AbdonMarinho - A HORA É DE PENSAR NO BRASIL.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Terça-​feira, 16 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A HORA É DE PEN­SAR NO BRASIL.

A HORA É DE PEN­SAR NO BRASIL.

ALGUÉM con­segue pen­sar no que aguarda o Brasil e os brasileiros no seguinte ao impeach­ment da pres­i­dente Dilma Rousseff?

Vamos supor que o con­sór­cio Lula/​Dilma nego­ciando o país com o que há de pior na política brasileira, nas palavras deles mes­mos: fazer o «diabo» para se man­terem no poder, con­sigam impedir que 342 dep­uta­dos votem pelo impeach­ment da presidente.

Beleza após uma noite de rojões e festa no palá­cio da Alvo­rada, o dia seguinte se impõe e com ele a respon­s­abil­i­dade de gov­ernar. É aí que reside o prob­lema: o gov­erno já perdeu – ou nunca teve, neste mandato –, tal capacidade.

A vitória do con­sór­cio gov­ernista vai pio­rar – e muito – a já com­bal­ida econo­mia do país, que hoje rep­re­senta muito pouco no cenário mundial.

A crise que enfrenta­mos é, sobre­tudo, de cred­i­bil­i­dade. Basta dizer que quanto pior a situ­ação do gov­erno mel­hor a econo­mia reage. Há duas sem­anas, em oito pági­nas de uma das mais con­ceitu­adas revis­tas do Brasil, mil­hares de empre­sas assi­naram um man­i­festo pelo impeach­ment da pres­i­dente, por último a Con­fed­er­ação Nacional do Trans­porte (CNT) que reúné cerca de 200 mil empre­sas fez o mesmo.

Antes dela foi a Con­fed­er­ação Nacional da Agri­cul­tura (CNA) que reúné um dos poucos setores que ainda não sen­tiu, na sua total­i­dade, os efeitos da crise a recomen­dar aos rep­re­sen­tantes que votassem con­tra a pres­i­dente. Fez isso depois de mais uma manobra desastrada do gov­erno em per­mi­tir que um rep­re­sen­tante da Con­fed­er­ação Nacional do Tra­bal­hadores da Agri­cul­tura (CONTAG0, ameaçasse o país com invasões das pro­priedades pro­du­ti­vas na even­tu­al­i­dade dos par­la­mentares aprovassem o imped­i­mento. O tal rep­re­sen­tante fez a ameaça den­tro do Palá­cio do Planalto na pre­sença da pres­i­dente, que longe de repreendê-​lo fez foi assen­tir com a bra­vata. Quase todos os dias fazem comí­cios no palá­cio onde a tônica é a agressão e destem­pero ver­bal con­tra todos os cidadãos, que den­tro do seu dire­ito de man­i­fes­tação, pedem o imped­i­mento da pres­i­dente. Cada um usando lin­guagem mais beli­cosa que o outro. E todos con­tando com aplau­sos da presidente.

Ora, só o fato de usar o palá­cio para esse tipo de coisa e assen­tir com todo tipo de lou­cura que dizem em sua frente, como man­datária da nação, já seria motivo para impedir o exer­cí­cio do cargo.

Con­fesso que em toda minha minha vida nunca teste­munhei um gov­erno tão mal asses­so­rado politi­ca­mente. Até quando ten­tam acer­tar fazem errado. Lem­bro que ainda era agosto do ano pas­sado quando sug­eri que nome­assem o ex-​presidente Lula para o Min­istério da Casa Civil para fazer a coor­de­nação do gov­erno e acabar com aquela história de que man­dava (e manda) sem ter cargo. Naquela opor­tu­nidade já se sabia que dias piores estavam por vir. Fiz­eram ouvi­dos moucos. Só agora, estando o ex-​presidente acos­sado pela Justiça, resolveram nomea-​lo, mas para fugir do alcance da lei do que para con­tribuir com o governo.

Tudo que fazem é para insu­flar os brasileiros uns con­tra os out­ros, quando pre­cisamos jus­ta­mente de paz.

Será que pen­sam que bra­vatas e ameaças mel­ho­rarão sua performance?

Não é seg­redo: defendo o impeach­ment. Fomos colo­ca­dos na con­tingên­cia de escol­her entre este gov­erno e o país. Escolho o Brasil.

O processo de impeach­ment nos regimes pres­i­den­cial­ista é sem­pre traumático, basta ver o tempo que temos per­dido nes­tas dis­cussões. O mel­hor seria que a pres­i­dente, recon­hecendo sua inca­paci­dade de reunir os apoios necessários para con­tin­uar à frente dos des­ti­nos do Brasil, já tivesse renun­ci­ado ao invés de pro­lon­gar uma ago­nia que só prej­u­dica a todos.

Soube que outro dia o ex-​presidente Lula teria declar­ado que este gov­erno só cairia «de podre». Pois bem, este gov­erno já apo­dreceu antes mesmo de ser eleito. Gan­hou com através da men­tira deslavada, dizendo jus­ta­mente o oposto do que teria que fazer. Mais: colo­cando na conta dos adver­sários as medi­das que teriam que adotar.

As palavras do ex-​presidente, o com­por­ta­mento da atual man­datária, rev­e­lam uma falta de pos­tura com­patível com cargo de quem esper­amos que apon­tem um rumo para a nação. Tudo que fazem, ainda que seja a venda da nação, tem o claro propósito de man­ter o poder, que tornou-​se, como já disse noutra opor­tu­nidade, um fim em si, não há uma pre­ocu­pação com os maiores sofre­dores com a crise que ger­aram: o povo.

O povo brasileiro é o patrão do gov­erno – e de todos os servi­dores públi­cos –, ape­sar disso não tem o respeito que se deve dis­pen­sar a qual­quer um, ainda mais mere­cida àquele que paga a conta.

O mais grave de tudo é que temos um gov­erno inca­paz de fazer uma autocrítica. Agem como se estivessem certo. Como fiz­eram certo se o país teve decréscimo de quase 10% do PIB? Se mil­hões de brasileiros estão no desem­pre­ga­dos? Se mais de trezen­tas mil empre­sas foram fechadas?

Todos os demais indi­cadores são neg­a­tivos. Ficamos só nestes.

Ora, se são inca­pazes de recon­hecer que erraram – e erram – na con­dução do país, como irão resolver os prob­le­mas do país diante de dados tão desfavoráveis?

Vamos adi­ante. Quan­tas não foram às vezes que o gov­erno teve a chance e opor­tu­nidade de recon­hecer seus erros e ten­tar um pacto nacional para solu­cionar os prob­le­mas do país? Inúmeras. Nunca quis­eram resolver os prob­le­mas da nação, sem­pre preferi­ram o cam­inho do engodo, da enganação. Preferi­ram fazer as piores escol­has. Preferi­ram espo­liar a nação. Preferi­ram negar a esper­ança ao povo.

A solução con­sti­tu­cional que sobrou ao país é o imped­i­mento do gov­erno. O atual não tem condições para per­manecer. Esta é a real­i­dade. A hora é de pen­sar no Brasil.

Abdon Mar­inho é advogado.