AbdonMarinho - UMA CAUSA PARA UNIR E DESENVOLVER O MARANHÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Terça-​feira, 16 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

UMA CAUSA PARA UNIR E DESEN­VOLVER O MARANHÃO.

UMA CAUSA PARA UNIR E DESEN­VOLVER O MARANHÃO.

Econo­mia, para quem não viven­cia seu mundo, é sem­pre um tema árido para ser desen­volvido. Eu que can­sei de levar “bolo» na tabuada de mul­ti­plicar, sem­pre pro­curei pas­sar ao largo do assunto, por conta disso demorei tanto a me man­i­fes­tar sobre o pro­jeto do Senador Roberto Rocha (PSB/​MA) que trata da cri­ação da Zona Livre de Expor­tação de São Luís, Pro­jeto de Lei 319/​2015, que tramita no Senado Federal.

Após ler e reler o pro­jeto algu­mas vezes – para entendê-​lo – me con­venci da sua importân­cia para o desen­volvi­mento do Maranhão.

Durante décadas os gov­er­nos se ocu­param de fomen­tar a for­mação de enclaves econômi­cos no nosso ter­ritório – ilhas de pros­peri­dade econômica – em meio a mis­éria gri­tante no seu entorno.

Exem­p­los clás­si­cos são a Vale, o con­sór­cio ALUMAR e até o Porto do Itaqui. Nunca entendi a razão dos gov­er­nos brasileiros não terem exigido ou incen­ti­vado o surg­i­mento de empre­sas para o ben­e­fi­ci­a­mento, em ter­ritório brasileiro (maran­hense), do minério de ferro, do alumínio ou, ainda, que o porto não fosse um mero expor­ta­dor de pro­du­tos primários.

Ape­nas para ficar nestes exem­p­los, expor­ta­mos mil­hões de toneladas em minérios e depois read­qui­r­i­mos os pro­du­tos feitos a par­tir deles (minérios) por um valor bem superior.

Noutras palavras: vendemos barato, ger­amos empre­gos noutras ter­ras e adqui­r­i­mos os pro­du­tos da matéria prima que expor­ta­mos, bem mais caro.

Vamos com­bi­nar que não pre­cisa ser econ­o­mista para perce­ber que esta equação está equivocada.

Não é aceitável que tanto minério seja expor­tado a par­tir do nosso porto, por empre­sas aqui sedi­adas, e aqui, na ilha, não tenha uma fábrica de prego, para­fuso ou, até mesmo, de caçarola ou de penico.

Este equiv­oco cria uma dis­torção econômica absurda: temos um estado rico, com um PIB ele­vado (acho que o segundo do nordeste) e um povo extrema­mente pobre, ocu­pado os últi­mos lugares em qual­quer indi­cador social.

Isso é algo sério, tão sério que, caso esses enclaves econômi­cos deix­as­sem de exi­s­tir amanhã, pouco ou nada afe­taria a vida do cidadão comum maranhense.

Uma prova disso é que a ALUMAR reduziu dras­ti­ca­mente suas oper­ações e se falava em demis­sões de quin­hen­tas ou seis­cen­tas pes­soas, não afe­tando a econo­mia do estado como um todo.

Nos trinta e mais anos que aqui estão não enraizaram nada na econo­mia local.

Caso o pro­jeto do senador maran­hense vire real­i­dade, estare­mos diante da pos­si­bil­i­dade de mudar­mos a econo­mia – não ape­nas da ilha, mas de todo o Maran­hão –, de pata­mar. Algo para ser orçado em bil­hões de dólares.

Acred­ito que pelas condições priv­i­le­giadas da Ilha – posi­cionada estrate­gi­ca­mente próx­ima da Europa e do Canal do Panamá e com um dos mais pro­fun­dos por­tos do mundo –, muitas empre­sas, nacionais e estrangeiras, se inter­es­sarão em vir insta­lar suas plan­tas aqui e desen­volver pro­du­tos des­ti­na­dos à expor­tação, aproveitando-​se dos incen­tivos pro­pos­tos no projeto.

Ora, num primeiro momento, esta­mos falando numa val­oriza­ção bru­tal das pro­priedades de toda a ilha e, já num segundo momento, de mil­hares de empre­gos para a pop­u­lação brasileira (e maran­henses) nes­tas empre­sas. Só estes dois itens, a val­oriza­ção imo­bil­iária e os empre­gos ofer­e­ci­dos, são capazes de trans­for­mar a econo­mia da ilha e do estado.

