AbdonMarinho - IDEOLOGIA? QUE IDEOLOGIA?
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

IDE­OLO­GIA? QUE IDEOLOGIA?

IDEOLO­GIA? QUE IDEOLOGIA?

Em meio dos debates em torno da tal reforma política, tema sobre o qual que ninguém se entende, uma das críti­cas ao voto dis­tri­tal (sis­tema no qual as vagas nos par­la­men­tos são divi­di­das em dis­tri­tos reunindo um número de eleitores. gan­hando a vaga o mais votado), é que o referido mod­elo enfraquece os par­tidos, as ide­olo­gias, a rep­re­sen­tação das mino­rias, etc.

Não duvido que isso, em maior ou menor fre­quên­cia, possa ocor­rer. Tratare­mos disso nem texto especí­fico. O que me per­gunto é se o mod­elo que esta­mos vivendo não acon­tece o mesmo.

O Brasil pos­sui, de fato, par­tidos políticos?

Os veícu­los de comu­ni­cação anun­ciam e con­vi­dam para ato de fil­i­ação par­tidária de deter­mi­nada vereadora da cap­i­tal. Um ato par­tidário comum, nor­mal, rotineiro, para a maio­ria das pes­soas. Os jor­nal­is­tas, até os que cobrem o cotid­i­ano político da cap­i­tal, tratam o assunto com espan­tosa nat­u­ral­i­dade e anal­isam ape­nas o fato de se tratar de ape­nas mais uma con­tendora para a dis­puta eleitoral do próx­imo ano.

Não é.

A vereadora – que só con­heço de vista –, con­forme con­vite dis­tribuído, irá se fil­iar ao Par­tido Pro­gres­sita — PP. Não des­per­taria qual­quer sur­presa se não fosse a neo pro­gres­sista egressa do Par­tido Comu­nista do Brasil – PC do B.

A par­la­men­tar munic­i­pal ao tro­car um pelo outro mostra de forma cristalina o grau de con­sistên­cia ide­ológ­ica dos nos­sos par­tidos que tanto se busca preservar.

Ora, tanto do ponto de vista histórico quanto «ide­ológico» as duas leg­en­das são opostas. Para ser­mos mais claro, se pegásse­mos um trans­feri­dor, uma estaria na posição 0º e a outra na posição 180º; algo como branco e preto; Deus e o diabo (sem querer dizer quem é um ou outro). uma oposição fla­grante. Um defende a estiliza­ção dos meios de pro­dução o outro a sua pri­va­ti­za­ção; um o Estado máx­imo o outro o Estado mín­imo; e por aí vai. Algo como pas­sar do céu ao inferno sem está­gio purgatório.

A par­la­men­tar não sabia o que dizia quando se afir­mava comu­nista ou agora quando se torna a mais proem­i­nente do pen­sa­mento lib­eral? É essa a ideia de for­t­alec­i­mento das leg­en­das? E os eleitores, que elegeram uma comu­nista e agora têm uma lib­eral os rep­re­sen­tando, o que acham? A própria par­la­men­tar, como se sente, tendo sido eleita como comu­nista e virando lib­eral da noite para dia?

Não faço juízo de valor afir­mando se estava certa antes ou agora. O que digo é que aque­les que afir­mam haver um enfraque­c­i­mento das leg­en­das por conta do voto dis­tri­tal dev­e­riam explicar que con­sistên­cia ide­ológ­ica é essa em que uma pes­soa vai dormir comu­nista num dia e acorda lib­eral no outro.

A menos que nunca tenha lido os estatu­tos ou pro­gra­mas das leg­en­das nunca foi uma coisa ou outra.

Com todo o respeito que deve­mos ter por qual­quer um, prin­ci­pal­mente pelos defi­cientes visuais, o Brasil é uma terra, do ponto de vista ide­ológico, em que temos cegos guiando cegos para des­tino algum.

Abdon Mar­inho é advogado.