AbdonMarinho - SEIS POR MEIA DÚZIA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

SEIS POR MEIA DÚZIA.

SEIS POR MEIA DÚZIA.

TER­MI­NADO o primeiro turno das eleições em São Luís e sagra­dos vence­dores o prefeito Edi­valdo Holanda e o dep­utado Eduardo Braide, alguém pub­li­cou qual seria a mel­hor saída para cidade: a) Edvaldo; b) Braide; c) Aero­porto Cunha Machado; d) Estre­ito dos Mos­qui­tos; e) Porto do Itaqui; f) Ter­mi­nal da Ponta da Espera.

O autor da brin­cadeira não pode­ria ter sido mais feliz ao retratar a situ­ação (calami­tosa) em que se encon­tra a cap­i­tal do Maran­hão. As opções que, já no primeiro turno não eram lá muito ani­mado­ras, gan­hou ares de tragé­dia com os escol­hi­dos pela pop­u­lação para o segundo turno.

O candidato/​prefeito “ameaça» a pop­u­lação com a con­tinuidade do seu gov­erno, adoçando o amar­gor do que foi com “mel­ho­ria”. Já o candidato/​deputado, con­segue apre­sen­tar menos que isso. Um con­junto de pro­postas que mais se assemel­ham as nuvens, tal a con­sistên­cia das mesmas.

Anal­iso o quadro e só sobra desalento. Fico vendo os profis­sion­ais que tra­bal­ham para os can­didatos, sobre­tudo, os que dizem falar em nome da imprensa, tentarem apre­sen­tar um ou outro como o mel­hor, como o mais preparado, como o ideal para diri­gir os des­ti­nos da cidade. Ao mesmo tempo em que ten­tam satanizar aquele que não não é da sua preferência.

Um olhar atento, sem muito esforço, con­stata que os dois can­didatos pos­suem mais pon­tos em comum do que divergências.

Vejamos: ambos os can­didatos estão na faixa dos 40 anos (Edi­valdo, 38, Eduardo, 40); ambos os can­didatos são políti­cos desde sem­pre, fil­hos de políti­cos “her­daram” o ofí­cio dos pais que con­tin­uam com forte ascendên­cia sobre os mes­mos; os car­gos que ocu­param sem­pre foram, ou por indi­cação ou através do voto dos eleitores; ambos, dire­ta­mente, ou através dos pais; não se tendo notí­cia se já foram aprova­dos em algum con­curso público, se algum dia tra­bal­haram den­tro da área das respec­ti­vas for­mações académi­cas; algo que tam­bém se ignora é se algum deles sequer pos­sui CTPS, carteira de tra­balho, a “azulzinha”.

A dura ver­dade é que os pos­tu­lantes ao cargo máx­imo da cidade sequer devem pos­suir Carteira de Tra­balho. E isso, não se devem ao fato de terem sido empreende­dores desde sem­pre, mas sim ao fato de, a vida inteira, terem sido sus­ten­ta­dos pelos con­tribuintes, prin­ci­pal­mente depois que mandato par­la­men­tar foi incluído na bolsa do “primeiro emprego”.

O prefeito/​candidato à frente dos des­ti­nos da cidade ficou devendo – e muito – em matéria de gestão. Emb­ora tente atribuir o fraco desem­penho às condições adver­sas que atrav­essa os municí­pios brasileiros – o que é uma ver­dade incon­teste – a sua gestão pode­ria ter feito muitas coisas com poucos recur­sos ou cap­tando obras e serviços junto ao gov­erno fed­eral, já que não tin­ham muito acesso ao gov­erno estad­ual, nos dois primeiros anos. Temos prefeitos, em municí­pios infini­ta­mente menores, como podemos citar o exem­plo de Timon, que fez esse dever de casa. O municí­pio rev­olu­cio­nou a edu­cação, con­stru­indo, refor­mando e clima­ti­zando esco­las, mais de 26 mil alunos estu­dando em condições dig­nas a não dever nada a ninguém;

Aqui, na cap­i­tal, e vi isso num dire­ito de resposta, o prefeito apre­sen­tou como mérito a con­strução de uma ou duas esco­las, a lic­i­tação de uma ter­ceira, que somadas não aten­dem mil alunos. Um vex­ame total. Das duas dezenas de creches prometi­das em 2012, não se tem noti­cia que con­seguiu erguer uma; o novo hos­pi­tal de urgên­cia e emergên­cia, que até gan­hou nome e maquete na cam­panha pas­sada: Hos­pi­tal Dr. Jack­son Lago, ficou no esquecimento.

