AbdonMarinho - POLÍTICA E GRATIDÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

POLÍTICA E GRATIDÃO.

POLÍTICA E GRATIDÃO.
ALGUÉM teria dito, que se a gratidão já habitou a casa da política, foi por tão pouco tempo que não deixou lem­brança.
Outro dia, uma matéria no blog do jor­nal­ista Robert Lobato, dando conta, segundo o ex-​deputado fed­eral e con­sti­tu­inte, Haroldo Sabóia, que o gov­er­nador do Maran­hão, Sen­hor Flávio Dino, colo­cara o dep­utado fed­eral e pos­tu­lante ao Senado da República, José Reinaldo Tavares, na “geladeira», pus-​me a refle­tir sobre a frase com a qual ini­cio o texto.
Segundo o desabafo do ex-​deputado con­sti­tu­inte, os Leões já teriam fechado questão em torno do primeiro nome na dis­puta pelo Senado Fed­eral e, os demais, entre eles o ex-​governador, iriam para o “murro”, pela segunda vaga na chapa.
Até ler o man­i­festo indig­nado do ex-​deputado, não me pas­sara pela cabeça tal coisa. Mesmo as denún­cias de que as dependên­cias do Palá­cio dos Leões estariam sendo usadas como comitê infor­mal de cam­panha, ou que estariam em supostas sociedades, pouco orto­doxas, no setor de comu­ni­cação, cred­i­tava dever-​se ao estilo extrema­mente auda­cioso do suposto preferido, que man­i­fes­tação expressa do chamado “núcleo duro” do gov­erno.
Ainda a mídia sub­ter­rânea impingindo ao ex-​governador os mais cruéis adje­tivos, den­tre os quais, o de “traidor”, segundo dizem, por inspi­ração pala­ciana e ainda as diver­sas ten­ta­ti­vas de “enquadra­mento» ao par­la­men­tar, me fez perce­ber qual­quer ato de desleal­dade por parte dos atu­ais inquili­nos em relação àquele.
Vou além, nunca pas­sou pela minha cabeça que não fosse o ex-​governador José Reinaldo, o can­didato com vaga “cativa” na chapa gov­ernista, ficando os demais para a dis­puta da segunda vaga. Mesmo porque, como dizia antigo aforismo, antigüi­dade é posto.
E, não, ape­nas, por isso, o ex-​governador, como é por todos sabidos, mes­mos pelos mais ingratos, foi essen­cial para o quadro político que temos hoje.
Não sou eu que digo isso, é a história.
A primeira vez que falei com o ex-​governador foi na antiga residên­cia de verão, em São Mar­cos, cor­ria o ano de 2006, há onze anos, por­tanto.
Ape­sar de nunca ter­mos tido qual­quer con­tato ante­rior, tratou-​nos – a mim e a meu sócio –, como se fôsse­mos vel­hos con­heci­dos. Como não pode­ria deixar de ser, já na con­tagem regres­siva para as eleições, tro­camos impressões sobre o quadro politico. Ele achava que o ex-​ministro Edson Vidi­gal seria o alçado para o segundo turno para dis­puta com a can­di­data Roseana Sar­ney. Opinei que achava mais fácil o Jack­son Lago, por conta da mil­itân­cia mais aguer­rida.
Naquela opor­tu­nidade, muito além do fre­n­esi pela dis­puta majoritária, uma coisa me chamou a atenção: o extremo otimismo com que ele falava da can­di­datura do ex-​juiz Flávio Dino, tratando-​a como se fosse o fato mais rel­e­vante daquela eleição.
Falava com um certo brilho no olhar, uma espé­cie de empol­gação “pater­nal”, antevendo o sucesso do filho. Acred­ito, já tinha como certo a vitória dele para a Câmara e que seria o can­didato ao gov­erno no pleito seguinte, 2010.
O resto da história é de todos con­hecida. Como previ, Jack­son lago foi o “aprovado» para o segundo turno, e lá con­seguiu a vitória mem­o­rável sobre a can­di­data Roseana Sar­ney, para cel­e­brar a data, o ex-​governador, fez inau­gu­rar num bairro pop­u­lar da cap­i­tal, a escola 29 de out­ubro, na Cidade Operária, uma hom­e­nagem sin­gela.
