AbdonMarinho - A ESQUERDA E OS "VEADINHOS" DE FURTADO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A ESQUERDA E OS «VEAD­IN­HOS» DE FURTADO.

A ESQUERDA E OS «VEAD­IN­HOS» DE FURTADO.

Alguém já disse que brin­cando rev­e­lamos o que ver­dadeira­mente pen­samos sobre as coisas. Este mesmo dito tem um cor­re­spon­dente chulo sobre o qual me omitirei.

O dep­utado Estad­ual Fer­nando Fur­tado (PC do B), ao atacar a política indi­genista nacional, a Justiça Fed­eral, o INCRA e seus diri­gentes, ao chamar os índios de vagabun­dos, disse, pub­li­ca­mente o que é o seu pen­sa­mento pri­vado. Aquilo que no dizer do clás­sico musi­cal, nem as pare­des se devia confessar.

Além da vul­gar­i­dade de suas palavras – o que o desta­cou no cenário nacional –, chamou a atenção o fato do dep­utado comu­nista ter lig­ado o «vead­ômetro» para recon­hecer, de longe, ao que parece, a opção sex­ual de alguns sil­ví­co­las. Inco­modado com suas roupas, seus adornos cul­tur­ais, sen­ten­ciou: veado, veado, veado.

Demon­strando um exces­sivo con­hec­i­mento do assunto – algo sus­peito para quem está ido nos anos –, asseverou não pos­suir qual­quer dúvida sobre o que dizia, demon­strando estran­hamente ao fato de haver índios homos­sex­u­ais, nas suas palavras, boio­tas, vea­dos, veadinhos.

Como se isso, o inco­modasse em particular.

O par­la­men­tar, cobrado pelo par­tido, por enti­dades de defesa dos dire­itos humanos e de algu­mas mino­rias, emi­tiu nota ofi­cial onde pede des­cul­pas a todos os atingi­dos pelos ataques (exceto ao juiz fed­eral e aos inte­grantes do PT) asseverando que não teve a intenção de atacar ninguém, sendo suas palavras fruto do «calor do momento».

O nobre rep­re­sen­tante do povo deve sen­tir muito calor, uma vez que tendo pro­ferido os ataques, segundo soube, ainda em julho, só agora, no beirar de out­ubro, se dá conta da gravi­dade da fé professada.

Como hoje tudo acon­tece aos olhos do mundo, ao tomar con­hec­i­mento do dis­curso calorento do dep­utado maran­hense, uma jor­nal­ista recon­hecida nacional­mente, estran­hou que tal dis­curso tenha sido pro­ferido por um par­la­men­tar «esquerdista» e, citando o ex-​ministro Delfim Neto, estaria se con­ven­cendo que os con­ceitos de esquerda e dire­ita, no Brasil, seria ape­nas para delim­i­tar o trânsito.

Con­fesso estran­har o estran­hamento da colunista.

No Brasil e em diver­sos out­ros países do mundo a perseguição a homos­sex­u­ais (indí­ge­nas ou não) nunca respeitou ban­deiras ide­ológ­i­cas. Aqui mesmo no Brasil somos teste­munhas disso. Os homos­sex­u­ais sem­pre foram usa­dos por muitos par­tidos políti­cos, sobre­tudo os que se dizem de «esquerda”, por con­veniên­cia, assim como diver­sas out­ras mino­rias, negros, mul­heres, etc.

Se o cidadão é homos­sex­ual mas reza a car­tilha do par­tido está tudo bem, se não, não passa de um vead­inho, como disse o dep­utado Furtado.

Assim é com todos os out­ros que dis­cor­dam deles.

Se fazem de bonz­in­hos, mas em pri­vado e até pub­li­ca­mente, como se deu no caso do dep­utado, rev­e­lam o que, efe­ti­va­mente, pensam.

A tola imprensa brasileira sem­pre embar­cou na ideia de uma esquerda que apoia e abom­ina os pre­con­ceitos de gênero, de raça, de situ­ação sex­ual, ape­sar de todos os exem­p­los que temos mostrando o contrário.

