AbdonMarinho - A CAUSA DA LIBERDADE.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 18 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A CAUSA DA LIBERDADE.

A CAUSA DA LIBERDADE.

QUEM pretender-​se livre, não tem que está preparando para uma batalha. Pre­cisa está pronto para uma guerra diária. A frase não parece muito orig­i­nal, mas é minha.

Mesmo a liber­dade de expressão, a mais comez­inha das liber­dades, sofre todo tipo de retal­i­ação dos donos do poder, até mesmo daque­les eleitos enver­gando a a ban­deira da liber­dade, da tol­erân­cia e dos direitos.

Logo ela — talvez deva­mos dizer: mesmo ela –, que encontra-​se sob o alber­gue con­sti­tu­cional: «IV — é livre a man­i­fes­tação do pen­sa­mento, sendo vedado o anon­i­mato;” sofre vio­lenta reprimenda.

Os donatários do poder – até mesmo os mais ilustra­dos –, ao chegarem ao poder, entendem-​se pre­des­ti­na­dos por her­ança div­ina e, por isso mesmo, insuscetíveis de quais­quer ques­tion­a­men­tos e críticas.

Nas suas tolas elu­cubrações imag­i­nam que qual­quer um que ouse apontar-​lhe os erros é um inimigo em poten­cial ou está a serviço de causa diversa da sua.

Como os ami­gos devem ter tomado con­hec­i­mento, por estes dias vi-​me, invol­un­tari­a­mente, envolvido numa polêmica desta natureza. Falo do texto “O Gov­er­nador e o Con­de­nado: O Con­vescote do Absurdo”, que você encon­tra aqui mesmo neste site.

O texto, depois da polêmica, bem mere­cia o título de “O Con­vescote da Discórdia”.

A inter­pre­tação dada ao texto, sobre­tudo, a reação vir­u­lenta dos mem­bros do gov­erno e de seus adu­ladores rev­e­lam bem a intol­erân­cia dos mes­mos em relação à liber­dade de expressão, bem como, uma leitura desconec­tada da real­i­dade, con­forme demostrarei a seguir, fazendo isso por amor à ver­dade e ao debate e não para me jus­ti­ficar diante de ninguém, pois como dizia meu velho pai: «O que está errado é da conta de todo mundo”. Ou, noutras palavras: Cala a boca já mor­reu, quem manda na minha boca sou eu.

Entre­tanto é impor­tante recom­por a nar­ra­tiva de sorte a garan­tir mel­hor clareza daque­les que pegaram o «bonde andando» ou que se man­i­fes­taram ape­nas no afã de adu­lar ou fazer o serviço sujo.

O primeiro con­hec­i­mento que tive sobre a pro­gra­mação da visita do ex-​presidente Lula ao Maran­hão foi através de uma matéria de “O Impar­cial”, de quinta ou sexta-​feira. Li-​a e entendi que a pro­gra­mação era inad­e­quada e, mesmo, que pode­ria con­fig­u­rar impro­bidade admin­is­tra­tiva e/​ou out­ros ilícitos.

Assim, na manhã de domingo escrevi e externei minha opinião sobre os fatos, rogando para que não fizessem o que era infor­mado na pro­gra­mação. Aler­tando para os riscos que cor­ria o próprio gov­er­nador que, segundo dizem, será candidato.

Ora, isso tudo, no domingo, quando a dita car­a­vana do ex-​presidente ainda estava no Piauí.

Logo, difer­ente do afir­maram os detra­tores, o texto teve mais a intenção de aux­il­iar o gov­erno que fustigá-​lo.

Se assim não o fosse teria escrito o texto depois do encer­ra­mento da car­a­vana e não antes.

Pela lóg­ica tor­tu­osas destes valentes, se você viaja por uma estrada e alguém o avisa de um pre­cipí­cio, e, ainda assim, você insiste no cam­inho e caí no infortúnio, a culpa é de quem o avisou.

Vai enten­der essa turma, né?

Quero acred­i­tar que só tomaram con­hec­i­mento do que escrevi na terça-​feira, quando a opinião que escrevi e publiquei nas redes soci­ais e no meu site, no domingo, foi divul­gada pelo jor­nal O Estado do Maranhão.

Um amigo até chegou a sug­erir que só desco­bri­ram o sig­nifi­cado de con­vescote na terça-​feira, mas não acreditei.

Aí foi um pan­demônio, como se tivesse dito qual­quer coisa demais. Além do que era ape­nas minha opinião. A opinião de alguém que não é “nada”, “ninguém”, só um cidadão.

Será que acharam con­ve­niente a recepção feita em palá­cio ao cidadão cujo o sta­tus é con­de­nado? O comí­cio, com música de cam­panha, ban­deiras, palavras de ordens e ataques as insti­tu­ições da República com a Polí­cia Fed­eral, Min­istério Público e a própria Justiça?

Pois é, não só não ouvi­ram os con­sel­hos que lhes dei “de graça”, como soube, deram um “plus» na lou­cura. Tomei con­hec­i­mento que fiz­eram a trans­mis­são do comí­cio “ao vivo” pela emis­sora de rádio ofi­cial do estado, a Rádio Tim­bi­ras. Inclu­sive, recebi a pro­pa­ganda pelo What­sApp e depois li que come­teram o desatino.

