AbdonMarinho - CINISMO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 18 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

CINISMO.

CINISMO.

A pres­i­dente Dilma Rouss­eff aparece ao lado dos gov­er­nadores que apoiam o gov­erno. A gov­er­nanta os recebe para jan­tar com o propósito de torná-​los sócios na estraté­gia de apun­halar a sociedade brasileira.

Den­tre as medi­das de ajustes para equi­li­brar as con­tas do gov­erno, foi anun­ci­ada a pro­posta de recri­ação da Con­tribuição Pro­visória sobre Movi­men­tação Finan­ceira — CPMF, segundo infor­mam, com prazo preesta­b­ele­cido de qua­tro anos (imag­inem se fosse per­ma­nente). Infor­mam, ainda, que o pro­duto da arrecadação destina-​se, exclu­si­va­mente, a pagar aposen­ta­do­rias e pensões.

A pre­visão de arrecadação é de 32 bil­hões de reais, com a alíquota de 0,20% (zero vír­gula vinte por cento). Como já se tornou tradição, colo­cam a culpa nos vel­hin­hos, nas viú­vas, nos que pre­cisam, para jus­ti­ficar a cri­ação de uma taxa em efeito cas­cata sobre qual­quer movi­men­tação finan­ceira que faze­mos. Se trans­ferir­mos mil reais para um irmão, sobre esta movi­men­tação, o gov­erno «tunga» seu per­centual; se esse irmão uti­liza esse din­heiro para pagar uma conta, o gov­erno fica com seu pedaço, e assim, sucessivamente.

Parece insignif­i­cante. Não é. O gov­erno no fim das con­tas acaba por trib­u­tar esse mesmo recurso infinitamente.

O gov­erno sabe que é difí­cil con­seguir a aprovação desta medida. O que faz? Escala os gov­er­nadores – a maio­ria com seus esta­dos pas­sando por difi­cul­dades –, para ajudá-​lo con­ven­cendo as ban­cadas estad­u­ais a votarem a matéria de inter­esse do executivo.

Aí entra, mais uma vez a chan­tagem às cus­tas dos con­tribuintes. Caso topem aju­dar o gov­erno, a alíquota pre­vista de 0,20%, pas­sará para 0,38%, os 0,18% será repas­sa­dos aos gov­er­nadores dos esta­dos para equi­li­brarem suas finanças.

Não só a alíquota, como a arrecadação, prati­ca­mente, dobram. Mais uma vez, às cus­tas dos con­tribuintes, que já pagam umas das maiores car­gas trib­utárias do mundo, sem ter qual­quer con­tra­partida em serviços públi­cos. Se quis­er­mos estu­dar, temos que pagar mel­hores esco­las, se pre­cisamos de atendi­mento médico, temos que custear planos de saúde.

Nos­sos impos­tos só servem mesmo para sus­ten­tar os des­man­dos de gov­er­nos perdulários.

Ao acionar os gov­er­nadores para uma ação orquestrada con­tra a pop­u­lação, podemos dizer que esta­mos diante do crime de quadrilha. Quem, difer­ente de quadrilhas, tra­bal­ham jun­tos e depois divi­dem o butim?

A questão da CPMF é ape­nas uma pequena amostra do suposto ajuste prometido pelo gov­erno para equi­li­brar as finanças públi­cas que esfarelou dev­ido à incom­petên­cia geren­cial da gestão.

Tanto a pres­i­dente Dilma Rouss­eff quanto seu ante­ces­sor, mais pre­ocu­pa­dos com seus pro­je­tos políti­cos que com o des­tino do Brasil «cavaram» a conta que agora ten­tam espetar em nós contribuintes.

Um estudo, ainda que super­fi­cial do tal ajuste, mostra que o grosso da conta quem a pagará, mais uma vez, é a sociedade.

A maior parte da conta será paga através da famiger­ada CPMF.

Mas pagará, tam­bém, com o corte nos pro­gra­mas soci­ais; o corte na saúde; o corte na edu­cação, etc.

O gov­erno, nem de longe, cogita reduzir, para um pata­mar razoável, a máquina pública. O corte de uns poucos min­istérios, meia dúzia de car­gos comis­sion­a­dos, rep­re­sen­tarão ape­nas uma econo­mia de 200 mil­hões. Nada, diante dos cus­tos que ten­tam impor a sociedade.

A bola de todas as vezes para pagar conta dos seus abu­sos e desac­er­tos, será minha, sua, nossa.

As mil­hares de «boquin­has» dos par­tidos ali­a­dos con­tin­uam, prati­ca­mente, intocáveis. A cor­rupção con­tinua sendo tratada por este gov­erno como mérito.

Ai, apare­cem ao público como se estivessem fazendo grande coisa quando na ver­dade, estão tirando dos mais pobres para con­tin­uar a sus­ten­tar uma máquina pública mas­todôn­tica e o tal ajuste é uma conta empurrada para toda a sociedade pagar.

Não bas­tasse colo­car toda a conta no pun­hal cravado na costa do cidadão, fazem isso depois que o tornou mais pobre. Esperou a inflação subir, o dólar dis­parar, os juros ficarem nas alturas, o país perder o grau de inves­ti­mento, para apre­sentarem a solução para o prob­lema cri­ado, em todos os sen­ti­dos, por eles próprios.

Ora, se sabiam que tin­ham que ajus­tar as con­tas, ainda que colocando-​a para os de sem­pre pagar, por que não fiz­eram isso antes? Por que esperar a situ­ação chegar onde chegou?

Este é o gov­erno da ver­gonha. Não sabiam de tudo isso? Além de incom­petên­cia pade­cem da asnice?

Cíni­cos. Isso é o que são.

Abdon Mar­inho é advogado.