AbdonMarinho - BARUSCO E A CADELINHA DE MAGRI.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

BAR­USCO E A CADELINHA DE MAGRI.

BARUSCO E A CADELINHA DE MAGRI.
Por muitos anos haverei de lem­brar a tarde em que o sen­hor Pedro Bar­usco, diante da Comis­são Par­la­men­tar de Inquérito — CPI, da Câmara dos Dep­uta­dos, rev­elou as entra­nhas da cor­rupção insti­tu­cional­izada a par­tir de 2003, que o fez, ele, o sub do sub, a ameal­har, soz­inho, quase CEM MIL­HÕES DE DÓLARES (US$ 97 mil­hões), para ser exato. As ima­gens, falas de lem­branças daquela tarde, decerto, não irão se dis­si­par pelo tempo que ainda me restar neste vale de lágri­mas.
Começo esse texto numa clara ten­ta­tiva de fazer um plá­gio do iní­cio da mon­u­men­tal obra de real­ismo fan­tás­tico CEM ANOS DE SOLIDÃO, de Gabriel Gar­cia Mar­quez. Minha ideia é mostrar o quanto o Brasil se tornou um país sur­real. O texto até pode­ria chamar-​se “Cem mil­hões de dólares de solidão”. Pedro Bar­usco disse isso: a infe­li­ci­dade que cau­sou esse roubo.
A cor­rupção tornou-​se tão “cul­tural, como diria o nosso min­istro da justiça e, em última instân­cia, o respon­sável por toda inves­ti­gação no país, inclu­sive a do roubo dos recur­sos públi­cos, que poucos jor­nal­is­tas e anal­is­tas políti­cos deram a dev­ida importân­cia ao que ocor­ria naquela sala de inter­ro­gatório, as palavras dos inter­ro­ga­dos, o com­por­ta­mento dos inter­ro­gadores, a posição do par­tido do gov­erno diante da ver­dade cor­tante das palavras pro­feri­das.
O que me vem a memória, desde a rede­moc­ra­ti­za­ção do Brasil, em 1985, é que poucos depoentes com­pare­ce­ram diante de uma CPI com tanta von­tade de falar o que sabia quanto o sen­hor Bar­usco. Dava para perce­ber que ele sen­tia um certo alívio, como se lhe reti­rasse um peso da costas toda vez expunha sua par­tic­i­pação no esquema de roubo que san­grou a Petro­bras e o povo brasileiro.
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