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Bem Vindo a Pagina de Abdon Marinho, Ideias e Opiniões, Sábado, 27 de Abril de 2024



A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade.

Escrito por Abdon Marinho

 

A FARSA DA HISTÓRIA OU HISTÓRIA DA FARSA.

Por Abdon C. Marinho.

QUEM já se deu ao trabalho de estudar um pouquinho de história (não precisa ser historiador) deve saber que desde sempre os interesses econômicos são preponderantes nas alterações de comandos dos países, sobretudo, naqueles em que os processos democráticos ainda possuem fragilidades. 

Quantos golpes de estados não vivenciamos nos últimos duzentos, cem anos, ao redor do mundo? Quanto não lucraram as empresas que deram sustentação ao fascismo ou ao nazismo? Até com os milhões de mortos lucraram bilhões. As câmaras de gás ou os fornos onde milhões perderam a vida tinha uma história de lucro por trás. 

Quantas guerras não foram promovidas na África por interesses econômicos? Se puxamos pela memória, até a escravidão que envergonhou e envergonha o mundo por séculos foi promovido a partir dos interesses econômicos de empresas – e até de países. 

Guerras, governos depostos, ditaduras se sucedendo, vezes para atender aos interesses de mineradoras, vezes para atender interesses de petroleiras … e por aí vai. 

Muitas das vezes para atender os interesses de seus grupos econômicos, governos usaram da própria força para derrubar outros governos em nações mais frágeis. 

Isso é (foi) o que mais vimos ao redor do mundo, seja na África, na Ásia, nas Américas ou no Caribe. 

Mesmo no Brasil, na ditadura instaurada em 1964, os interesses econômicos de empresas nacionais e, principalmente, transnacionais, foram decisivos. 

Infelicitaram o país por duas décadas enquanto lucravam as custas do sangue e do suor dos trabalhadores brasileiros. 

O discurso, já surrado de outras contendas era a liberdade ameaçada. 

Querem tirar a “nossa”liberdade! Bradavam.

Em nome da tal liberdade, da tal democracia, tantos crimes se cometeram …

Hoje o núcleo do poder econômico mudou. Não são as grandes mineradoras, as petroleiras ou sistema bancário que detém o poder econômico. 

Os homens e empresas mais ricas são as voltadas para a tecnologia e, a cereja do bolo econômico, as chamadas Big techs. 

Nos últimos anos essas empresas “invadiram” nossas vidas e passaram a ser integrantes dos nossos lares, principalmente as redes sociais. 

Por vivermos cem por cento do nosso tempo conectadas a elas passamos a vê-las como “da família” e não como empresas capazes de tudo para auferirem lucro. 

Como ensina o dito que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente, essas Big techs passaram a ditar diversas normas e a tentarem se imporem acima das leis dos países onde auferem seus lucros. 

Confiantes no poder econômico que possuem fazem pouco caso das decisões judiciais e instruem seus advogados a recorrerem indefinidamente nas demandas causando sérios prejuízos, inclusive, para aquelas pessoas que são suas colaboradoras e que as ajudam nos vastos lucros que auferem. 

A situação é tão escandalosa que já até virou meme – esse um termo próprio da linguagem das redes. 

Certa vez, ao pegar um caso contra uma dessas empresas recebi o tal “meme” onde mostrava que perdendo a demanda iriam recorrer, recorrer, recorrer, até que não sobrassem mais recursos no ordenamento jurídico. 

Essa é uma realidade que é vivenciada por muitos brasileiros. 

Esse pouco apreço pelas instituições e pelo próprio Poder Judiciário nos últimos dias ganhou um novo componente quando um “dono” de uma rede social através de uma fake news ou não, ameaçou descumprir as decisões judiciais ainda que emanadas das mais elevadas cortes do país. 

Vejamos, conforme já dito de forma exaustiva, desde que o mundo é mundo que o poder econômico “diz o direito”, mas isso sempre se deu de forma discreta, mesmo quando patrocinavam guerras e promoviam golpes, pelo menos publicamente, não ousavam tanto. 

Como nunca visto, nos últimos dias, um empresário do setor de redes sociais entrou em confronto com um ministro da suprema corte de um país e, de quebra, como dito, ameaçou não mais cumprir as decisões judiciais e a interferir, com ilações, no processo eleitoral do país.

A impressão que me restou foi de estarmos de volta aos anos 40, 50 ou 60 do século passado, em uma republiqueta de bananas do Caribe ou da América do Sul. 

Não temos registros em quaisquer democracias, que  sejam reconhecidas como tais, de empresas ou empresários agindo de forma tão acintosa contra uma nação e suas instituições. Chegamos ao ponto de, fazendo coro, ao proselitismo e ao radicalismo dos nossos dias, empresa/empresário acusarem o sistema eleitoral e as eleições legitimas – reconhecidas por todas as nações do mundo –, como fraudulentas. 

Trata-se algo muito sério, até porque faz a acusação e ilação de fora do país e longe do alcance das autoridades para que prove o alegado.

Não é sem razão que disse anos atrás que, com o poder que detinham, poderiam promover golpes de estado em quaisquer lugares do mundo. 

Quer nos parecer que resolveram “testar” a teoria no nosso país.

O pior dessa farsa histórica é que muitos por desconhecimento da história, por serem incautos ou por colocarem os interesses de suas facções  políticas acima de tudo, até dos interesses da própria nação, “embarcam” na ideia do “empresário” libertário, herói que pensa nos interesses do povo acima dos seus próprios e os tem por “salvadores”. 

Não acredito, como dizem, que lutam pela liberdade. Não é verdade, ainda ontem estavam imbuídos no propósito de derrubarem um governo eleito. 

Apostam na balbúrdia politica para lucrarem – inclusive com os “cliques” de suas postagens escandalosas e/ou mentirosas –, e para testarem suas próprias forças.

As instituições brasileiras têm o dever moral de repelir com veemência esse tipo de intromissão e de exigir que cessem com tais comportamentos e, ainda, que respondam, nos termos da lei, caso tenham cometido algum crime tipificado na legislação penal.

Os problemas do nosso pais precisam ser resolvidos pelos brasileiros. 

Não é concebível que uma nação como a nossa seja tratada como uma republiqueta de bananas. 

A defesa institucional da nação cabe a todos os brasileiros. 

Não precisamos e não aceitamos a tutela de ninguém. 

As empresas e empresários transnacionais que se ocupem dos assuntos dos seus países, a fome, a miséria, os problemas da imigração, do uso desenfreado de drogas, da falta de uma saude universal e de suas próprias tentativas de golpe, conforme vivenciamos na eleição passada.

Empresário ou empresas, aliadas ou não de seguimentos nacionais, nada mais são do que golpistas. 

E isso não podemos aceitar.

Abdon C. Marinho é advogado.