AbdonMarinho - A HORA DO MARANHÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Domingo, 28 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A HORA DO MARANHÃO.

A HORA DO MARAN­HÃO.

Por Abdon Mar­inho.

ALVÍS­SARAS Maran­hão! A tua hora chegou! É assim, entu­si­as­mado, que recebo a notí­cia da cel­e­bração do acordo Brasil-​Estados Unidos para a explo­ração com­er­cial da Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara — CLA.

Claro que um acordo entre duas nações deve ser min­u­ciosa­mente exam­i­nado, sobre­tudo, sob a ótica da sobera­nia nacional. Acabamos de eleger um Con­gresso Nacional ren­o­vado. Não são capazes de defender os inter­esses e a sobera­nia nacional?

Acred­i­ta­mos que sim e respeitada pre­missa da sobera­nia, o acordo cel­e­brado – e mais ainda os que virão –, tem uma grande relevân­cia para o nosso estado.

Não podendo nos dar ao luxo que “mim­imis” de cunho ide­ológico atra­pal­hem, ainda mais, o nosso estado.

Cri­ado em 1983, ou seja, há quase quarenta anos, o Cen­tro de Lança­men­tos de Alcân­tara – CLA, não rep­re­sen­tou mel­ho­ras (talvez o con­trário) na vida dos alcantarenses.

O municí­pio, um dos mais anti­gos do estado, com quase qua­tro­cen­tos anos, amarga indi­cadores econômi­cos e soci­ais baixos – como em todo Maran­hão.

A explo­ração com­er­cial do CLA, não ape­nas pelos Esta­dos Unidos, mas tam­bém por out­ros países, da Europa ou mesmo da Ásia, poderá mudar essa real­i­dade e trans­for­mar eco­nomi­ca­mente não ape­nas Alcân­tara – que sobre­vive graças aos repasses exter­nos rece­bidos, que rep­re­sen­tam 96,1% de sua receita, segundo o IBGE –, o seu entorno, mas a econo­mia de todo o Maranhão.

Ini­cial­mente, para que haja via­bil­i­dade desta explo­ração com­er­cial, será necessário mel­ho­rar a infraestru­tura de trans­porte para fazer chegar peças, equipa­men­tos, satélites e mesmo pes­soas ao CLA.

Isso implica numa ampli­ação do próprio cen­tro de lança­mento, do Aero­porto Cunha Machado, do Porto do Itaqui, e da infraestru­tura viária, com uma nova ponte lig­ando o Municí­pio de Bacabeira a Cajapió ou São João Batista (já que não parece viável finan­ceira­mente uma ponte marí­tima pela Baia de São Mar­cos) e a con­strução e/​ou ampli­ação, com mel­ho­ria, das rodovias, lig­ando estes municí­pios ao Municí­pio de Alcân­tara, onde está local­izado o CLA.

Além desses inves­ti­men­tos, o fluxo de pes­soas e empre­sas, no primeiro momento, para mel­ho­rar a infraestru­tura, e depois para opera­cional­iza­ção com­er­cial do CLA, impli­cará em mel­ho­ria nas rotas de fer­ry­boat, gerando mais renda para a pop­u­lação.

Todos esses inves­ti­men­tos sig­nifi­carão mais empre­gos, mais din­heiro cir­cu­lando, mais pes­soas cir­cu­lando no estado e pre­cisando de serviços, ali­men­tação, hospedagem e tan­tos out­ros serviços.

E, com tan­tas ter­ras férteis, poder­e­mos pro­duzir muito mais ali­men­tos com certeza de mer­cado garan­tido.

Ao meu sen­tir, não faz muito sen­tido as críti­cas feitas ao uso com­er­cial do CLA por amer­i­canos, rus­sos, ucra­ni­anos, france­ses, chi­ne­ses ou por mais quem queira.

A explo­ração com­er­cial do nosso cen­tro inter­essa a diver­sas nações pois, segundo os espe­cial­is­tas, o lança­mento a par­tir de Alcân­tara rep­re­senta uma econo­mia de cerca de 30% (trinta por cento) em relação a out­ras estações.

Além do inves­ti­mento estrangeiro direto de cerca de 1,5 bil­hão de dólares, outro aspecto pos­i­tivo é a trans­fer­ên­cia de tec­nolo­gia para o Brasil a par­tir destes acor­dos.

