AbdonMarinho - O PT E A PROFECIA DE JOELMIR BETING.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Sábado, 23 de Novem­bro de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O PT E A PRO­FE­CIA DE JOELMIR BETING.

O PT E A PRO­FE­CIA DE JOELMIR BETING.

PER­GUN­TAVA A UM AMIGO:

– Sabes como falo com Joelmir Beting?

– Que é isso Abdon, o Joelmir mor­reu em 2012, falar com ele só mor­rendo. Por que essa lembrança?

– Ia pedir os números da megassena acumulada.

–????.

– Não lem­bras a pro­fe­cia de Joelmir? Ia o ano de 2005, na esteira do escân­dalo do “men­salão” quando, cun­hou a frase: “O PT é, de fato, um par­tido inter­es­sante. Começou com pre­sos políti­cos e vai ter­mi­nar com políti­cos presos”.

Assisto, não desprovido de tris­teza, que, aquilo dito um dia pelo reno­mado econ­o­mista, como um chiste, uma pil­héria ou gracejo, está cada vez mais próx­imo de acontecer.

O escân­dalo inti­t­u­lado men­salão, de 2005, con­siderando fich­inha diante do atual, já levou um bocado de gente à cadeia, este outro, o “petrolão» con­sid­er­ado por muitos bem maior levará outro tanto, por fim, tem ainda outro ver­tente chamada de “quadrilhão» que alcança os que hoje têm foro privilegiado.

Não digo isso com desejo ou tor­cida, ape­nas enx­ergo a ordem nat­ural das coisas.

Rara­mente tem um dia em que não seja descoberto um escân­dalo envol­vendo fig­uras do par­tido, famil­iares do ex-​presidente, pes­soas próx­i­mas a ele e a atual inquilina do Palá­cio do Planalto, etc.

A cada dia que passa uma real­i­dade se torna mais escan­car­ada: o par­tido e os seus ali­a­dos, usaram os recur­sos da nação em proveito próprio. As inves­ti­gações têm lev­ado os empresários – que desi­s­ti­ram de pagar o pato soz­in­hos – a cel­e­brarem acor­dos de colab­o­ração pre­mi­ada e entre­garem os esque­mas que já se sabia ou se descon­fi­ava nos bastidores.

Cada nego­cio ruinoso para país – e até para os cidadãos brasileiros –, como é o caso do alcance nos fun­dos de pen­são dos tra­bal­hadores nas estatais, sig­nificaram lucro certo para o grupo que se assen­horou do poder.

As últi­mas noti­cias dão conta da cobrança de propina a empresários por emprés­ti­mos con­ce­di­dos pelo BNDES. O esquema era bem sim­ples. O banco emprestava o din­heiro ao empresário e este pagava um “peda­gioz­inho» para a com­pan­heirada. Tais pedá­gios pode­riam vir revesti­dos de doações para suas cam­pan­has e/​ou de seus ali­a­dos e a nossa Justiça Eleitoral servia de lavan­de­ria para lavar o din­heiro que, na origem, nada mais era que propina.

A rev­e­lação de exec­u­tivos da empresa Andrade Gutier­rez de que pagara propina ao PT em obras real­izadas na Venezuela (mas só ref­er­ente à parte finan­ciada pelo Brasil, que fique claro), abre uma nova fonte de ques­tion­a­men­tos: a propina nas obras finan­ciadas pelo Brasil mundo afora, sobre­tudo, nas ditaduras ami­gas, em con­tratos pro­te­gi­dos por sig­ilo, registre-​se.

Em sendo ver­dade o que se noti­cia e, o que se comenta nos basti­dores, a rede de cor­rupção engen­drada a par­tir do BNDES, com os finan­cia­men­tos de obras no Brasil e no exte­rior; o socorro a empre­sas nacionais ruins das per­nas; e, até mesmo, o finan­cia­mento de orga­ni­za­ções ditas “soci­ais”, ter­e­mos um esquema capaz de superar os dois maiores que já tive­mos e que são ref­er­en­cias em todo o mundo: men­salão e petrolão.

Os emprés­ti­mos deste banco, segundo dizem, são supe­ri­ores a meio tril­hão de reais. Qual­quer per­centual num vol­ume de recur­sos destes é algo monumental.

O descorti­nar de todos estes fatos, a menos que haja uma total inver­são da ordem jurídica nacional, traz como con­se­quên­cia a punição dos cul­pa­dos. Muitos destes – e os que ainda serão descober­tos – estão no primeiro escalão da República, gozando o priv­i­le­gio de foro por pre­rrog­a­tiva de função.

Tão logo cesse o gov­erno da sen­hora Dilma Rouss­eff estas pes­soas pas­sarão a respon­der por seus “malfeitos» per­ante os juí­zos de primeiro grau, bem menos infen­sos às influên­cias ou favores externos.

A batalha que o Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT trava para se man­ter no poder é uma batalha pela própria sobre­vivên­cia e pela liber­dade de muitas de suas lid­er­anças. Sem o poder, os esque­mas de cor­rupção mon­ta­dos ficarão mais fáceis de serem descober­tos, inves­ti­ga­dos. Os cul­pa­dos, mais fáceis de serem alcança­dos pela lei e pela justiça.

A estru­tura mon­tada para durar cinquenta ou cem anos, que lev­asse a pre­scrição todos os crimes ou ao total apar­el­hamento do Estado não tem fun­cionado. Para a des­graça dos malfeitores e para feli­ci­dade geral dos cidadãos de bem, esta crise tem pelo menos um mérito: mostrar que as insti­tu­ições brasileiras, anda com algu­mas fis­suras aqui ou ali, estão mais for­t­ale­ci­das. Por mais que ten­ham se esforçado, não trans­for­maram o Brasil numa republi­queta de bananas.

A per­gunta que cos­tumo me fazer é quando o PT deixou de ser o catal­isador dos son­hos de mudanças, prove­dores da honra para se tornar tudo isso que vemos nos meios de comu­ni­cação? Ou, sem­pre foram assim e nós, na nossa bon­dade, não nos demos conta? Quan­tas vezes não tiramos recur­sos do próprio bolso para con­tribuir com o par­tido e suas cam­pan­has? Para quê? Isso?

Os escân­da­los se suce­dem numa pro­fusão de fazer inveja e causar con­strang­i­mento aos mais con­tu­mazes cor­rup­tos nacionais. Desde que chegaram ao poder a notí­cia é a mesma: cor­rupção, cor­rupção e mais cor­rupção. Cada escân­dalo maior que o outro. Quando surgiu o chamado men­salão se dizia que era o maior, depois o “petrolão”, junto com este as notí­cias dos esque­mas no BNDES, nos fun­dos de pen­são das estatais, nos grande pro­je­tos estru­tu­rais. A ban­dalha parece não ter fim.

Em transe, o país se depara com a ver­dadeira “Alvo­rada Voraz” e não aquela quase lúdica e inocente que nar­rava os casos “Coroa Bras­tel, escân­dalo da bolsa e um bando de gente impor­tante envolvida…» can­tada com extra­ordinário tal­ento por umas das famosas ban­das dos anos oitenta.

Noutra quadra, cada vez nos aprox­i­mamos de ver acon­te­cer o que, um dia, pro­fe­ti­zou o econ­o­mista Joelmir Beting.

Abdon Mar­inho é advogado.