AbdonMarinho - TEMER É O QUE TEMOS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 24 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

TEMER É O QUE TEMOS.

TEMER É O QUE TEMOS.

O BRASIL revela-​se um país dicotômico e antagônico. Antes que alguém venha dizer que quero falar difí­cil, vou logo esclare­cendo: revela-​se divi­dido (ainda que não seja ao meio) em duas partes em que uma se opõe abso­lu­ta­mente a outra, em tudo. Como trevas e luz; branco e preto; morte e vida; mor­tadela e cox­in­has e por aí vai.

Neste cenário, alguém me indaga: – o sen­hor apoia o gov­erno Temer?

A esta inda­gação cos­tumo respon­der: – Temer é o que temos.

Ora, mais que uma resposta, trata-​se de com­preen­der a real situ­ação do país e como cheg­amos até aqui.

O pres­i­dente, ainda em exer­cí­cio, Michel Temer, é um sub­pro­duto da aliança desas­trosa entre o PT e o PMDB que legou ao país a maior crise de todos os tem­pos, com a recessão nas alturas, a ameaça de ter­mos a maior redução de PIB de toda nossa história, a inflação que não arrefece, e o desem­prego que ceifou quase doze mil­hões de pos­tos de tra­balho. Mais, que nos legou a maior degradação moral e ética que se tem notí­cia na história da humanidade. Acred­ito que nem Roma, no seu declínio, exper­i­men­tou o que viven­ci­amos atual­mente por aqui.

As pes­soas com um mín­imo de dis­cern­i­mento sabiam que a aliança entre estas duas forças, tendo como coad­ju­vantes o que sem­pre exis­tiu de pior na política nacional, era o cam­inho mais breve para a ruína total. E a ruína veio, só levou pouco mais de uma década para se mostrar em todo seu esplendor.

Muitos – entre os quais me incluo –, pas­samos de ali­a­dos a críti­cos logo nos primeiros dias, em 2003. Out­ros esper­aram 2005, out­ros ape­nas agora começam a perce­ber que mais que as bur­ras da nação, a «gangue» que se apoderou do poder, não levou ape­nas os recur­sos da nação, roubaram-​nos, tam­bém, os sonhos.

Os mais ingên­uos, imag­i­navam que as vel­has raposas da política brasileira iriam usar os puros do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, para seus propósi­tos des­on­estos. Ainda hoje exis­tem estes ingên­uos a apon­tar como equiv­o­cada a aliança e os puros foram cor­rompi­dos pelos «homens maus» da política nacional. Não con­seguem ver que o PT apren­deu tão rápido a lição da arte de aliviar os cofres públi­cos, que de alunos tornaram-​se mestres. E, as vel­has raposas da República dos Sar­ney, Jucá, Renan e Bar­balho, meros aprendizes.

O pres­i­dente Temer faz parte de toda essa engrenagem. Seu par­tido só deixou a aliança que destruía o Brasil quando perce­beu a chance real do impeach­ment da pres­i­dente afas­tada, Dilma Rouss­eff, vin­gar e, eles, os “peemede­bis­tas», her­darem o poder.

Noutras palavras, Temer e seus cor­re­li­gionários do par­tido e de alguns satélites, fazem parte da her­ança, do legado com os quais nos brindou o Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT. Causa-​me estran­heza que tratem uns e out­ros como se nãos os con­hecessem, como se fos­sem estran­hos, como se não tivessem par­til­ha­dos, em con­junto, dos mes­mos desvios. Ora, a maio­ria da provas e acor­dos de colab­o­ração são unís­sonos e relatar que que as propinas eram divi­das entre estes par­tidos, PT e PMDB à frente.

Emb­ora, os ainda ingên­uos (ou loucos), insis­tam na tese de que a pres­i­dente afas­tada pode­ria retornar ao poder, qual­quer um sabe que ela já não tinha condições de gov­ernar o país antes, muito menos agora. A insistên­cia nesta tese, tem ape­nas o condão de trazer mais atraso ao país, retar­dar o retorno à normalidade.

Ainda que fosse pos­sível, o que teriam a ofer­e­cer? Nada. Con­tin­uar­iam levando o país à ban­car­rota, como fiz­eram nos últi­mos treze anos.

Nesta babel que se tornou a política brasileira, apare­cem, ainda, alguns ilu­mi­na­dos recla­mando – acred­ito que pen­sando mais nos pro­je­tos de cunho pes­soal que no país –, a real­iza­ção, ainda este ano, de novas eleições presidenciais.

Ora, tal solução afrontaria total­mente a ordem con­sti­tu­cional vigente. A menos que hou­vesse uma renun­cia dos tit­u­lares – e aí pas­sando a chefia da nação ao pres­i­dente da Câmara, que está impe­dido, do Senado, que pos­sui pedido de prisão e de afas­ta­mento – ou a aprovação de uma emenda con­sti­tu­cional de duvi­dosa con­sti­tu­cional­i­dade, nas duas casas do Con­gresso Nacional, em duas votações, em cada uma, com quo­rum qual­i­fi­cado. Já pen­saram nisso? Não me parece exe­quível. Não diante da urgên­cia que temos para fazer o país voltar a funcionar.

Qual­quer um que não esteja querendo «jogar para a plateia» sabe da invi­a­bil­i­dade de tal proposta.

Leio, aliás, que esta é uma das promes­sas da pres­i­dente afas­tada na ten­ta­tiva de angariar apoios para um pos­sível retorno. Mais uma vez, como fez durante toda a cam­panha de 2014, coloca-​se como porta-​voz do mar­queteiro (não sei qual, já que tit­u­lar virou hós­pede do Estado em Curitiba, Paraná), sabendo que está enganando o povo com um engodo. Primeiro que jamais faria tal pro­posta. Segundo, que, como já disse, não seria coisa fácil de acon­te­cer e não depen­de­ria uni­ca­mente dela.

Se quer aju­dar o país, pode­ria começar renun­ciando. Depois teria legit­im­i­dade para cobrar a renún­cia dos demais e cobrar a real­iza­ção de novas eleições.

Mais, tudo isso, essa ence­nação toda, como dizia meu velho e saudoso pai, não passa de con­versa para boi dormir.

O certo a fazer seria for­t­ale­cer o atual gov­erno, como de união nacional, para superar a grave crise em que foi mer­gul­hado país. Não temos mais tempo a perder e não temos, tam­bém, o dire­ito de ficar inven­tando soluções fora da real­i­dade e que só servem para ali­men­tar boatos e instabilidade.

Encerro repetindo que Temer é o que temos. Tra­bal­har pelo insucesso do seu gov­erno é tra­bal­har pelo fra­casso do país. E isso, só inter­essa aos que não têm com­pro­misso algum com o Brasil.

Abdon Mar­inho é advogado.