AbdonMarinho - OS PUNGUISTAS DO PODER.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

OS PUN­GUIS­TAS DO PODER.

OS PUN­GUIS­TAS DO PODER.

O Maran­hão, sobre­tudo, São Luís, pos­sui uma riqueza de per­son­agens. O char­gista Cordeiro Filho tem diver­sos tra­bal­hos que os retratam. Sobre um destes per­son­agens maran­henses, um pun­guista da Rua Grande (que não me recordo que tenha sido objeto de tra­balho do profis­sional de charges referido), acred­ito já tenha fal­ado. Se já falei, falarei nova­mente, se não, falo agora. Con­tam os mais anti­gos que na prin­ci­pal artéria da cap­i­tal um malan­dro a aproveitar-​se dos des­cui­dos dos transe­untes para furta-​lhes as carteiras e bol­sas. Suas víti­mas prin­ci­pais eram as mul­heres. Quando a vítima dava pela falta da carteira ou bolsa, ele era o primeiro a sair gri­tando, junto com a vítima: “Pega ladrão!”, \«pega ladrão!”

E, no tumulto que se for­mava, acabava por se perder no meio do povaréu.

Não con­sigo deixar de pen­sar no per­son­agem quando vejo as man­i­fes­tações dos gov­ernistas do poder cen­tral diante dos escân­da­los que se suce­dem. Aliás, é mais fácil fal­tar coceira em bar­riga de macaco que escân­dalo no gov­erno dos companheiros.

Vejam, eles, o par­tido da pres­i­dente, do seu vice-​presidente e mais alguns da base ali­ada estão sendo acu­sa­dos e há provas, con­fes­sadas e doc­u­men­tadas, de roubarem bil­hões de reais da maior estatal brasileira, a Petro­bras. Infor­mações pre­lim­inares apon­tam que só o Sr. Alberto Youssef, \«lavou\» cerca de R$ 10 bil­hões (evito colo­car os zeros para não con­fundir os leitores). Os acor­dos para devolução do mal havido por parte dos dela­tores já somam R$ 425 mil­hões de reais, valor cor­re­spon­dente a ape­nas cinco delatores.”Só o quin­hão deles, a comis­são que cobravam pelo \«ser­vicinho\» sujo. Só o ex-​diretor Paulo Roberto Costa já devolveu mais de R$ 70 mil­hões de reais. Out­ros envolvi­dos estão no mesmo cam­inho; os acu­sa­dos que aceitaram acordo de delação já afir­maram que a “propina\» iam para três par­tidos, Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, da pres­i­dente da República, Par­tido do Movi­mento Democrático Brasileiro — PMDB, do vice-​presidente da República e Par­tido Pro­gres­sista — PP, da base ali­ada”, e vari­avam de um a três por cento do valor de cada con­trato; alguns empresários já con­fes­saram que sofriam pressão dos inter­mediários dos par­tidos para pagar a \«comissão\».

Uma empresa estrangeira já devolveu mais de US$ 200 mil­hões de dólares, por conta dos sub­or­nos pagos aos exec­u­tivos brasileiros para con­seguir con­tratos com a Petrobras.

Essas mes­mas noti­cias dão conta do envolvi­mento de diver­sos min­istros, gov­er­nadores, pres­i­dente e ex-​presidente e de cerca de 100 par­la­mentares. Até agora.

Como vemos, nunca se teve notí­cia de esquema de tamanha enver­gadura para saquear cofres públi­cos, em tempo algum da história do Brasil. Na ver­dade essa é uma afir­mação que dev­e­ria, com mais justiça que todas as out­ras que abusamos de ouvir nos tem­pos, que nunca na história deste país se roubou tanto.

Pois bem, quando digo que os líderes gov­ernistas e seus ali­a­dos agem como os pun­guis­tas de out­rora é porque eles saem aí gar­gan­teado que são os autores de toda essa inves­ti­gação, que a Polí­cia Fed­eral, o Min­istério Público e até o Pode Judi­ciário, estão que estão fazendo todo esse tra­balho, o fazem por sua inspi­ração. E vão além, no cin­ismo sem fron­teiras: as inves­ti­gações vão prosseguir, doar a quem doer. Palavras do min­istro da justiça e da pres­i­dente da República.

Eu não me dava conta desse golpe de gênio. Os gov­ernistas nomearam os ladrões, cobraram as propinas, con­trataram os doleiros para lavarem o din­heiro sujo, envolveram uma rede enorme de ali­a­dos de todos os par­tidos da sua base de sus­ten­tação, tudo com o propósito de depois man­darem inves­ti­gar e colo­car os malfeitores na cadeia. Genial. Nesse ritmo, pelo andar da car­ru­agem, o próx­imo passo será a pres­i­dente man­dar dec­re­tar sua própria prisão e do seu ante­ces­sor, o Sr. Lula.

Como vemos, isso não faz o menor sen­tido. Entre­tanto é isso que estão vendendo aos incau­tos. Que as inves­ti­gações que aponta a para os seus par­tidos são por obra dos atu­ais man­datários e não das insti­tu­ições. Que nos gov­er­nos ante­ri­ores isso tudo seria engave­tado. Não socorre, sequer, pen­sar que nos­sas insti­tu­ições, em que pese as ten­ta­ti­vas reit­er­adas de apar­el­hamento, estão mais maduras. Há, ainda, a ridícula colo­cação que são os tucanos, da Globo, da Veja, da Polí­cia Fed­eral, os respon­sáveis pela roubalheira.

Sobre essas teses, outro dia li, em algum lugar, acho que nas redes soci­ais, que se tornaram caixa de ressonân­cia de tudo que é lou­cura, a seguinte colo­cação: O golpe fra­cas­sou, empre­it­eiras envolvi­das no escân­dalo da Petro­bras tam­bém doaram aos tucano.

Coisa de maluco. O que tem demais que ten­ham doado se não há proibição alguma a isso? Não há prob­lema em fazer doação para cam­pan­has, a esse ou aque­les par­tidos. O que se está dis­cutindo é o esquema de cor­rupção mon­tado com o con­sór­cio do poder, para colo­car sobrepreço em obras e serviços para que esta difer­ença retor­nasse aos cofres dos par­tidos e seus líderes; o que está errado é a cobrança de propinas de um a três por cento em todos con­tratos, como está se com­pro­vando agora. Quem mon­tou o esquema que está levanto a Petro­bras à ban­car­rota foram os gov­ernistas e seus ali­a­dos e não os opos­i­tores. O esquema subiu as escadas do Palá­cio do Planalto, con­forme já dito e com­pro­vado por depoi­men­tos e provas, por suas ações e de seus aliados.

Lem­bro que 2005, logo que estourou o escân­dalo do men­salão, um amigo, muito querido, ten­tou jus­ti­ficar que aquela ban­dal­heira era des­culpável por ser em nome da causa. Disse-​lhe, clara­mente que não era aceitável, sob nen­huma hipótese que aque­les que foram eleitos para colo­car o país nos tril­hos tivesse como meta sofisticar os mecan­is­mos de cor­rupção em nome de qual­quer coisa.

Ainda que fosse para uma causa fic­tí­cia não seria aceitável.

Repito: As pes­soas não são são eleitas para roubar o din­heiro público, ainda que em nome de qual­quer causa.

Agora esta­mos diante uma ban­dal­heira ainda maior. Mais uma vez as autori­dades e seus líderes ten­tam a todo custo, desviar a atenção e erguer fal­sas corti­nas de fumaça para encobri-​la. Mais uma vez não têm razão em san­grar a nação.

Abdon Mar­inho é advogado.