AbdonMarinho - DILMA NA VERSÃO 1.71.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

DILMA NA VER­SÃO 1.71.

\"\"Convencionou-​se chamar de ver­são 2.0 o segundo mandato de um gov­er­nante. Assim, durante a cam­panha e logo após as eleições o que mais se dizia era que o gov­erno 2.0 de Dilma seria erro, seria aquilo e todas as demais babo­seiras que povoa o uni­verso dos aduladores.

Longe de ser a ver­são can­tada, acho que essa mais parece uma ver­são 1.71 ou 171, no que se apre­senta de semel­hante à tip­i­fi­cação con­tida no Código Penal pátrio.

Ë fla­grante até para o mais fiel dos seguidores que a atual man­datária começa o seu segundo gov­erno implan­tando medi­das diame­tral­mente opostas àque­las prometi­das durante a cam­panha. Vou além, colo­cando em prática as medi­das que disse, reit­er­adas vezes, que jamais iria implan­tar e, que, pelo con­trário, eram as medi­das do seu adversário.

Quem não lem­bra as infind­áveis vezes em que disse que o adver­sário iria acabar com os dire­itos tra­bal­his­tas? Que iria reduzir os inves­ti­men­tos na edu­cação? Que iria pri­va­ti­zar a Caixa Econômica Fed­eral, o Banco do Brasil e até a Petro­bras? Que iria pro­mover o arro­cho econômico? Que os dire­itos tra­bal­his­tas eram intocáveis? E que com ela seria difer­ente? Chegou inclu­sive a cun­har um bor­dão, não iria fazer nada disso, arrema­tou: “nem que a vaca tussa”.

Li que uma ex-​ministra do seu gov­erno, diante da ver­dade cristalina que se desenha, a senadora Marta Supl­icy, disse que a vaca a que se referiu a pres­i­dente, até ontem sua chefe, já deve ter engas­gado de tanto tossir.

Vejam: não é um adver­sário que con­stata a gravi­dade do que vem acon­te­cendo no atual gov­erno, é uma senadora do par­tido e que até ontem era min­is­tra sub­or­di­nada a atual presidente.

Não é porque a ex-​ministra expressa uma opinião que ela tem mais val­i­dade, é que se trata de um recon­hec­i­mento de alguém de den­tro do par­tido recon­hecendo que o dis­curso da eleição está no inverso da prática admin­is­tra­tiva. Den­tre tan­tos abu­sos, será que ofi­cializaram o ‘vale tudo’ eleitoral? inclu­sive mentir?

Nas redes soci­ais a con­tradição explicita já até virou objeto de piadas.

Aqui não dis­cuto o acerto ou erro das medi­das ado­tadas, talvez sem elas as con­se­quên­cias sejam até piores para econo­mia no médio e longo prazo. O que ques­tiono é a des­façatez, o cin­ismo dos rep­re­sen­tantes do gov­erno, do par­tido e da própria pres­i­dente em implan­tar o que jurou não fazer e que essa agente, a qual chamou de medi­das atrasadas, neolib­erais e con­trárias aos inter­esses do povo.

O que assis­ti­mos já primeiro mês do chamado gov­erno 2.0, o que vimos foram cortes nos recur­sos da edu­cação em mais de 8 bil­hões de reais; a aber­tura do cap­i­tal da CEF que, na prática, rep­re­senta a pri­va­ti­za­ção; os juros nas alturas (o cheque espe­cial pas­sou dos 200%, a maior taxa em 15 anos); a inflação sem dá trégua, o que é con­statado por qual­quer dona de casa que vá ao super­me­r­cado; O que dizer da mudança de regras tra­bal­his­tas de acesso ao seguro-​desemprego? O que dizer das mudanças para que o tra­bal­hador tenha acesso a aposen­ta­do­ria e seus depen­dentes à pensão?