Depois, Jack­son Lago foi cas­sado pela Justiça Eleitoral – menos pelo que fez e mais pelos erros estratégi­cos cometi­dos –, e Roseana Sar­ney, assu­mindo o gov­erno (e por conta dele), sagrou-​se vito­riosa na eleição de 2010.
O sonho de Zé Reinaldo de ver o seu “favorito» eleito gov­er­nador só foi con­cretizado em 2014. E, desde 2015, o que mais se comenta nas rodas políti­cas são os maus-​tratos sofrido por ele patroci­na­dos pelos sub­ter­râ­neos dos Leões.
Em deter­mi­nado momento, as agressões pareceram-​me tão ofen­si­vas que tomei a liber­dade de escr­ever um texto cujo título foi: «Respeitem o Zé”, res­gatando um pouco da história política do estado é o papel assum­ido pelo ex-​governador.
Infe­liz­mente os ape­los dos tex­tos não foram aten­di­dos. Quase diari­a­mente, ainda hoje, setores da mídia – que sabe­mos comem nos coches do palá­cio –, ata­cam o ex-​governador com os epíte­tos mais baixos, inclu­sive, chamando-​o de traidor.
Nunca os levei muito a sério porque a história está aí a com­pro­var: poucos dos que o ata­cam – na ver­dade, nen­hum –, chegaram, pelo menos perto, do que fez o ex-​governador pela alternân­cia de poder no Maran­hão. Muitos dos que estão encaste­la­dos no poder, usufruindo o que devem, e o que não lhes per­tencem, assim estão, graças ao ape­dre­jado.
Nestes onze anos, em troca a tudo que fez pelo pro­jeto da alternân­cia de poder, Zé Reinaldo teve mais diss­a­bores que recon­hec­i­mento.
Em 2010, para ajudá-​lo na eleição ao Senado Fed­eral, lançaram cinco can­didatos para as duas vagas; em 2014, fiz­eram mais, ele teve que abrir mão da can­di­datura em nome dos acor­dos e pactos maiores para eleição do gov­er­nador.
Mas, ape­sar do ret­ro­specto, não dei crédito a infor­mação de o que o ex-​governador José Reinaldo Tavares, estaria, mais uma vez, sendo preterido na dis­puta para o Senado, colo­cado na geladeira, como disse o ex-​deputado Haroldo Sabóia, e que teria de ir para o “murro”, na sub­le­genda gov­ernista, caso queira ser can­didato.
Não bas­tasse isso, os ataques rotineiros que sofre por parte da mídia “amil­hada» pelo gov­erno que aju­dou a eleger.
Caso isso se con­firme será algo, real­mente, estu­pe­fa­ciente.
Se tem alguém que merece ser can­didato pelo grupo que está no poder esse alguém é o ex-​governador. E se tem alguém que lhe deve essa vaga de senador, esse alguém é o atual gov­er­nador do Maran­hão.
São duas vagas para o Senado Fed­eral, o mín­imo que o gov­er­nador dev­e­ria ter feito – desde o primeiro dia que assumiu – era chamar os seus dizer: – um dos meus can­didatos a senador em 2018 é José Reinaldo, se “matem” aí pela segunda indi­cação.
Era é o mín­imo que dev­e­ria ter feito. Ato con­tínuo a isso, proibir a cam­panha sór­dida que agentes do gov­erno e seus xerim­ba­bos têm feito con­tra o ex-​governador.
Aprendi com meu saudoso pai – com sua sabedo­ria de anal­fa­beto –, que leal­dade não é favor, e, sim, dever. Todos estes que ficaram mais de 50 anos esperando para chegarem ao poder, têm o dever de leal­dade com o ex-​governador José Reinaldo, se não hon­rarem, mere­cerão, com maior razão, o adje­tivo com o qual lhe brindam quase que diari­a­mente. Uns mais que os out­ros.
A atual quadra política maran­hense me traz uma outra lem­brança.
Certa vez indaguei a um amigo e cliente do grupo Sar­ney: — Fulano, você pensa muito pare­cido conosco, por que não vem somar com a gente nesta eleição?
Respondeu-​me: — Abdon, meu amigo, não faço isso porque tenho muito menos medo de Sar­ney que de “vocês”.
O ex-​governador José Reinaldo, caso se con­firme o que está desen­hado, será a per­son­ifi­cação viva do que me disse este amigo.
Abdon Mar­inho é advogado.