O PT E A PROFECIA DE JOELMIR BETING.
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- Criado: Quarta, 27 Abril 2016 00:08
- Escrito por Abdon Marinho
O PT E A PROFECIA DE JOELMIR BETING.
PERGUNTAVA A UM AMIGO:
– Sabes como falo com Joelmir Beting?
– Que é isso Abdon, o Joelmir morreu em 2012, falar com ele só morrendo. Por que essa lembrança?
– Ia pedir os números da megassena acumulada.
–????.
– Não lembras a profecia de Joelmir? Ia o ano de 2005, na esteira do escândalo do “mensalão” quando, cunhou a frase: “O PT é, de fato, um partido interessante. Começou com presos políticos e vai terminar com políticos presos”.
Assisto, não desprovido de tristeza, que, aquilo dito um dia pelo renomado economista, como um chiste, uma pilhéria ou gracejo, está cada vez mais próximo de acontecer.
O escândalo intitulado mensalão, de 2005, considerando fichinha diante do atual, já levou um bocado de gente à cadeia, este outro, o “petrolão» considerado por muitos bem maior levará outro tanto, por fim, tem ainda outro vertente chamada de “quadrilhão» que alcança os que hoje têm foro privilegiado.
Não digo isso com desejo ou torcida, apenas enxergo a ordem natural das coisas.
Raramente tem um dia em que não seja descoberto um escândalo envolvendo figuras do partido, familiares do ex-presidente, pessoas próximas a ele e a atual inquilina do Palácio do Planalto, etc.
A cada dia que passa uma realidade se torna mais escancarada: o partido e os seus aliados, usaram os recursos da nação em proveito próprio. As investigações têm levado os empresários – que desistiram de pagar o pato sozinhos – a celebrarem acordos de colaboração premiada e entregarem os esquemas que já se sabia ou se desconfiava nos bastidores.
Cada negocio ruinoso para país – e até para os cidadãos brasileiros –, como é o caso do alcance nos fundos de pensão dos trabalhadores nas estatais, significaram lucro certo para o grupo que se assenhorou do poder.
As últimas noticias dão conta da cobrança de propina a empresários por empréstimos concedidos pelo BNDES. O esquema era bem simples. O banco emprestava o dinheiro ao empresário e este pagava um “pedagiozinho» para a companheirada. Tais pedágios poderiam vir revestidos de doações para suas campanhas e/ou de seus aliados e a nossa Justiça Eleitoral servia de lavanderia para lavar o dinheiro que, na origem, nada mais era que propina.
A revelação de executivos da empresa Andrade Gutierrez de que pagara propina ao PT em obras realizadas na Venezuela (mas só referente à parte financiada pelo Brasil, que fique claro), abre uma nova fonte de questionamentos: a propina nas obras financiadas pelo Brasil mundo afora, sobretudo, nas ditaduras amigas, em contratos protegidos por sigilo, registre-se.
Em sendo verdade o que se noticia e, o que se comenta nos bastidores, a rede de corrupção engendrada a partir do BNDES, com os financiamentos de obras no Brasil e no exterior; o socorro a empresas nacionais ruins das pernas; e, até mesmo, o financiamento de organizações ditas “sociais”, teremos um esquema capaz de superar os dois maiores que já tivemos e que são referencias em todo o mundo: mensalão e petrolão.
Os empréstimos deste banco, segundo dizem, são superiores a meio trilhão de reais. Qualquer percentual num volume de recursos destes é algo monumental.
O descortinar de todos estes fatos, a menos que haja uma total inversão da ordem jurídica nacional, traz como consequência a punição dos culpados. Muitos destes – e os que ainda serão descobertos – estão no primeiro escalão da República, gozando o privilegio de foro por prerrogativa de função.
Tão logo cesse o governo da senhora Dilma Rousseff estas pessoas passarão a responder por seus “malfeitos» perante os juízos de primeiro grau, bem menos infensos às influências ou favores externos.
A batalha que o Partido dos Trabalhadores — PT trava para se manter no poder é uma batalha pela própria sobrevivência e pela liberdade de muitas de suas lideranças. Sem o poder, os esquemas de corrupção montados ficarão mais fáceis de serem descobertos, investigados. Os culpados, mais fáceis de serem alcançados pela lei e pela justiça.
A estrutura montada para durar cinquenta ou cem anos, que levasse a prescrição todos os crimes ou ao total aparelhamento do Estado não tem funcionado. Para a desgraça dos malfeitores e para felicidade geral dos cidadãos de bem, esta crise tem pelo menos um mérito: mostrar que as instituições brasileiras, anda com algumas fissuras aqui ou ali, estão mais fortalecidas. Por mais que tenham se esforçado, não transformaram o Brasil numa republiqueta de bananas.
A pergunta que costumo me fazer é quando o PT deixou de ser o catalisador dos sonhos de mudanças, provedores da honra para se tornar tudo isso que vemos nos meios de comunicação? Ou, sempre foram assim e nós, na nossa bondade, não nos demos conta? Quantas vezes não tiramos recursos do próprio bolso para contribuir com o partido e suas campanhas? Para quê? Isso?
Os escândalos se sucedem numa profusão de fazer inveja e causar constrangimento aos mais contumazes corruptos nacionais. Desde que chegaram ao poder a notícia é a mesma: corrupção, corrupção e mais corrupção. Cada escândalo maior que o outro. Quando surgiu o chamado mensalão se dizia que era o maior, depois o “petrolão”, junto com este as notícias dos esquemas no BNDES, nos fundos de pensão das estatais, nos grande projetos estruturais. A bandalha parece não ter fim.
Em transe, o país se depara com a verdadeira “Alvorada Voraz” e não aquela quase lúdica e inocente que narrava os casos “Coroa Brastel, escândalo da bolsa e um bando de gente importante envolvida…» cantada com extraordinário talento por umas das famosas bandas dos anos oitenta.
Noutra quadra, cada vez nos aproximamos de ver acontecer o que, um dia, profetizou o economista Joelmir Beting.
Abdon Marinho é advogado.