Pas­sou em bran­cas nuvens, por exem­plo, a piada infame de Lula, que can­didato à presidên­cia da República, sug­eriu ao cor­re­li­gionário, prefeito de Pelotas, a con­strução de uma rodovia lig­ando aquela cidade gaúcha à paulista Camp­inas. Segundo ele a rodovia dev­e­ria chamar-​se trans­vi­adônica, se não me falha a memória.

Este fato é antigo, dirão. Ainda assim, infame, idiota.

Tem mais. Não faz muito tempo, a então can­di­data a prefeita pelo Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, Marta Supl­icy, indagou, num pro­grama eleitoral, sobre a família do opo­nente Gilberto Kassab (hoje min­istro do gov­erno deste par­tido), insin­uando que o mesmo não teria esposa, fil­hos, em resumo, insin­u­ava que o mesmo seria homos­sex­ual, por con­seguinte, não estaria apto a admin­is­trar uma cidade.

Ora, Marta não era ape­nas inte­grante de um par­tido que se dizia de esquerda, era alguém que se fir­mou na vida pública como sexóloga e defen­sora das causas das mino­rias. Aí, no inter­esse eleitoral, esquece tudo que pre­gou a vida inteira.

A esquerda brasileira – talvez haja uma exceção ou outra –, nunca se dig­nou a fazer uma crit­ica as chamadas ditaduras do pro­le­tari­ado, regimes que sem­pre reprim­i­ram com «mão de ferro» as liber­dades de suas pop­u­lações, sobre­tudo, as liber­dades que dizem respeito a situ­ação sex­ual do indivíduo.

Alguém tem dúvida que a ditadura dos Cas­tro em Cuba reprimiu – e ainda reprime – os homos­sex­u­ais e quais­quer out­ros cidadãos que ousem pen­sar difer­ente dos seus dogmas?

Na semi-​ditadura venezue­lana um dos motes do sen­hor Nicolás Maduro era chamar o seu prin­ci­pal adver­sário na última cam­panha de “viadão”. Fez isso na pre­sença do ex-​presidente Lula, que foi a lá aju­dar na sua cam­panha, e de tan­tos out­ros ditos esquerdis­tas brasileiros, os mes­mos que levam a vida a pagar p.. a ele e out­ros ditadores.

Outro por quem os esquerdis­tas brasileiros pare­cem ter fetiche é pelo régime autoritário e repres­sor da Rús­sia. Tão repres­sor que não per­mite, sequer, a real­iza­ção paradas gays ou de out­ros movi­men­tos lig­a­dos à diver­si­dade sexual.

E agem pior, as autori­dades fazem vis­tas grossas e/​ou aqui­escem com os crim­i­nosos que tor­tu­ram e até matam gays naquele país. Alguém ignora o trata­mento dis­pen­sado aos homos­sex­u­ais na Rússia?

Nem se fale no alin­hamento que os esquerdis­tas comu­nistas fazem ao régime norte-​coreano onde o dita­dor de plan­tão manda matar e expur­gar qual­quer adver­sário a troco de nada, até pelo fato de cochi­lar durante um evento.

O gov­erno brasileiro e os cidadãos que se dizem de esquerda defen­dem dial­ogo até com o Estado Islâmico, aquele grupo que mata e estupra cristãos e quais­quer out­ros que não pro­fes­sam sua fé e dis­pensa um trata­mento todo espe­cial aos que sus­peitam serem homos­sex­u­ais, den­tre os quais, atirá-​los do alto de edifícios.

Não faz um ano, em plena a Assem­bléia Geral da ONU, a própria pres­i­dente da República defendeu que se dialo­gasse com eles. Talvez repita a façanha nos próx­i­mos dias.

As palavras do dep­utado maran­hense, inde­fen­sáveis sob qual­quer aspecto, não soam mais grave que o silên­cio dis­pen­sado por seus cole­gas de par­tido e ali­a­dos pref­er­en­ci­ais dis­pensa aos homos­sex­u­ais e out­ras mino­rias ao redor do mundo.

O silên­cio da vergonha.

A indig­nação em relação os ter­mos do dep­utado, por parte de muitos esquerdis­tas, soam mais como uma desproposi­tada hipocrisia.

Abdon Mar­inho é advogado.