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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novembro de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

UMA SUGESTÃO PARA O ESPORTE.

Soube que após seis longos anos, o ginásio Costa Rodrigues será devolvido à população ludovicense. Já não era sem tempo. Pelas fotos que vi, tanto da fachada quanto da parte interna, ficou muito bom, uma belezura, por assim dizer, o que me deixa muito feliz. 

O Costa Rodrigues traz boas lembranças. Lembro que durante os JEM’s (Jogos escolares Maranhenses), saíamos do Liceu e nos mudávamos para lá para acompanhar as diversas modalidades que seriam disputadas. Depois peregrinávamos pelos diversos ginásios para assistir outros jogos, principalmente se os nossos times iam bem. Guioberto Alves, no Bairro de Fátima, ginásio do Maristas, do Batista, do Santa Tereza, etc. Bons tempos.

O esporte maranhense como um todo,  e o amador em especial, tem se ressentido da falta de incentivos oficiais. Estes, quando existentes, são poucos e as dificuldades imensas. 

Entendo que o esporte, sobretudo o amador, precisa de uma nova abordagem, ser fortalecido a partir das escolas, criando-se uma cultura esportiva desde o ensino fundamental, passando pelo médio e universitário. Para isso é necessário dotar as escolas de infraestrutura. Acredito que essa estratégia, a conjugação de esportes, cultura  com a educação,  fortalecerá o interesse dos estudantes pela atividade acadêmica. Não se trata de uma novidade ou algo inédito: os países que se destacam nos esportes têm suas bases oriundas das boas práticas esportivas em suas unidades escolares, no ensino fundamental, médio, universitário. 

No Brasil, no Maranhão, tentam separar isso, esportistas por aqui não podem ser intelectuais. Por outro lado, agem como se a comunidade não fizesse ou não devesse fazer parte da vida escolar. Talvez, deva-se a isso o fato de termos uma das maiores taxas de jovens que não trabalham e nem estudam, passando o dia ociosos, enveredando pelo caminho do v/cio, como o álcool, drogas e outros tipos sintéticos. 

Lembro do sacrifício que faziam meu colegas de Liceu Maranhense para competirem nos JEM’s, naquela época o máximo que a escola tinha era uma quadra, descoberta.    

Faz-se necessário mudarmos essa realidade de distanciamento e aproximar mais a comunidade das escolas, estimular as boas práticas esportivas, culturais e acadêmicas, como sendo elas integrantes da formação da criança, do jovem e do adulto.

Na consecução deste objetivo, acho que deve haver um entrosamento maior entre as secretarias de educação e de esportes. Uma ajudando a outra. 

Uma boa iniciativa neste sentido seria a secretaria de esportes entregar para secretaria de educação a responsabilidade pela administração e conservação das arenas esportivas que estivessem próximas às unidades de ensino. O MEC tem apoiado e aceita que arenas esportivas sejam vinculadas escolas desde que estejam num raio de quinhentos metros. Faz parte de uma nova política educacional.

Então, o que custar vincular as praças esportivas que atendam aos requisitos, às unidades de ensino, à educação, que possui muito mais recursos que a pasta de esportes? 

Desobrigada dos custos de manutenção, vigilância e conservação de inúmeros ginásios, a pasta dos esportes poderia cuidar melhor do Complexo Esportivo João Castelo, dando mais atenção à pista de atletismo, ao ginásio Castelinho, à piscina olímpica, à pista de kart e aos demais instrumentos, bem como poderia estender seu raio de atuação por todo o estado, tornando-se, em parceria com os municípios, fomentadora das atividades esportivas, de novas modalidades.   

Essa iniciativa atenderia as duas secretarias e, principalmente, aos destinatários das  ações de ambas: os jovens que são pouco incentivados à prática de esportes. 

O Costa Rodrigues foi construído em área originalmente pertencente ao Liceu Maranhense. Nada mais oportuno que retorne a vinculação do ginásio ao colégio, permitido que a área hoje ocupada por sua quadra seja destinada a construção de um anexo, para instalação de novos equipamentos educacionais, como uma grande biblioteca, laboratórios de ponta nos campos de ciências e tecnologia e até mesmo a  ampliação do numero de salas de aula, tornando a exemplo do colégio adquirido dos irmãos Maristas, também uma unidade de ensino de tempo integral.   

O mesmo procedimento pode-se-á adotar com relação ao Rubem Goulart, vinculando-o a uma das escolas a que se encontra próximo. (Lembro que a última vez que passei pela Avenida Kennedy o ginásio sofria com a abandono e se encontrava em avançado estado de deterioração. Não sei como está hoje.) 

Como ele são inúmeras as praças esportivas estaduais entregues ao abandono, sem uso e sem serventia. Não é nem por culpa da secretaria de esporte, na maioria das vezes, a deterioração se dá pelo vandalismo, falta de uso, manutenção, o olhar vigilante da autoridade. 

Ora, a secretaria de esportes não possui estrutura suficiente para cuidar destas arenas, bem diferente seria, se estivessem vinculadas as escolas, sob o olhar atento de bons diretores, professores de esportes, técnicos, alunos e atletas, que impedissem o vandalismo e fizessem os pequenos reparos na hora que surgissem.

Como os dois exemplos citados, a prática poderia se espalhar por diversas outras unidades, tanto na capital quanto no interior. Ao meu sentir não tem cabimento que a secretaria de esportes que possui um orçamento minúsculo, o consuma com a administração de arenas esportivas, que poderiam, perfeitamente, estarem vinculadas a unidades escolares e bancadas pelo orçamento da educação, que por sua vez, gastaria seus recursos apenas com a manutenção conservação ao invés de construir quadras cobertas e ginásios, sem contar que poderia aproveitar o espaço que utilizaria para isso  com outras finalidades.

Acredito que com medidas assim teríamos o uso mais racional dos recursos públicos e  sobrariam mais dinheiro na pasta do esportes para outros incentivos e manutenção das arenas maiores. 

É o que penso.

Abdon Marinho é advogado.