AbdonMarinho - MUITOS EQUÍVOCOS, POUCOS ACERTOS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

MUITOS EQUÍVO­COS, POUCOS ACERTOS.

MUITOS EQUÍVO­COS, POUCOS ACER­TOS.
Vi que, mais uma vez, segui­men­tos soci­ais, foram às ruas e praças em protestos con­tra o alcaide da cap­i­tal, desta vez por conta do aumento das pas­sagens de ônibus. Se os man­i­fes­tantes estão cer­tos ou não é algo que tentare­mos descorti­nar adi­ante, neste momento tratare­mos da série de equívo­cos que têm ocor­ri­dos na admin­is­tração munic­i­pal ele­vando o descon­tenta­mento de grande parte da pop­u­lação.
Con­fesso que sou um torce­dor da admin­is­tração do prefeito desde o iní­cio e, emb­ora, tudo con­spire con­tra, con­tinuo firme no desejo que ela cumpra o que propôs quando dis­putou a eleição em 2012. Claro que a cada dia que passa a esper­ança e a tor­cida vão cedendo espaço ao desân­imo e a frus­tração.
A tor­cida pelo sucesso da admin­is­tração é dev­ido, primeiro, a neces­si­dade, que entendo ter a cidade de uma gestão real­izadora, que a ajude superar os anos de atraso e falta de visão e plane­ja­mento de muitas das gestões ante­ri­ores. O segundo motivo é por acred­i­tar que já passa da hora destas novas ger­ações assumirem os des­ti­nos políti­cos da cidade, do estado e do país. O fra­casso da gestão sig­nifi­cará um retro­cesso para tan­tas jovens lid­er­anças pre­ten­dem fazer um bom tra­balho, tem son­hos e ideais. O insucesso da atual gestão, caso não con­siga superar as difi­cul­dades, fará com que o eleitor repense na hora de escol­her o suces­sor ou reeleger o atual prefeito, inclu­sive se não seria mel­hor voltar ao pas­sado.
Entre­tanto, em que pese a tor­cida ou o inter­esse do prefeito em acer­tar – acred­ito que o alcaide tenha von­tade de fazer uma boa admin­is­tração, uma vez que não é com­preen­sível querer abre­viar sua car­reira política após o mandato de prefeito, sendo ele tão jovem e podendo ainda con­tribuir com a cidade –, até aqui, o que temos assis­tido é a uma sucessão de equívo­cos.
Os equívo­cos começaram com a escolha de secretários que mal acabaram de ser nomea­dos foram sendo sub­sti­tuí­dos, com­pro­vando, aos mais obser­vadores, que não foram bem escol­hi­dos.
O descrédito do gov­erno munic­i­pal com sociedade é, tam­bém, um reflexo da falta de ati­tude do sec­re­tari­ado. O prefeito não tem condições de admin­is­trar, uma cap­i­tal, nem qual­quer cidade, ainda que fosse um super-​homem, sem o apoio e a afe­tiva par­tic­i­pação dos seus aux­il­iares. Temos visto muito pouco disso.
A impressão que fica é que a grande maio­ria dos secretários ainda não se achou, não tem voz altiva para enfrentar as pressões do tra­balho e con­frontar as forças exter­nas ou não têm aptidão para os car­gos que ocu­pam, prin­ci­pal­mente quando lev­a­mos em conta as graves lim­i­tações finan­ceiras que pas­sam todos os municí­pios brasileiros.
Em quase todos os setores os avanços e as mudanças prometi­das são mín­i­mas, isso, quando há, no máx­imo, \«tocam o barco”, sem apre­sen­tar nada de novo. Isso é muito pouco.
Um dos maiores ressen­ti­men­tos da pop­u­lação é com a buraque­ira que toma conta das ruas. A sec­re­taria de obras não solu­ciona e não apre­senta um pro­jeto que minore esse prob­lema. Quando ten­tam, o fazem de forma amadora. Por onde passo nas ida e vin­das para o tra­balho já vi as equipes do gov­erno taparem o mesmo buraco duas três e até qua­tro vezes e os bura­cos teimam em ressur­girem nos mes­mos lugares. Veja, gas­tam din­heiro do con­tribuinte para tapar o mesmo buraco mais de uma vez como se fosse a coisa mais nor­mal do mundo. Não é. Um exem­plo claro disso é o que vemos na Rua dos Alba­trozes usada pelos motoris­tas que querem fugir do trafego pesado da Avenida dos Holan­deses pela Avenida Litorânea. Esta via ameaça a afun­dar dev­ido aos bura­cos, abetos tem três ou qua­tro. Mais a frente, no acesso a parta nova da Litorânea, esta­mos prati­ca­mente usando metade da pista por conta de mais um buraco. Esta­mos falando da parte mais rica da cidade, o metro quadrado mais val­orizado.
E temos exem­p­los mais graves. O gov­erno munic­i­pal con­seguiu aprox­i­mada­mente R$ 17 mil­hões para fazer a drenagem do Bairro Vila Luizão, a vence­dora do cer­tame foi uma empresa que se mostrava inca­paz de exe­cu­tar a obra. Ano pas­sado atra­pal­hou a vida dos cidadãos quase o ano todo para pas­sar um tubu­lação de um lado a outro da avenida. Fez um serviço tão ruim que a obra não avançou para lugar nen­hum, soube até que desis­tiu do serviço e a admin­is­tração busca outra empresa para con­tin­uar a obra ou refazê-​la, pois difi­cil­mente se aproveitará algo do que foi feito. Sobre a essa obra, quando a primeira chuva, levou parte do serviço a prefeitura munic­i­pal infor­mou que sabendo que a obra não estava a con­tento, rescindiu o con­trato e não pagou nada do que a empresa fez.
