AbdonMarinho - A HORA DE ESCOLHER ENTRE DILMA E O BRASIL.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Terça-​feira, 16 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A HORA DE ESCOL­HER ENTRE DILMA E O BRASIL.

A HORA DE ESCOL­HER ENTRE DILMA E O BRASIL.

A INCURÁVEL inabil­i­dade da sen­hora Dilma Rouss­eff, dos seus ali­a­dos e adu­ladores, talvez seja a maior cau­sadora do desas­tre que é o seu gov­erno e que faz san­grar a nação brasileira. Ficamos com a impressão que querem apa­gar incên­dio com gasolina.

Vejamos só o ocor­rido no espaço de uma sem­ana. Numa entre­vista a pres­i­dente disse que, caso superasse o pedido de impeach­ment, iria bus­car todas as forças políti­cas para um “pacto nacional”, caso isso não ocor­resse, segundo suas próprias palavras, seria “carta fora do baralho”.

A ideia do pacto nacional é uma tese que sem­pre advoguei. Acho-​o necessário para que o país comece a encon­trar seu rumo.

Pois bem, acho que não se pas­saram dois dias até a pres­i­dente, que acabara de se declarar dis­posta ao dial­ogo, gravasse um pro­grama – que sairia em rede nacional de rádio e tele­visão, mas que acabou sendo divul­gado ape­nas na inter­net –, partindo com tudo e «soltando os cachor­ros” para cima daque­les nos quais enx­erga seus inimi­gos. Mais. Tal qual fiz­eram na eleição, usou de infor­mações sabida­mente inverídi­cas con­tra todos eles. Disse que são “golpis­tas”, que querem acabar com os pro­gra­mas soci­ais e tan­tas out­ras que só ape­nas não tolas, pela gravi­dade que se reveste.

São palavras da pres­i­dente: “Peço a todos os brasileiros que não se deixem enga­nar. Vejam quem está lid­erando esse processo e o que propõem para o futuro do Brasil. Os golpis­tas ja dis­seram que, se con­seguirem usurpar o poder, será necessário impor sac­ri­fí­cios à pop­u­lação brasileira. Com que legit­im­i­dade? Querem revogar dire­itos e cor­tar pro­gra­mas soci­ais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Ameaçam até a edu­cação pública. Querem abrir mão da sobera­nia nacional, mudar o régime de par­tilha e entre­gar os recur­sos do pré-​sal às multi­na­cionais estrangeiras. Antes de tudo, o que move os golpis­tas são os nos­sos acertos.”

E foi em frente: “Para alcançar seus obje­tivos, estão dis­pos­tos a vio­len­tar a democ­ra­cia e a ras­gar a Con­sti­tu­ições, espal­hando a intol­erân­cia, o ódio e a vio­lên­cia entre nós”.

Num momento de sin­gu­lar gravi­dade como este, não dev­e­ria a pres­i­dente da República, invés de bus­car a paz, lançar mais lenha à fogueira.

Enten­dem por que não acred­ito que haja uma solução para o país com a sen­hora Dilma Rouss­eff a frente do gov­erno? Ela não sabe o que fala. Como é pos­sível, num dia, dizer que bus­cará um pacto nacional e no outro sair-​se com este tipo de palavrório?

Afi­nal, ela quer dial­ogo com quem? Com estes a quem acusa de golpis­tas? Com usurpadores do poder? Os que querem revogar os dire­itos da pop­u­lação e cor­tar os pro­gra­mas soci­ais? Com os inve­josos que não supor­tam o “sucesso” do seu governo?

A coleção de sandice chega ao ponto de chamar os defen­sores do processo con­sti­tu­cional, de sedi­ciosos, “entreguis­tas” do patrimônio nacional; inimi­gos da pátria. São acusações gravís­si­mas con­tra pes­soas tão eleitas quanto ela, tão rep­re­sen­tantes do povo quanto ela.

A própria pres­i­dente da República e seus mais próx­i­mos ali­a­dos, dizem que os defen­sores do impeach­ment espal­ham o ódio, a vio­lên­cia, a intol­erân­cia – como visto acima em seu pro­nun­ci­a­mento –, entre­tanto, o que temos visto, são eles fazendo isso.

Em pleno Palá­cio do Planalto, na pre­sença da pres­i­dente, um líder da Con­tag fez a con­vo­cação para invasão de ter­ras e pro­priedades pri­vadas. Na sexta-​feira, dia do ini­cio da dis­cussão do processo, os «braços» do Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, par­tido da pres­i­dente, inf­er­nizaram a vida dos cidadãos de bem fechando ruas, estradas e ameaçando que dias piores virão caso o resul­tado do jul­ga­mento não seja o que desejam.