A Zona Livre de Expor­tação de São Luís, caso vire real­i­dade, per­mi­tirá que diver­sos itens da pro­dução maran­hense (e de out­ros esta­dos) sejam ben­e­fi­ci­a­dos na ilha para serem expor­ta­dos para out­ros países. A soja que sai hoje «in natura», por exem­plo, já sairá pelo porto, como óleos, como ração ani­mal, gerando emprego e agre­gando maior valor ao pro­duto final. O mesmo pode acon­te­cer com os diver­sos pro­du­tos ori­un­dos do minério, já podem sair daqui ao invés de lin­gotes, como caçarola, como prego, como rodas de veícu­los, como tril­hos para fer­rovias, como peças diver­sas para a indús­tria ao redor do mundo. Até o uru­cum que cresce, sem que ninguém cuide, em qual­quer mon­turo, poderá/​deverá ser proces­sado e expor­tado em for­mato de condi­men­tos, tin­tas, óleos, resinas, etc.

Emb­ora o pro­jeto já alcance toda a ilha de São Luís, per­mite, que através de decreto pres­i­den­cial, a zona de expor­tação alcance out­ros municí­pios, como é o caso de Bacabeira, onde já temos uma grande área já no ponto de insta­lar diver­sas indús­trias. Noutra quadra, tam­bém per­mite que a pro­dução seja com­er­cial­izada no ter­ritório nacional, desde que sem isenção e incen­tivos, com­petindo, em pé de igual­dade, com as demais indús­trias nacionais.

Por outro lado, como se trata de uma zona de expor­tação, não con­cor­rerá com a Zona Franca de Manaus.

Claro que qual­quer boa ideia sem­pre pode e deve ser mel­ho­rada. Esta da Zona Livre de Expor­tação de São Luís, não pode e não deve ser difer­ente. Deve­mos obser­var as questões ambi­en­tais, o frágil ecos­sis­tema da ilha, evi­tando que em nome da ativi­dade econômica se despreze todo o resto, seja na ilha seja no con­ti­nente. Desen­volvi­mento e sobre­vivên­cia não são coisas antagônicas.

Feitas estas ressal­vas, estou con­ven­cido que a cri­ação da Zona Livre de Expor­tação de São Luís, trará enormes bene­fí­cios e riquezas para o estado e para nossa pop­u­lação. Aca­bando, de vez, com o per­verso para­doxo do estado rico, povo pobre e sendo uma opor­tu­nidade de ten­tar­mos virar essa página da história do Maran­hão em que só se dis­cute mis­éria, pobreza, vio­lên­cia e out­ros absur­dos antinaturais.

Acho que esta é uma ban­deira, uma causa, que deva unir todos os maran­henses – sobre­tudo os da ilha –, esque­cendo, ainda por um momento, em nome de um inter­esse maior, as enormes divisões em torno de pro­je­tos pes­soais ou de cunho ideológico.

Pou­cas vezes o Brasil exper­i­men­tou uma crise nos níveis da que esta­mos vivendo hoje. A econo­mia como um todo sofrendo muito, a econo­mia que gira em torno do Estado sofrendo mais ainda.

A crise é tamanha que outro dia li uma matéria em que autori­dades do gov­erno estad­ual recla­mavam de uma redução de 16 mil­hões de reais numa das parce­las do Fundo de Par­tic­i­pação dos Esta­dos. Emb­ora para um cidadão pareça e seja muito, para o estado não dev­e­ria pare­cer tão grave a ponto de virar notícia.

Isso mostra o quanto a nossa econo­mia foi condi­cionada à dependên­cia. O estado depen­dente de repasses de fun­dos, os municí­pios sobre­vivendo graças a isso, e mal con­seguindo admin­is­trar e pagar a folha de pes­soal. As empre­sas, por sua vez, depen­dendo das migal­has de ambos, com as hon­radas exceções que sem­pre existem.

Entendo que é hora do Maran­hão se valer de suas condições priv­i­le­giadas, solo fér­til, clima estável, duas grandes fer­rovias, um porto numa local­iza­ção que o torna um dos mais impor­tantes do mundo e sair de vez do mod­elo de econo­mia de dependência.

A cri­ação da Zona Livre de Expor­tação de São Luís é uma formidável opor­tu­nidade para trans­for­mar­mos nos­sas poten­cial­i­dades e resul­ta­dos práti­cos para todos. Não podemos deixar que passé.

Os gov­er­nantes, políti­cos, enti­dades, a sociedade de uma forma geral, pre­cisam se mobi­lizar em torno desta e de out­ras ini­cia­ti­vas de inter­esse comum.

É o que acho.

Abdon Mar­inho é advogado.