O caso da Petro­bras merece uma con­sid­er­ação a parte. A pres­i­dente começou a se ben­e­fi­ciar do engodo na empresa desde os tem­pos em que ocupou o cargo de min­is­tra de Minas e Ener­gia e Casa Civil, acu­mu­lando o cargo de pres­i­dente do Con­selho de Admin­is­tração. Nos últi­mos doze anos – a ver­dade agora surgida descortina isso – usaram a empresa para enriquec­i­mento pes­soal de políti­cos, empresários, servi­dores da empresa e cor­rup­tos de todos os naipes. Tanto fiz­eram que trans­for­maram em pó as suas ações, em único dia caíram mais de 10% (dez por cento), a valor de mer­cado está próx­imo de trinta por cento do valia antes. Situ­ação que ficará bem pior quando as ações judi­ci­ais, que começam a pipocar ao redor do mundo, forem jul­gadas obri­g­ando a empresa a ressar­cirem os investi­dores que con­fir­maram no gov­erno brasileiro e jog­a­ram em econo­mias, inclu­sive parcela do FGTS em seus títu­los que chegaram a valer mais de R$ 50,00 (cinquenta reais) e que hoje não chegam a R$ 10,00 (dez reais).

Todo esse caos ger­ado pela cor­rupção gen­er­al­izada às vis­tas e com a cumpli­ci­dade dos gov­ernistas e seus ali­a­dos. Desvios que cor­roa o este­lion­ato prat­i­cado con­tra os eleitores brasileiro e que não vem de hoje. Antes das eleições de 2010 o gov­erno do Sr. Lula can­tou em prosa e verso que o Brasil seria, em pouco tempo, auto-​suficiente em petróleo. Hoje, a real­i­dade que se afigura é, no mímico curiosa, enquanto em todo o mundo o preço da gasolina, do óleo diesel e do gás de coz­inha abaixam, aprovei­tando a queda no valor do bar­ril, no Brasil o valor só aumenta, não inter­es­sando se valor do bar­ril, que pas­sou dos US$ 100 (cem dólares), hoje não chegue a US$ 40 (quarenta dólares).

Já na eleição de 2010 a atual man­datária fez uso do este­lion­ato, como nós maran­hense sabe­mos muito bem, ela e seu padrinho político, o Sr. Lula, vieram por aqui anun­ciar uma tal de refi­naria pre­mium, uma aqui e outra no Ceará. Agora, como todos já sabiam, infor­mam que não ter­e­mos mais as refi­nar­ias. A brin­cadeira cus­tou aos cofres da empresa quase R$ 3 bil­hões (três bil­hões de reais), só no Maran­hão foram mais de dois bil­hões de reais, o des­mata­mento e limpeza de área mais cara da história do mundo. San­gria de cofres públi­cos, este­lion­ato eleitoral.

Quem não lem­bra de D. Dilma, D. Roseana, com o Sr. Lula e os senadores Sar­ney e Lobão inau­gu­rando a pedra fun­da­men­tal, que hoje sabe­mos, a mais cara da história desde que começaram a escrevê-​la? É isso mesmo: sobrou para o Maran­hão, além do crime ambi­en­tal, o sac­ri­fí­cio de sítios arque­ológi­cos, comu­nidades quilom­bo­las, perda de flora e fauna a pedra fun­da­men­tal. Isso sem con­tar, claro, com dezenas, talvez cen­te­nas de pequenos empresários, que teimaram em acred­i­tar no gov­erno, que que­braram ao colo­car suas econo­mias em empreendi­men­tos no entorno da refi­naria que tinha como único propósito ben­e­fi­ciar os lará­pios de sempre.

Que definição temos para o que acon­te­ceu e vem acon­te­cendo no Brasil que a definição do CPB em seu artigo 171?

Só para refres­car a definição do tipo penal é: \«Art. 171. Obter, para si ou para out­rem, van­tagem ilícita, em pre­juízo alheio, induzindo ou man­tendo alguém em erro, medi­ante artifí­cio, ardil, ou qual­quer outro meio fraud­u­lento: …”, difere muito do que fiz­eram nos últi­mos pleitos?

Vivêsse­mos em uma democ­ra­cia efe­tiva, a pres­i­dente seria com­pel­ida a devolver o mandato con­quis­tado às cus­tas do engodo, da men­tira e do embuste.

Abdon Mar­inho é advogado.