DILMA, A DEMOCRACIA E OS ALIADOS.
Acaba virando pleonasmo dizer que Dilma Rousseff fala tolices. Não bastasse dizer que o Maranhão fica no extremo norte do Brasil, no Estado de Roraima disse que RORAIMA era a capital(???) mais distante de Brasília e que ela era roraimada (??). Na verdade daqui a pouco será, não apenas precursora de uma nova língua, mas também de uma nova forma de pensar.
Hoje saiu-se com ideia de que o Brasil só é respeitado no exterior por que respeita o resultado das urnas, das eleições regulares existente a cada quatro anos.
Por esse raciocínio o Iraque de Saddan Hussein, a Líbia de Muammar Kadafi, Cuba, dos Castros, seriam as nações mais respeitadas do mundo de toda a história. Os dirigentes destes países sempre foram eleitos com quase cem por cento dos votos. E, ninguém nunca os questionou. Um outro belo exemplo é a Coreia do Norte, não acham?
Será que é isso?
Não seria melhor sermos respeitados pela solidez de nossas instituições?
Vemos, como rotina, em muitas democracias a dissolução dos parlamentos e dos governos que não foram exitosos na união dos seus países ou não apresentaram os resultados esperados. São, estas nações indignas do respeito internacional?
Tudo bem que argumentem que são países que adotam o parlamentarismo.
Mas ainda assim é uma grande bobagem advogar a imutabilidade de mandados que não apresentam resultados, que não contam com apoio popular ou sustentação política e levam nação a sangrar na economia, como é o caso Brasil onde, em apenas um ano, o cidadão já viu virar fumaça mais da metade de seu patrimônio.
A colocação da presidente não passa de mais uma pérola para a sua, já famosa coleção, de bobagens. Por vezes chego a pensar se ela não desistiu de presidir o Brasil para se tornar humorista.
A propósito, numa reunião com senadores em que defendeu essa tese de imutabilidade de mandatos e acusando quem pensa diverso de golpista, foi admoestada pelo ex-presidente Fernando Collor, o notório senador alagoano, de que também ele fora eleito numa eleição legítima – aliás ninguém nunca questionou a eleição de 1989 –, e que, ainda assim, sofreu processo impeachment que culminou com a sua cassação.
O senador bem que poderia ter aproveitado o momento para exigir da presidente e seus aliados um pedido de desculpas pelo “golpe" que foi vítima em 1992, pois foram justamente os aliados da presidente que lideraram sua cassação. Não acham?
Aproveito a oportunidade para solicitar de todos que insistem na tolice de dizer que impeachment é golpe e que foram às ruas pedir a cassação de Collor, que formalizem, por escrito, talvez, através de uma petição pública, um pedido de desculpas a ele, reconhecendo a imensa "injustiça" a que foi submetido, reconhecendo de forma inquestionável que foram "golpistas".
Ao fazerem isso, estariam sendo, ao menos, coerentes, ainda que tardiamente.
Como é foram às ruas, viraram caras-pintadas contra Collor, pedindo e pressionando as instituições pela sua cassação e agora dizem que contra a atual presidente este mesmo procedimento é golpe? Como ousam ameaçar pegar em armas contra os instrumentos da democracia?
Só levarei a sério os que fizerem isso: manifestem o pedido de desculpas ao ex-presidente.
O golpe é só contra Dilma? Só contra a representante do Partido dos Trabalhadores?
Vamos em frente.
Um dos argumentos que os nossos "progressistas" intelectuais usam contra um possível processo é que o governo cairia, para a infelicidade da nação, nas mãos do vice-presidente Temer e de sua camarilha do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB.
Ora, não foram eles que os escolheram? Não os apresentaram como os melhores para dividirem o poder? Como é que agora não servem? Enganaram os eleitores quando diziam que eram bons ou agora quando dizem que são a encarnação de satanás?
Em qualquer das situações enganaram a patuleia e ainda querem que a mesma pague a conta.
A presidente e seus aliados não apresentam uma proposta que tirem o país da crise política, pelo contrário o que apresentam é uma espécie de ampliação de poder do aliado incômodo, como temos visto nos dias atuais, com pauta política, sendo conduzida por Temer, Sarney, Jucá, Barbalho, Renan e toda essa turma que fizeram resumir do passado para ocuparem o centro do cenário político nacional.
Na melhor das hipóteses a presidente não os acham um entrave. Não, se garantem o cargo e a "boquinha" de seus milhares de aliados aboletados e sustentados pelos contribuintes.
Abdon Marinho é advogado.
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