Os críti­cos ao pro­jeto do Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara – e sua explo­ração com­er­cial –, alegam pos­sível deslo­ca­mento de algu­mas comu­nidades quilom­bo­las que habitam a região com a ampli­ação do cen­tro.

Em princí­pio, não vejo isso como um prob­lema. Ainda, segundo o IBGE, a den­si­dade pop­u­la­cional de Alcân­tara é de 14 habi­tantes por km2.

Vamos com­bi­nar que baixís­sima a den­si­dade, caso haja neces­si­dade de deslo­ca­mento de algu­mas comu­nidades não fal­tarão ter­ras onde poderão ficar. Out­ras hipóte­ses para solu­cionar um impasse desta natureza é o arren­da­mento destas ter­ras e/​ou o paga­mento de roy­al­ties a estas pop­u­lações.

Em todo caso, como já feito em relação à situ­ações análo­gas, a explo­ração com­er­cial do CLA deve con­tem­plar as diver­sas com­pen­sações soci­ais, ambi­en­tais e econômi­cas aos atingi­dos pelo empreendi­mento.

Esta é uma pre­missa básica. Cabe aos gov­er­nantes brasileiros, na esfera exec­u­tiva e leg­isla­tiva, garan­ti­rem isso, que não haja pre­juí­zos aos cidadãos, mas, sim, que con­tribuam com a mel­ho­ria de suas condições de vida.

O acordo assi­nado com os EUA para uso com­er­cial do CLA, caso seja ref­er­en­dado pelo Con­gresso Nacional, é ape­nas o primeiro passo para a explo­ração das demais poten­cial­i­dades do Maranhão.

Começa-​se com a explo­ração do CLA, rep­re­sen­tando uma econo­mia de trinta por cento em relação a out­ros cen­tros e depois podemos avançar, ainda mais, com a cri­ação da Zona de Expor­tação do Maran­hão — ZEMA, atual­mente em trami­tação no Con­gresso Nacional, uti­lizando toda poten­cial­i­dade do Porto do Itaqui, um dos mel­hores do mundo e próx­imo de todos os grandes cen­tros mundi­ais, seja pelo Atlân­tico, seja pelo Pací­fico, através do Canal do Panamá, e ainda para os EUA, Méx­ico e Canadá.

Agora mesmo, o Brasil assi­nou com o Méx­ico um acordo bilat­eral elim­i­nando as bar­reiras para o fornec­i­mento de peças e veícu­los.

Por que não pro­duzir tais pro­du­tos na nossa zona de expor­tação e aproveitar o nosso porto para fazer chegar estes pro­du­tos ao Méx­ico bem mais rápido? Quanto não gan­haria a econo­mia dos dois países?

Os indi­cadores econômi­cos e soci­ais do Maran­hão não com­bi­nam com suas poten­cial­i­dades, com as suas condições geográ­fi­cas e riquezas nat­u­rais – nunca combinaram.

A mis­éria toda que assis­ti­mos no dia a dia – e com a qual não nos con­for­mamos –, é por culpa dos gov­er­nantes que não sou­beram ou não tiveram o com­pro­misso ou a com­petên­cia de ala­van­car todas as van­ta­gens que sem­pre tive­mos em relação aos demais esta­dos da fed­er­ação.

Sem­pre vive­mos sob a égide do atraso, da má gestão, da incom­petên­cia, e tan­tos out­ros males.

Chega a ser ina­cred­itável que o Maran­hão com tan­tas condições favoráveis tenha ficado para trás em relação aos demais esta­dos brasileiros, eter­na­mente nas últi­mas posições em todos os rank­ings, ora “brig­ando” com o Piauí, ora, “brig­ando” com Alagoas – e pio­rando.

Por vezes chego a pen­sar se Deus vendo que nos dotara de tan­tas van­ta­gens: a prox­im­i­dade do equador, pos­si­bil­i­tando um acesso mais rápido e econômico aos céus; canais pro­fun­dos a per­mi­tir a con­strução dos mais efi­cientes por­tos; rios com água em abundân­cia; ter­ras férteis em toda sua exten­são; min­erais diver­sos, resolveu con­tra­bal­ancear nos dando essa classe política.

Teria outra expli­cação? Deu no que deu.

Temos chance de mudar essa sina. Agora é a hora do Maran­hão. Alvíssaras!

Abdon Mar­inho é advo­gado.