Noutra frente, temos o ex-​presidente Lula – segundo dizem – nego­ciando, no sen­tido amplo da palavra, com todo e qual­quer par­la­men­tar que aceite tro­car sua con­sciên­cia por “mimos” e por out­ros argu­men­tos mais reais.

Assim como fiz­eram na cam­panha, a pres­i­dente e os seus, não querem dialogar com ninguém. O que querem é que a pop­u­lação brasileira, majori­tari­a­mente con­trária à con­tinuidade do seu gov­erno, capit­ule, aceite pas­si­va­mente os des­man­dos que vêm praticando.

Digo isso baseado nas palavras da pres­i­dente e ex-​presidente.

O sen­hor Lula disse – está pub­li­cado – em todos os meios de comu­ni­cação – que não sairá das ruas caso a pres­i­dente seja des­ti­tuída do cargo; que fará oposição do primeiro ao último dia.

Como vemos, os inter­esses pes­soais dos que estão no poder, vêm antes que os inter­esses do próprio país. Deixam isso claro quando dizem que irão para oposição raivosa – como, aliás sem­pre fizeram.

Outro dia, um gov­er­nador ali­ado da pres­i­dente, chamou os defen­sores do impeach­ment de golpis­tas e irre­spon­sáveis, e que o país não aguen­taria mais 180 dias de protestos, caos, ações judi­ci­ais, etc.

Mais uma vez a ideia de que só há solução com o atual grupo no poder. Que só se dis­põem a dialogar pelo bem do país se for em torno deles.

Entendo no sen­tido oposto. Já disse isso diver­sas out­ras vezes. A rejeição do impeach­ment só trará mais insta­bil­i­dade ao país. A pres­i­dente não reúné quais­quer das condições necessárias ao exer­cí­cio da gov­er­nança e o Brasil não aguen­tará por mais dois anos e meio um gov­erno que só aponte para o caos, sobre­tudo depois dos acor­dos que dizem estarem fazendo para se man­terem no poder.

As con­tas são fáceis de serem feitas.

O gov­erno hoje não reúné apoio de nem um terço do con­gresso nacional – tanto que nem lutam para con­seguirem 170 par­la­mentares para votar com o gov­erno, mas sim tra­bal­ham para con­seguirem que fal­tem a sessão, adoeçam, mor­ram no dia da votação –, todo o setor pro­du­tivo do país, indus­tria, comér­cio, agri­cul­tura e serviços e mais de setenta por cento da pop­u­lação con­tra o governo.

Será que imag­i­nam que uma even­tual reprovação do impeach­ment, ainda mais con­seguida nestes moldes, dará ao gov­erno a capaci­dade – que nunca pos­suíram – de gov­ernar o país? Que os mil­hões de desem­pre­ga­dos, num passé de mág­ica, voltarão a ter emprego?

Outro dia fiquei abal­ado com o depoi­mento de um empresário que reflete bem – e tris­te­mente – o momento atual. Ele dizia que teve que demi­tir inúmeros servi­dores da sua empresa por conta crise. E, indo ao super­me­r­cado, encon­trou um dos ex-​empregados pedindo esmo­las na porta.

Esta é a situ­ação do Brasil real. Não faz muito, um amigo me infor­mou que teria que demi­tir mais de vinte empre­ga­dos de sua pequena empresa e que só não fiz­era isso ainda por não ter condições de pagar as indenizações.

Como disse, a pres­i­dente e os seus, são pes­soas que não sabem o que dizem. Não se dão conta do caos que ger­aram e con­tin­uam querendo o poder pelo poder, ainda que seja sac­ri­f­i­cando ainda mais o país. Com má-​fé con­tin­uam ten­tando desin­for­mar e a enga­nar a pop­u­lação, prin­ci­pal­mente, as pes­soas menos esclarecidas.

O Brasil, repito, não tem como aguen­tar mais dois anos e meio deste gov­erno. Podemos aguen­tar até seis meses de processo de impeach­ment com a per­spec­ti­vas que saiam.

O Câmara dos Dep­uta­dos e depois o Senado da República têm a respon­s­abil­i­dade de escol­herem entre a pres­i­dente que aí está e o Brasil.

Abdon Mar­inho é advogado.