas per­ante a Justiça Eleitoral e que está à dis­posição de qual­quer um no site no Tri­bunal Supe­rior Eleitoral, na fer­ra­menta “Divul­ga­Cand”.
O equívoco do site, parece, vem sendo cometido desde a primeira ver­são da “pesquisa”.
Se tivessem exam­i­nado com cuidado teriam perce­bido que o G1 não ape­nas suprim­ira mais de um terço da avali­ação quanto deixara de fora pro­postas feitas em pro­gra­mas de rádio e tele­visão. Um exem­plo: o gov­er­nador prom­e­teu trans­for­mar a MA 006 na rodovia de inte­gração do Maran­hão. Quem não sabe essa rodovia vai de Apicum-​Açu, no norte, a Alto Par­naíba, no extremo sul do estado, algo em torno de 1.251 km.
Desta rodovia, salvo mel­hor juízo, asfal­taram o tre­cho entre Pedro do Rosário e Zé Doca. Não tenho con­hec­i­mento de quais­quer out­ras obras na MA no sen­tido torná-​la a rodovia de inte­gração do estado, por onde dev­e­ria cir­cu­lar toda nossa riqueza. Se tivesse tempo, e din­heiro, até ten­taria sair de Apicum-​Açu para ten­tar chegar a Alto Par­naíba usando a tal rodovia de inte­gração.
Aliás, de obra de infraestru­tura con­stante do rank­ing do G1, que é o que real­mente onera as con­tas públi­cas, ape­nas uma: garan­tir o abastec­i­mento de água a todos os maran­henses.
Mesmo esta única pro­posta na infraestru­tura não foi cumprida na total­i­dade. A falta de água é pre­sente em todo o estado, e mesmo cap­i­tal padece da falta d’água. Comu­nidades inteiras, em plena cap­i­tal, são abaste­ci­das em dias, às vezes em inter­va­los até maiores. Na cap­i­tal.
O que dizer dos longín­quos povoa­dos ou zona rural?
Nem deve­mos falar em sanea­mento básico. Este mesmo é que não existe.
Não entendo se por ingenuidade, má-​fé ou mesmo pela pura e sim­ples tolice, ten­ham dado ampli­tude e ten­tado fat­u­rar politi­ca­mente com o rank­ing fajuto do G1.
Vejam, quando digo que o rank­ing é fajuto, não o faço no sen­tido de desmere­cer, mas ape­nas e tão somente, por enten­der não tem qual­quer lóg­ica você com­parar situ­ações dis­tin­tas: pro­postas difer­entes, pesos difer­entes, quan­ti­dades difer­entes e colo­car num rank­ing. Não é razoável.
Um exem­plo: um gov­er­nador que prom­e­teu mais obras estru­tu­rantes e menos medi­das de fácil solução, cer­ta­mente este será mais mal avali­ado, pois as condições da econo­mia não tem per­mi­tido muitas obras assim, ainda que tenha feitos obras impor­tantes e impac­tantes para seu estado.
O gov­erno do Maran­hão foi avali­ado em 37 promes­sas, das quais segundo o rank­ing cumpriu 22 (que estão sendo ques­tion­adas pela oposição, que afirma que promes­sas como o “pro­mu­nicí­pio” ape­nas, para citar um exem­plo, não existe).
As promes­sas cumpri­das, con­tando com as ques­tion­adas e sem con­sid­erar as promes­sas de palanque, como a MA 006, rep­re­senta, ape­nas pouco mais de um terço do que foi reg­istrado no TSE.
Como vamos dizer que isso é mais que o real­izado pelo gov­erno de São Paulo, que das 68 promes­sas avali­adas, já cumpriu, inte­gral­mente, 34 promes­sas, ou seja, metade.
Nessa matemática um terço é mais que metade?
Sem con­tar que são real­iza­ções que estão bem dis­tantes da nossa real­i­dade pelos val­ores e impactos envolvi­dos.
E vão dizer: não podemos com­parar São Paulo com MARAN­HÃO. É certo.
Assim como não podemos com­parar out­ras situ­ações .
O que quero dizer com isso é que esse rank­ing é abso­lu­ta­mente arbi­trário e que não pode­ria ter sido lev­ado a sério por pes­soas com um mín­imo de dis­cern­i­mento. Pareceu-​me algo bem próx­imo de uma ten­ta­tiva de imbe­ciliza­ção das pes­soas.
Por fim, causa-​me estran­heza que as autori­dades maran­henses ten­ham ten­tado “fat­u­rar” politi­ca­mente com algo tão fácil de ser desmor­al­izado.
Um con­strang­i­mento desnecessário.
Abdon Mar­inho é advogado.