A ini­cia­tiva fez com que o Maran­hão entrasse para o seleto grupo dos lugares onde comí­cios são trans­mi­ti­dos através das emis­so­ras ofi­ci­ais (fora do período de cam­panha), os out­ros (mais con­heci­dos, pelo menos) são: Cor­eia do Norte, Cuba e Venezuela.

Não con­sigo com­preen­der, pes­soas tão estu­dadas, tão inteligentes – o gov­er­nador mesmo foi aprova­dos em primeiro lugar em diver­sos con­cur­sos –, acharem cor­reto esse tipo de coisa. Não ape­nas não é cor­reto. Chaga a ser medieval que os inter­esses do gov­er­nante se con­funda com os inter­esses do Estado.

O pior é que essa não foi a primeira vez que usaram uma estru­tura de patrul­hamento con­tra qual­quer um que ousa diver­gir do governo.

Outro dia fiz uma analo­gia crit­i­cando o quando achava prim­i­tivo o fato de, em pleno século 21, faz­erem pros­elit­ismo político na con­cessão de dire­itos bási­cos dos cidadãos. No caso, com­par­ava o ex-​secretário Ricardo Murad que pas­sou “em revista” carro-​pipas numa crise de abastec­i­mento, na cap­i­tal e o atual gov­er­nador aplaudindo um poço arte­siano, em Santo Amaro.

Não crit­i­cava o poço ou os carro-​pipas – que sabe­mos ser uma neces­si­dade pre­mente da sociedade –, e sim o fato disso ainda acon­te­cer. Crit­i­cava o fato de ser­mos um estado tão car­ente, a ponto do próprio gov­er­nador, em pes­soa, aplaudir a inau­gu­ração de um poço.

A mim, pelo menos, soa como se estivesse aplaudindo a nossa própria des­graça. Mas acham nor­mal. Vi que fes­te­jaram, com bolo e tudo mais, que um hos­pi­tal do inte­rior tenha reg­istrado mil atendimentos/​dia. Isso é bom? Ter­mos mil pes­soas sendo atendidas/​dia numa unidade de saúde? Não seria mel­hor que as pes­soas não pre­cisas­sem de atendimento?

Até parece o Maran­hão virou uma grande Sucu­pira do Norte (a fic­tí­cia) onde o prefeito Odorico Paraguaçu «tor­cia» por um morto para inau­gu­rar o cemitério.

O per­tur­bador não é nem esse pen­sa­mento tor­tu­oso. O que per­turba é par­tirem para o ataque con­tra quem ousa apon­tar o quanto é tor­tu­oso esse modo de pensar.

Na atual quadra, no Maran­hão, não se pode pen­sar diferente?

O pior é que não enfrentam os argu­men­tos da divergên­cia optam pela desqual­i­fi­cação dos críti­cos. E aí, descon­hecem quais­quer regras de boas maneiras e partem para a ten­ta­tiva da ofensa pes­soal. Assim, acham-​se no dire­ito de atacarem minha defi­ciên­cia física. Ora, sou defi­ciente, e daí? (esse, aliás, é o título de um dos meus tex­tos). Ao ex-​deputado Joaquim Haickel chamam-​o de gordo, e por aí vai.

E isso, vem de longe. Lem­bro que, ainda em 2012, fui ata­cado pela malta intol­er­ante por uma entre­vista que dei em um blogue onde dizia alguma coisa que não gostaram (escrevi sobre isso o texto “Onde estavam?”); depois em 2013, vieram com a acusação recor­rente: seria eu um Sar­ne­y­sista. Adoro essa. Logo eu que já escrevi e tomei tan­tas medi­das con­tra o grupo Sar­ney (escrevi sobre isso no texto “Sar­ne­y­sista, eu?”).

Já escrevi diver­sas vezes sobre essa tendên­cia autoritária do atual gov­erno. Logo eles que sem­pre dis­seram vestir o manto da liber­dade, da tol­erân­cia, do politi­ca­mente cor­reto, partem para o ataque à primeira opinião diver­gente. Pior, não con­tra a opinião, con­tra o opinante.

Emb­ora já tendo me habit­u­ado a estes sur­tos stal­in­istas, assisto, com per­plex­i­dade, os ataques, inclu­sive de cunho pes­soal dis­pen­sa­dos ao pro­pri­etário de um insti­tuto de pesquisa, cuja a empresa fez uma con­sulta pop­u­lar onde o resul­tado desagradou ao governo.

Chega a ser curioso – e patético – que, mais que con­frontarem os resul­ta­dos, ata­cam de forma impiedosa, através dos diver­sos meios que pos­suem, o dono da empresa. Uma coisa hor­ro­rosa, cruel. Logo mais matarão o carteiro quando não gostarem do con­teúdo da missiva.

Alto lá, cama­radas! O Maran­hão não pos­sui Gulag. Ainda.

Abdon Mar­inho é advogado.