E assim tan­tas out­ras pro­postas. Quase nada saiu do papel. E, até os recur­sos cap­ta­dos junto ao gov­erno fed­eral ou out­ras insti­tu­ições não tiveram a capaci­dade de gas­tar. Quem não lem­bra da prometida drenagem da Vila Luizão, para qual o gov­erno fed­eral disponi­bi­li­zou R$ 17 mil­hões? Ini­cia­ram, depois pararam e, por fim, ninguém sabe o que é feito da obra.

O gov­erno munic­i­pal começou a mostrar o ar da graça ape­nas este ano, assim mesmo com o apoio mas­sivo do gov­erno estad­ual, ambos apre­sen­tando como suas essa ou aquela obra. O gov­erno anun­cia que fez cen­te­nas de ruas, o candidato/​prefeito anun­cia que fez as mes­mas ruas; o gov­erno inclui na sua mídia que fez a ponte fulana; o candidato/​prefeito anun­cia a mesma ponte como sendo seu mérito. E por aí vai.

O candidato/​deputado na pas­sagem que teve à frente de um cargo exec­u­tivo, no caso a CAEMA, tam­bém não teve mel­hor sorte. Não con­sigo lem­brar um feito bené­fico a favor da pop­u­lação. Quem pade­cia da falta d’água con­tin­uou a pade­cer; quem sofria com os esgo­tos a céu aberto con­tin­uou a sofrer; não se con­hece a ampli­ação que fez na rede água ou esgoto; e na mel­ho­ria da qual­i­dade destes serviços.

Os dois can­didatos – e falo sem qual­quer crit­ica de cunho pes­soal – pelo que já mostraram, estão longe do que esperá­va­mos para enfrentar os grandes desafios que a cidade pos­sui e exigem enfrenta­mento. Ambos, sequer, con­hecem ou dimen­sionam tais desafios.

Da análise que faze­mos dos can­didatos cheg­amos à con­clusão que sobram motivos para que não sejam vota­dos. Motivos de ordem prática, bem dis­tantes de uma mal­cri­ação cometida durante a infância/​adolescência. Essas tolices, sem menosprezar a gravi­dade dos fatos pretéri­tos, acon­te­ce­ram há décadas, não merece o ou os can­didatos respon­derem por tais coisas depois de tanto tempo. Devem, sim, se enver­gonhar, causar con­strang­i­men­tos e mere­cer des­cul­pas, nada além disso.

O grave é o que não fiz­eram depois, no exer­cí­cio dos car­gos públi­cos que ocu­param é que não apre­sen­taram resul­ta­dos esperados.

Ainda assim os dois não têm culpa de suas frag­ili­dades. Na ver­dade são ape­nas o fruto da dete­ri­or­iza­ção do quadro politico nacional. Aqui, no Maran­hão, esse quadro se tornou ainda pior. São dezenas de vereadores que fazem do mandato seu “primeiro emprego” que nunca “deram um prego numa barra de sabão”, que se vêm guin­da­dos à condição de rep­re­sen­tantes do povo.

A grande maio­ria dos assim chama­dos “rep­re­sen­tantes do povo”, se ficarem sem mandato não têm o que fazer, pois não pos­suem profis­são os que pos­suem não sabem como trabalhar.

Os can­didatos a prefeitos estão nas mes­mas condições com a respon­s­abil­i­dade de resolver os prob­le­mas urgentes da pop­u­lação. Me per­doem a fran­queza, mas essa equação não tem como fun­cionar. Não tem como isso dar certo.

A cidade de São Luís, com tais rep­re­sen­tantes, não tem como avançar. Serão mais qua­tro anos de desalento e desilusão, com per­spec­tiva de que tudo pode pio­rar ainda mais.

Cheg­amos ao absurdo de dizer: – Que vença o menos pior!

Abdon Mar­inho é advogado.