Ora, se admin­is­tração já sabia que a empresa não teria condições de realizar a obra ou que o serviço estava inad­e­quado, por que não a inabil­i­tou logo depois do cer­tame? Por que fez a pop­u­lação sofrer transtornos durante quase um ano? O pior de tudo é que a obra tão necessária não tem pre­visão de con­clusão ape­sar do recurso está disponível.
Emb­ora a falta de recur­sos seja uma real­i­dade para todos os municí­pios brasileiros, a cap­i­tal do Maran­hão, tem sofrido por cosias que vão além, como o caso de obras que não são feitas com o recurso em caixa. Não faz muito tempo, con­ver­sava com um pro­fes­sor da UFMA e ele me dizia que o municí­pio deixara voltar para os cofres da União R$ 12 mil­hões de reais cap­ta­dos pela uni­ver­si­dade para um pro­grama de informa­ti­za­ção ou assemel­hado; o municí­pio não tem con­seguido con­struir creches, esco­las para os quais exis­tem recur­sos disponíveis no MEC, quando diver­sos municí­pios, infini­ta­mente menores que São Luís, já cap­taram e con­struíram diver­sas unidades. Falavam em doze para a cap­i­tal das quais não tenho notí­cia de nen­huma. Para aten­der a neces­si­dade São Luís, faz repasses para as escol­in­has comu­nitárias que estão anos-​luz de aten­der essas cri­anças.
Mel­hor sorte não tem tido a admin­is­tração no campo da saúde. São Luís, ape­sar de pos­suir gestão plena no setor, nunca a assumiu, de fato, coex­istindo no Estado do Maran­hão três gestões, a munic­i­pal, a estad­ual e a fed­eral, através do HUUFMA. E, ainda bem que exis­tem os três sis­temas, pois se estivésse­mos depen­dendo uni­ca­mente do municí­pio o setor teria entrado em colapso faz tempo.
Na gestão ante­rior, depois de muitas idas e vin­das, começaram a con­strução de um hos­pi­tal de urgên­cia e emergên­cia. O ter­reno já estava limpo. Como se tratava de uma obra já ini­ci­ada e que tam­bém era objeto de promes­sas do can­didato vito­rioso nas eleições que até bati­zou o hos­pi­tal com o nome do ex-​governador Jack­son Lago, pen­sei que iria sair do campo do plane­ja­mento e das maque­tes de cam­panha para se tornar real­i­dade. Ledo engano, já em con­tagem regres­siva para o tér­mino do mandato, ninguém nunca mais falou no assunto, emb­ora todos saibamos tratar-​se de uma neces­si­dade que tem cus­tado diver­sas vidas.
Vimos acima uma pequena amostra do acon­tece em três setores da admin­is­tração munic­i­pal. Setores, cujo os cor­pos téc­ni­cos não temos razão para ques­tionar, mas que, temos que recon­hecer, estão longe de apre­sen­tar os resul­ta­dos alme­ja­dos.
Volte­mos ao aumento do trans­porte público. Neste que­sito, não se trata de dis­cu­tir se o índice de rea­juste está cor­reto ou não, o erro aqui é a forma como foi feito. Trataram o assunto como se só dissesse respeito a SMTT, empresários e os tra­bal­hadores do setor. Esque­ce­ram o prin­ci­pal: o usuário, o cidadão que já não suporta mais pagar caro por um serviço ruim. Cus­tava ter retar­dado o aumento um pouco para exam­i­nar as planil­has, dis­cu­tir com a sociedade, órgãos de defesa do con­sum­i­dor, asso­ci­ação de usuários? Não. Vou além, já que falam tanto em parce­ria, cus­tava reunir-​se pub­li­ca­mente com a sec­re­taria estad­ual da pasta e tentarem uma solução con­junta para o prob­lema que afeta toda a pop­u­lação da ilha e não ape­nas da cap­i­tal? Não. Pois é, mas ninguém tomou essa ini­cia­tiva.
Pior foi a impressão que ficou de que o poder público, além dos empresários, com­bi­nou o aumento com alguns jor­nal­is­tas, como se eles fos­sem os donos da opinião pública. Um deles disse de manhã que a SMTT iria aumen­tar. A tarde, após o anún­cio do aumento, disse que seguiram a ori­en­tação do seu blogue e con­ced­eram o aumento e que o mesmo estava de bom tamanho. Não acred­itei. Fica-​se com a sus­peita justa ou injusta que o órgão público “acer­tou\» com parte da mídia o aumento e que eles se encar­regariam de defender e con­vencer a pop­u­lação de que o mesmo estava certo.
O resul­tado de mais esse equiv­oco é o que temos visto nas ruas, insat­is­fação, protestos, vio­lên­cia, repressão poli­cial que remem­ora os movi­men­tos pela meia-​passagem ocor­ri­dos em 1979, de triste lem­brança. Um des­gaste para o gov­erno e, prin­ci­pal­mente, para o prefeito, que fal­tando vinte meses para o tér­mino do mandato, pre­cis­ará operar mila­gres para tirar do papel as promes­sas de cam­panha e recon­quis­tar a sim­pa­tia do público.
Abdon Mar­inho é advogado.