AbdonMarinho - ENTRE MORTOS E FERIDOS O SALDO É POSITIVO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quarta-​feira, 17 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

ENTRE MOR­TOS E FERI­DOS O SALDO É POSITIVO.

ENTRE MOR­TOS E FERI­DOS O SALDO É POSITIVO.

A despeito das divergên­cias sobre o sig­nifi­cado dos números da vio­lên­cia no mês de janeiro: um grupo de jor­nal­is­tas, blogueiros e meti­dos, diz que houve um aumento enquanto outro grupo diz o inverso, entendo que o novo gov­erno está no cam­inho certo no com­bate à violência.

Expli­carei a razão de pen­sar assim.

A vio­lên­cia no Brasil e prin­ci­pal­mente tem crescido numa pro­gressão geométrica (não sei se meu antigo pro­fes­sor de matemática vai me puxar a orelha por usar esse termo). Ape­nas para se ter uma vaga com­preen­são do que digo, enquanto reg­is­tramos, em 2002, cerca de 240 homicí­dios, na região met­ro­pol­i­tana da cap­i­tal, em 2014, esse número pas­sou de 1100. O mesmo cresci­mento em maior ou menor inten­si­dade no resto do país.

Entre os vários motivos para esse recrude­sci­mento da vio­lên­cia está a falta de autori­dade do Estado diante do crime. A coisa tem andando tão sem con­t­role – e esse é outro assunto a mere­cer estudo – que os ban­di­dos pas­saram a achar que podem enfrentar o Estado, este rep­re­sen­tado por suas insti­tu­ições, tendo à frente àquela que faz o com­bate direto, que são as polí­cias. Temos visto que há uma espé­cie de sat­is­fação macabra da ban­didagem quando eles matam um poli­cial, seja civil, mil­i­tar, guarda civil.

Outro dia, num destes pro­gra­mas ves­per­tino que tratam da vio­lên­cia, vi a sat­is­fação de uma cri­ança de 14 anos, já investido no papel de ban­dido – a questão da into­ca­bil­i­dade destes menores crim­i­nosos é outro gar­galo a ser enfrentado –, expor, de forma fria, suas moti­vações para ter ceifado a vida de uma guarda munic­i­pal na frente do filho.

Voltando à nossa real­i­dade, emb­ora os números não refli­tam a mudança de posi­ciona­mento, irão refle­tir muito em breve, começamos a sen­tir uma dis­posição do Estado em enfrentar o crime e em res­gatar sua autoridade.

Esse é o difer­en­cial. As polí­cias mil­i­tar e civil são as mes­mas exis­tente até 31 de dezem­bro pas­sado, ainda não foi incor­po­rado um homem ao efe­tivo, as oper­ações poli­ci­ais, até o local das blitze são os mes­mos, o que há de difer­ente é a voz de comando de enfrenta­mento à criminalidade.

Esse é o ponto pos­i­tivo e que, acred­i­ta­mos, não tar­dará a apre­sen­tar resultados.

O gov­erno do Maran­hão, ao menos ao que me parece, enten­deu (antes tarde que nunca), a urgên­cia em res­gatar a autori­dade do Estado, repito. Essa é uma bal­iza impor­tan­tís­sima no com­bate à vio­lên­cia, parte do pres­su­posto óbvio de que ban­dido é ban­dido e polí­cia é polí­cia. E que a segunda não pode pare­cer ou ser leniente no papel que tem pois, assim agindo, o pre­juízo é de toda a sociedade.

Não esta­mos aqui, nem de longe, defend­endo uma polí­cia vio­lenta e indifer­ente à as nor­mas legais, pelo con­trário, defend­emos cor­rege­do­rias fortes e atu­antes, que evitem, coíbam e punam quais­quer abu­sos. Entre­tanto, é urgente que respei­tando a lei, as polí­cias ajam com firmeza con­tra a crim­i­nal­i­dade. Além de urgente é necessário.

Ao meu sen­tir as medi­das imple­men­tadas pelo gov­erno do estado, ado­tadas logo no seu ini­cio cam­in­ham neste sen­tido. No sen­tido de preencher essa laguna e elim­i­nar o aban­dono que essas forças de segu­rança sen­tiam ao desem­pen­har sua missão.

As medi­das de for­t­alec­i­mento das forças poli­ci­ais, parece-​me que no total três, den­tre as quais aquela que garante a defesa do agente poli­cial. no desem­penho de suas funções reg­u­lares, pela Procuradoria-​Geral do Estado não rep­re­sen­tam, como querem seus críti­cos, “licença para matar”. Longe disso, como disse em texto ante­rior, rep­re­sen­tam uma garan­tia aos bons poli­ci­ais, aos que arriscam a vida na defesa da sociedade, esta­tuindo que não estarão soz­in­hos diante dos fatos que ocor­rerem em razão de suas ativi­dades legais.

Entendo não fazer sen­tido a inter­pre­tação de que tais medi­das teriam o condão de ofi­cializar, por parte do Estado do Maran­hão, uma poli­cia que mata antes e per­gunta depois. Os exces­sos exis­tentes dev­erão ser coibidos através de apu­ração séria por parte dos órgãos de con­t­role interno, do Min­istério Público, e coibidos a par­tir de ações judiciais.

Medida grave para a segu­rança pública tem sido as práti­cas insti­tu­cional­izadas, e ampli­adas nos últi­mos anos, em que o Estado tenta se dis­tan­ciar e se desvin­cu­lar do agente por ele incumbido de com­bater a vio­lên­cia como se não tivesse nada com isso. Essa prática, somos todos teste­munhas e víti­mas, tem se mostrado danosa, nefasta e con­tribuído para o grande números de poli­ci­ais cor­rup­tos e ali­a­dos do crime.

O gov­erno acerta em cor­ri­gir essa dis­torção e chamar para si essa respon­s­abil­i­dade. Não só por trans­mi­tir ao poli­cial a segu­rança de que ele pos­sui uma reta­guarda e que rep­re­senta o Estado quando desem­penha suas funções, como tam­bém para que o Estado saiba os proces­sos que seus agentes respon­dem e pos­sam fazer uma defesa con­sis­tente, evi­tando assim, que con­de­nações virem títu­los exec­u­tivos con­tra si sem que tenha tomado ciên­cia e ado­tado quais­quer medi­das antes.

Não temos dúvida que muito ainda pre­cisa ser feito, como treina­men­tos, como o uso da tec­nolo­gia pelas polí­cias, como o con­t­role mais per­ma­nente e efe­tivo da ativi­dade poli­cial, etc.

Entre­tanto, final­izo dizendo que, em que pese os números da vio­lên­cia no mês de janeiro terem sido bem semel­hantes aos números que se reg­is­travam até 31 de dezem­bro, acred­ito que estes mudarão ao longo do ano. É per­cep­tível uma maior dis­posição das forças de segu­rança no com­bate ao crime o que tem servido para aumen­tar a sen­sação de segu­rança da sociedade.

Isso, entre out­ras coisas, já é algo de pos­i­tivo acontecendo.

Abdon Mar­inho é advogado.